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A semana seguinte foi dolorosa para mim. Eu parei de tomar os remédios, mas para isso, tinha que fazer igual criança: escondia debaixo da lingua e depois cuspia todos no banheiro.
Apesar disso, comecei a sentir muito mais disposição, mais energia. As vezes eu brigava com Débora mas ficavamos bem logo. Ela só desaparecia pelo manicomio ate ficar tudo bem.
Dr. Fridd vinha me ver todo dia, e anotava  todo animado o quanto minha memória melhorava.

Foi aí que aconteceu o dia.
Deixei minha mala preparada na beira da porta, e esperei o horário costumeiro do café da manhã.
Meus nervos deixavam meus músculos tensos, mas Dé estava comigo e eu estava confiante.
Fiquei sentada na cama.
O clique da porta. Eu suava frio.
Enfermeiro entrou com uma bandeja, segurando com as duas mãos, como sempre.
- Bom dia Alicia. Como se sente hoje?
- eu estou sem fome - falei baixo. Ele parou para me olhar, desviou o caminho, deixando o espaço entre eu e a porta livres.
- todo mundo tem dias ruins. Você quer conversar? - ele se virou para mim, ainda com a bandeja em mãos.
- eu acho que não.
- tudo bem. Vem, precisa tomar pelo menos seu remédio. Você sabe que ele dá enjoo se não comer nada.
Levantei da cama de cabeça baixa, e meu relance era ele sorrindo simpático.
Déh me deu sinal. Dei uma guinada e arranquei porta afora, dando tempo apenas de pegar minha mala. Corri perdida pelos corredores, até ouvir Débora correndo atras de mim.
- Direita! Por aqui, vem! - ela foi guiando meu caminho enquanto eu corria. Ouvia gritos dos funcionários, alguns tentavam se colocar no caminho, mas eu continuei correndo.
Chegamos em uma cerca enorme no fim do jardim. Ela de tela.
- Alicia, sobe.
- você está louca?
- anda, voce é capaz de escalar!
Olhei para trás. Os enfermeiros continuavam correndo na nossa direção. Me agarrei na grade e comecei a escalar. Chegando lá em cima, passei para o outro lado, desci um pouco, mas meu pé escorregou e eu caí, por sorte, sobre alguns arbustos ali. Levantei e corri atrás de Debora, que seguia pela rua em direção a cidade.

Entramos em um beco para respirar, percebendo que havíamos despistado todo mundo.
Comecei a rir da emoção, e ela gargalhava também.
- nós conseguimos!
- conseguimos! A gente saiu daquela pocilga!
Nos abraçamos e suspirei, me abaixando no beco para descansar.
Ela sentou ao meu lado depois de verificar o quão limpo -ou sujo- estava o chão.
Ficamos em silencio um tempo, até eu quebrá-lo.
- e agora?
- agora o que?
- bom, a gente fugiu. O que vamos fazer agora?
- viver, ué.
- ta, mas começar por onde?
Meu estomago roncou.
- acho que começamos arranjando café da manhã para você.

***

Entramos em uma lanchonete americana, em silêncio. Escolhemos uma mesa perto da porta dos fundos, caso fosse necessário correr novamente.
A garçonete se aproximou.
- qual o pedido? - serviu minha xícara com café, mas Déh foi rapida.
- não quero nada não, estou apenas de companhia. - sorriu fazendo sinal com a mão. A garçonete pareceu ignora-la, mas não lhe deu café. Ao menos ouviu a ordem.
Pedi panquecas e me deliciei nas mesmas. Fazia tempo que eu não comia algo gostoso daquele jeito.
- nós podemos ir no parque perto da praia. E também precisamos passar em um mercadinho.
- você tem tudo planejado?
- sempre - ela deu aquele sorriso lindo - mas o melhor plano é... não ter um plano.
-como consegue ser assim? Tão bem com tudo?
- eu estou vivendo meu momento. Só isto.
- queria ser assim...
- fica comigo e tá tudo certo - ela riu. - Epa! - apontou uma viatura que se aproximava.
O carro estacionou e dele desceram dois tipicos policiais, um moreno alto e um gordinho branquelo. Eles entraram na lanchonete, tranquilos, e tentei me esconder atras do cardapio.
- será que eles estão atrás da gente? - sussurrei. Os olhos do moreno vieram de encontro aos meus, e ele me encarou por alguns segundos. Franziu o cenho... MERDA, ELE ESTAVA ME RECONHECENDO! larguei tudo e saí em disparada, Débora corria comigo, eles gritavam coisas sobre não pagar a conta, trombadinha, e tudo mais. Continuei correndo, meu deus eu ia emagrecer uns vinte quilos desse jeito, isso que eu nao tinha mais o que emagrecer.
Débora me puxou para uma praça onde nos escondemos.
- puras emoções - eu ri.
- você não viu nada. - me piscou.

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Tava abandonada essa fic entao resolvi atualizar um pedacinho

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⏰ Última atualização: Oct 23, 2018 ⏰

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