the room

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- alice no país das maravilhas. Ainda acho que ela não era louca. - fechei o livro sobre meu colo. Estava sentada na cama. - afinal, ela é quase minha xará.
- se você diz. -uma voz rouca veio do meu lado.
- e você quem é? - a fitei. Na cama do lado daquele quarto todo cinza e branco, estava sentada uma menina linda. Ela usava shorts branco e moletom cinza, mas meias amarelas, que destacavam de tudo ali. Senti uma pontada de inveja e admiração da boca desenhada, os olhos levemente asiáticos e o cabelo negro e liso.
-o amor da sua vida? -ela sorriu com deboche - esqueceu outra vez, Alicia? Eu sou a Débora, sua colega de quarto.
- o que houve com a Marc...
- shh. Combinamos não falar da Marcela. Ela... foi embora semana passada.
Parei para pensar um pouco. Sentia como se parte de mim tivesse sido apagada. Eu não parecia lembrar de nada.
- não se preocupa. Você vai lembrando. O efeito do remédio passa - ela me disse com um sorriso confortante, mas o que me intrigava era que ela parecia ler a minha mente.
Nossa atenção foi desviada para a porta do quarto, de onde vinham batidas e uma voz abafada.
- Alicia, aqui é o Dr. Fridd. Eu posso entrar?
-ih, lá vem! Eu não to a fim de encarar esse mala, então vou para o banheiro, tá? - ela desceu da cama e saltitou ao banheiro, onde fechou a porta.
Eu tinha uma vaga lembrança desse Dr. Fridd. Seu nome parecia com aquele cara, Freud, mas é como se alguém tivesse engolido o O ao sonorizar.
- pode entrar... - respondi e ouvi a porta destrancar. Ele entrou acompanhado de dois enfermeiros. Eu o reconheci pela careca, os oculos pequenos, a boca fina e séria debaixo de uma barba baixa e grisalha de pelos louros.
- posso me sentar? - ele puxou a cadeira da escrivaninha, e eu assenti, vendo-o sentar a minha frente. -vamos com calma,certo? Sabe quem eu sou?
-Dr. Fridd. Está no seu jaleco.
-certo. Verdade. Bom. Você sabe quem você é? Quantos anos tem?
- Alicia Coello, 17.
- e onde mora?
Senti meus olhos vaguearem o quarto sem realmente enxergar. Era como se meu cérebro tentasse buscar uma memória e precisasse fazer a coisa funcionar movendo os olhos.
- aqui, talvez?
- bom. Não deixa de ser uma resposta certa - ele sorriu e anotou algo - e onde é aqui?
Dei de ombros.
- sabe por que está aqui, não sabe?
- porque eles acham que você é louca -  Debora gritou do banheiro. Ele permanesceu sério, impassível, me olhando. O silêncio pairava, e ele acrescentou.
- você está... doente. E estamos aqui para te ajudar.
- onde estão meus pais?
Ele arregalou os olhos e anotou algo.
- seus pais não podem te ver ainda. Até que você melhore. O que sabe me dizer sobre eles?
- minha mãe... ela se chama Marilia. E meu pai Anderson. Mãe tem... 33 anos. E meu pai - a minha cabeça veio a cena de um caixão, as pessoas chorando. Senti meu peito apertar - meu pai morreu, não morreu?
Dr. Fridd anotava e me olhou por cima dos óculos, e eu sabia aquilo ser uma confirmação.
- e agora tem... tem esse tal de Javier. - um arrepio de nojo subiu pelo meu corpo e senti ânsia de vômito ao lembrar daquele homem.
-o que pode me falar dele?
-nada.
-tem certeza?
Débora gritou outra vez do banheiro:
- deixa ela em paz! Caramba!
Eles continuavam impassíveis. Pareciam ter sido treinados a focar em um paciente só. O Dr suspirou:
- acho que já foi o bastante por hoje. Você está melhorando,Alicia. Logo vai poder sair daqui.
- MENTIRA - Débora urrava em ódio.
Ele apenas ajeitou os óculos, juntou as coisas e saiu.
Assim que o trio fechou a porta, Débora saiu do banheiro:
-você não acredita nele, né? Eles acham que você é louca. Não vão te tirar daqui. A propósito. Você precisa me contar sobre esse tal Javier.
A fitei e senti o corpo gelar. Minha cabeça girou em memórias horriveis.

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E aí galera tudo certo?
Eu estou bem ansiosa para continuar essa historia haha
Vocês já imaginam o que Javier pode ter feito?
Será que Alicia recupera todas as memórias logo?
Dr. Fridd vai cumprir a palavra?

Acompanhem

Beijos na bunda

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