Capitulo 4 *

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Querida mulher de Deus.

Vou fazer uma pergunta e Espero que tenha uma resposta sincera para si mesmo.

👒👑Ser ou não Ser?

Como você tem sido diante de Deus? Como espera ter uma vida plena, quando vive constantemente se fazendo essa mesma pergunta a si mesmo? Será que sirvo a Deus ou ao mundo ?

O mundo gira em torno de fazer com que você se sinta deslocada por não fazer parte dele. As novelas, a mídia, Mostram que as outras pessoas também têm problemas. Que sofrer depressão e ser amargurada é algo normal, como também é normal você querer tirar umas férias no caribe por três meses e deixar seus empregados não mão, tudo para satisfazer seu ego. Afinal você merece um tempo só para você. Mesmo que isso prejudique outras pessoas. Por que não fazer uma plástica e se tornar uma nova mulher? Só que a realidade é que novelas e conto de fadas sempre acabam com um final feliz para satisfazer os telespectadores. Diferente da vida real. Que sabemos que sempre haverá lutas e problemas e cabe a nós escolhermos ser felizes em meio a caos. Então, em vez de ficar se perguntando, será que devo ser ou não ser? Se pergunte o que vale mais a pena para você? A opinião dos outros ou sua salvação, você quer o bem ou mal ? Quer a vida ou morte? Prefere morrer acreditando em um Deus maravilhoso. Ou fingir que ele não existe e descobrir junto com outros que todos estavam errados ? A resposta eu mesmo vou lhe dizer : Você deveria querer ser diferente do que o mundo dita. É melhor se sentir excluido aqui e ser incluido no céu , do que seguir a boiada e acabar dando dando de cara com o inferno. 👒👑

Talita narrando.

  Quando peguei a chave do carro para sair ao encontro daquela menina, só conseguia pensar em duas coisas: o quanto me identificava com ela e o motivo pelo qual Deus havia cruzado nossos caminhos
Desde o momento em que decidi ser professora, sabia que era mais do que uma simples profissão. Eu queria salvar almas, ajudar jovens que, assim como eu um dia, se sentiram perdidos e sem direção na vida. E no meio de todos eles, aquela garota se destacava. Sara sempre andava com sua amiga e raramente eu a via sorrir. Muitas vezes, parecia estar perdida em seu próprio mundo, chegando até a fazer coisas absurdas para chamar a atenção dos colegas. Ela estava carente, mas não era apenas uma carência física. Eu sabia disso, pois já me senti da mesma forma. Era uma necessidade de ser amada e aceita pelos outros.
Logo percebi que ela havia brigado com a Júlia, e ficou evidente que eu precisava agir rapidamente. Não queria que aquela garota pagasse o preço que eu mesma paguei por falta de conhecimento da palavra de Deus.
Existem pessoas que são difíceis de conquistar, mas eu sabia que ela não era uma delas. E por esse motivo, aqui estou eu, no caminho para resgatá-la.
As luzes dos faróis estavam intensas, iluminando o orelhão de longe. Quando me aproximei, encontrei-a sentada na calçada, com a mão cobrindo o rosto. Seu corpo estava encolhido, como se buscasse proteção. Estacionei o carro suavemente, a luz do veículo iluminou seu rosto, e ela imediatamente virou-se na minha direção. Desliguei a chave e soltei o cinto de segurança, abrindo a porta. Ela me encarou por alguns segundos, e dei alguns passos em sua direção. Seu olhar parecia aliviado, e seu rosto estava vermelho. Me aproximei dela lentamente.
— Vem cá, querida, agora está tudo bem. — Disse abrindo os braços. Sara passou as mãos nervosamente sobre as coxas, finalmente se levantou e veio ao meu encontro, ainda um pouco relutante. Cheguei perto o suficiente para analisá-la e a abracei de forma aconchegante e carinhosa. Seu corpo ainda estava tenso, então ela não correspondeu ao abraço imediatamente. Seus braços permaneceram soltos ao lado do corpo, com as mãos cerradas, demonstrando um nervosismo fora do comum.
— Sara, me responda, você está bem? Eles fizeram algo com você? — Ela balançou a cabeça negativamente.
— Estou bem.
— Vamos embora então! Hoje você vai ficar em casa, tudo bem? — Ela concordou e a conduzi até o carro. Abri a porta para que entrasse, e ela entrou com a cabeça baixa, claramente escondendo algo.
— Sara, por que você não me conta o que realmente aconteceu? Por que estava sozinha nesse lugar? Eu não vou te julgar, só quero saber a verdade.
— A culpa é minha. Eu queria assustar meu pai, me vingar dele. Mas, no último segundo, não consegui. Não quis usar as drogas que me deram, então eles me bateram e roubaram. — Ela desviou o olhar para suas próprias mãos.
— Você fez a coisa certa. Não sei qual é o seu problema com seu pai, mas acredite, não é se drogando ou fazendo coisas que vão resolver esses problemas. Essa não é a maneira certa de chamar a atenção dele. — Falei seriamente, mas com compaixão. Sara riu nervosamente.
— Não existe uma maneira. Meu pai nunca vai se importar comigo.
— Ei! Não diga uma coisa dessas. Não conheço seu pai, mas se há algo em que acredito é que ele se importa com você. Talvez ele tenha uma maneira equivocada de demonstrar.
— A senhora é muito boa, mas como eu disse, não conhece meu pai. — Ela respondeu aborrecida. Eu fiquei em silêncio, reconhecendo que a mágoa que ela sente em relação ao pai é profunda, e palavras sozinhas não poderiam mudar isso. Era algo que apenas ele mesmo poderia fazer.
Descemos do carro e, como já era tarde, a maioria das pessoas em casa estava dormindo, exceto minha mãe, que veio ao nosso encontro, preocupada.
— O que aconteceu? Quem é essa menina? — Ela perguntou.
— É minha aluna, mãe. Ela vai passar a noite aqui. Explico tudo para você depois.
— Querida, você está com fome? Posso preparar um lanche? — Minha mãe ficou preocupada.
— Não, obrigada. — Sara respondeu, mas seu estômago roncou em seguida, revelando o contrário do que ela havia dito.
— Sim, mãe, ela quer. Aliás, faça dois lanches, porque estou morrendo de fome. — Falei, brincando.
— Vou te guiar para meu quarto e te apresentar alguém. Além disso, você pode tomar um banho e vestir uma das minhas roupas. — Segurei sua mão e forcei um sorriso. Parecia que ela estava um pouco menos nervosa do que antes. No caminho, ela analisou tudo com certa curiosidade. Assim que entramos no meu quarto, a Nega veio em nossa direção, latindo e pulando.
— Aqui está a coisinha fofa que eu queria te apresentar. Nega é minha filha de criação. — Abri um sorriso, que não chegou aos olhos, enquanto ela acariciava a cachorra. Soltou minha mão e se sentou na cama, brincando com Nega. — Ela é muito linda.
— Sim, ela é. — Sorri de volta e fui até o guarda-roupa pegar algumas roupas confortáveis para Sara. Coloquei-as em cima da cama e a observei brincar com minha cachorra. Não sabia explicar o que sentia por essa garota. Desde o momento em que a vi, tive a sensação de que um dia teria que ajudá-la. Pedi a Deus várias vezes por sua direção.
— Pode tomar um banho enquanto ajudo minha mãe com nosso lanche. — Avisei e ela deu um leve sorriso, pegando as roupas.
— Nunca ninguém fez isso por mim. Obrigada. — Ela me lançou um olhar agradecido.
— Não agradeça a mim, mas a Deus. — Olhei para cima. Sara acenou timidamente.
Voltei para a cozinha e ajudei minha mãe a preparar nossos lanches, explicando tudo o que havia acontecido. Preparamos tudo com muito capricho, como sempre fizemos, e nos sentamos à mesa, esperando que ela saísse do banho.
— Você está bem? — minha mãe segurou minha mão, fixando seus olhos nos meus com uma leve expressão de preocupação.
— Estou sim.
— Saiba que tenho orgulho de você, da mulher que se tornou. Eu consigo ver o carinho que você sente por essa menina e sei que vai ajudá-la.
Nesse momento, Sara apareceu na cozinha e minha mãe a ajudou com as roupas. Em seguida, sentamo-nos para comer juntas.
— Está gostoso? — minha mãe perguntou gentilmente.
— Sim, senhora, obrigada.
— Você deveria ligar para seu pai, ele deve estar preocupado."
— Duvido muito — murmurei enquanto terminava de saborear o lanche.
— De qualquer forma, vou ligar — levantei-me para pegar meu celular.
Confesso que fiquei um pouco nervosa assim que ele atendeu. Ele estava prestes a dar uma bronca pensando que eu era sua filha, então fui curta e objetiva ao passar o recado. As duas me olharam curiosas.
— Sejam sinceras, vocês acham que exagerei?", perguntei, segurando o aparelho. Sara balançou a cabeça negando, e suspirei aliviada.
— Talvez um pouco — minha mãe contradisse, e a encarei seriamente.
— De qualquer forma, ele mereceu —  ela levantou-se emburrada. — Podemos ir dormir agora? - perguntou, e eu acenei. Despedi-me de minha mãe.
No quarto, peguei minha coberta e a entreguei a Sara, que deitou e ficou olhando para o telhado, pensativa. Em seguida, fui para o outro lado e ajoelhei-me na beira da cama.
— O que você vai fazer? — perguntou curiosa.
— Vou agradecer a Deus. Você deveria fazer o mesmo. Afinal, hoje Ele te salvou de uma enrascada das grandes. Imagino que Ele mereça um obrigado, não é? — sugeri, e ela ajoelhou-se na cama ao meu lado. Não sei como fazer isso. — Confessa, suspirando.
— Vem cá, Sara, que eu te ajudo. Orar não é tão difícil como você pensa. É como conversar com um amigo. Apenas feche os olhos e tenha certeza de que Deus está te ouvindo. — Vou até o seu lado, desço da cama e me ajoelho perto dela. Seguro sua mão e fecho os olhos.
— Meu Deus, obrigado por este dia, por nos guardar e por me permitir ajudar a nossa amiga Sara. Sabemos o quanto o Senhor a ama e, mesmo nas vezes em que ela se sentiu sozinha, quando achava que ninguém a amava, o Senhor sempre esteve lá, tentando fazê-la perceber o quanto é amada. Não apenas por mim, mas por seu pai e, acima de tudo, por Ti. Acreditamos que foi por esse motivo que atendeste ao seu pedido e enxugaste suas lágrimas. E é por esse motivo também que hoje ela está aqui comigo, porque o Senhor jamais desampara um filho.
Escuto soluços e percebo que Sara está chorando. Abracei-a fortemente e ela correspondeu com a mesma intensidade.
— Shhh! Deixe tudo sair, desabafe com Ele. Eu sei que você tem tantas coisas guardadas em seu coraçãozinho. — Afastei-me delicadamente, enxugando suas lágrimas.
— Eu não sei... — Ela negou, com a voz embargada.
— Sim, você sabe. Só não está com coragem de falar, mas esse é o momento, Sara. Ele está aqui e deseja ouvir você exatamente como está.
Levantei-me e fui até a porta da varanda, proporcionando-lhe um ambiente mais tranquilo. Mesmo sem intenção, acabei ouvindo sua oração sincera, e suas palavras partiram meu coração.
— Eu não sei bem como expressar isso, porque, na verdade, sempre questionei a Sua existência. Mas hoje, tive a certeza de que o Senhor realmente existe. Não foi por mal, apenas achei que, se meu próprio pai não se importava comigo e tinha coisas mais importantes a fazer, por que alguém que controla o universo se importaria?
No entanto, quando aqueles homens levantaram aquela barra de ferro em minha direção, eu estava pronta para morrer. Mas, no último segundo algo dentro de mim despertou o medo e pedi ajuda ao Senhor. E naquele momento, tive a absoluta certeza de que estava comigo. Não acredito que mereça coisa alguma do Senhor, mas se verdadeiramente fui escolhida, como a professora disse, eu quero mudar. Espero que o Senhor tenha paciência comigo e não desista de mim. Muito obrigada por me salvar hoje e por colocar a professora em meu caminho. Se eu pudesse escolher uma mãe, gostaria que fosse alguém como ela, alguém que me ame pelo que sou.
As lágrimas molharam meu rosto, sentindo-me profundamente honrada ao ouvir que ela gostaria que eu fosse sua mãe. No entanto, ao mesmo tempo, minha tristeza aumentou, pois percebi que Sara é ainda mais carente do que eu imaginava. Sua família não é unida, e eu me senti compelida a fazer algo a respeito disso.
O dia amanheceu e tive que pular cedo da cama, pois precisava dar aulas. Aproveitei para acordar Sara, pois logo seu pai viria buscá-la.
— Está me dizendo que aquele bonitão, dono daquela empresa importante, vai vir aqui e você vai recebê-lo vestida assim? — Fanny cruzou os braços, incrédula.
— E o que tem de errado? Ele está vindo buscar a filha, não tenho que impressionar ninguém. Aliás, eu gostaria de tentar impressioná-lo, mostrando o quanto a filha precisa de um pai presente. — Balancei a cabeça negativamente.
— É por isso que você está encalhada, Talita. O Bruno vive te paquerando e você se esquiva dele. Agora, tem a chance de conquistar um homem rico e o recebe assim.
— Prefiro confiar em Deus. Lembre-se de que você escolheu um homem por sua aparência e dinheiro, e agora está se escondendo de um noivo psicopata. — Respondi sinceramente e sua expressão mudou para tristeza novamente. Droga! Eu e minha boca grande. Imediatamente, a abracei. — Desculpa, Fanny, não deveria ter dito isso. Agora que você voltou a sorrir, eu te faço lembrar dele. Sou uma tola, não ligue para as besteiras que eu falo.
— Tudo bem, você tem razão. Eu não deveria te dar conselhos equivocados. Sorri fraca. — Mas acredito que o problema não está no tempo de Deus, e sim em como o seu passado te mudou, irmã. Pronto, falei. — Ela se retirou, deixando-me pensativa. No fundo, eu sabia que ela estava certa.
Terminei de arrumar a mesa e Sara chegou. Tomamos café todos juntos. Obviamente, meu pai fez mil perguntas para a menina, e ela parecia feliz, muito mais comunicativa do que o habitual. Era algo raro de se ver. Assim que terminamos, nos sentamos na sala, e logo ouvi alguém me chamando.
— Parece que seu pai chegou, Yuri está chamando. — Olhei para ela, que revirou os olhos.
— Yuri? Espera, esse não é aquele Yuri, não é mesmo? — Fanny disse preocupada, e sorri.
— Seu antigo namoradinho da quinta série? Aquele que o papai pegou vocês se beijando e te deu uma surra. É ele mesmo, irmãzinha.
— Sua insensível! Por que você não me avisou? — Ela bradou enquanto se arrumava, e eu dei de ombros.
— Pensei que ele não fosse tão importante assim.
— Não é. Quero dizer, ele foi meu primeiro namorado. Agora, ele vai me ver arruinada, com um filho e, além disso, divorciada. Era tudo o que eu sempre sonhei. - Sorri ironicamente.
— Divorciada sim, mas não arruinada, irmã. Você está linda... Bem, deixa eu ir. Não vou deixá-lo esperando.
Saí rapidamente em direção a eles, e Yuri me abraçou de forma calorosa. Nós sempre fomos como irmãos desde pequenos, e eu sempre soube que ele tinha uma paixão ardente pela minha irmã. Confesso que já cheguei a gostar dele também, coisas da juventude.
Direcionei meu olhar para o homem ao lado dele, que me analisava de forma estranha.
— Vai entrar ou vai continuar me analisando? — Disse sorrindo, tentando quebrar a tensão. Ele disfarçou sem jeito. Peguei Yuri pelo braço e o arrastei para dentro. Na verdade, fiz isso de propósito. O jeito formal e intocável desse homem era bastante engraçado. Nunca tinha visto alguém tão culto e esquisito ao mesmo tempo. E foi por isso que, segundos depois, aconteceu a melhor cena do dia: Nega, minha cadela toda manchada de tinta, apareceu latindo e se dirigiu a ele. O homem, que até então era discreto e inatingível, gritou como um garoto assustado e se escondeu atrás de mim. Tentei segurar o riso, mas foi em vão.
— Calma lá, bonitão! É só a Nega. — O soltei, sentindo-me envergonhada. O que foi que eu acabei de dizer? Bonitão? Sério Talita? Fanny realmente estava influenciando meus pensamentos. Não era cega, ele era de fato um homem muito bonito. Mas chamá-lo daquela forma... ter tido tantos amigos homens durante a minha vida trouxe alguns problemas com afeição.
Levei-os para dentro e, depois de me certificar de que a filha estava bem, percebi que ele realmente a amava e se preocupava com ela. No entanto, como já desconfiava, ele parecia não entender o que a filha realmente queria. Parecia não conseguir diferenciar palavras de ações. Sabia que, se quisesse ajudá-los de verdade, teria muito trabalho pela frente. E esse trabalho começou quando tive que intervir para impedi-lo de agredir sua própria filha em minha casa. Algo que jamais permitiria.

  

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