2 Sarah

5 0 0
                                    

Não importa quanto tempo se passe, eu nunca vou me acostumar com o horário daqui comparado ao da Austrália. Já faz praticamente um mês que estou aqui e comparado a de lá tem muita coisa diferente.

São cinco da manhã e eu tenho que me arrumar e ainda pegar o metro para ir trabalhar em uma lanchonete meia boca praticamente do outro lado da cidade, não é o melhor emprego do mundo mas é o que garante meu teto pra eu dormir e pelo menos alguma coisa pra eu comer.

A principio eu teria ficado na Austrália mas a vida lá também não é a das mais fácil, talvez eu tivesse com aquele sonho de que talvez aqui nos Estados Unidos seria mais fácil eu me tornar uma cantora mas estou vendo que terei que me contentar em ficar anotando pedidos de desconhecidos em uma lanchonete cor de rosa.

Quando é 6:15 eu chego no meu trabalho, eu uso esses  15 minutos que me sobra para ajudar a arrumar as mesas e organiza alguma coisa. A lanchonete se localiza perto de uma faculdade, o que nos fornecem muitos fregueses adolescentes, assim que abrimos ela enche tão rápido que mau dou conta.


Lá pelas 13:30 eu paro pra comer alguma coisa e depois volto para o trabalho. No começo eu achava essa lanchonete meio brega, toda rosa e com um carro como bando, tipo lanchonete dos anos 80 mas com o tempo eu comecei a ver ela como minha segunda casa, era aconchegante e as pessoas com quem eu trabalhava eram legais e de vez em quando riam do meu sotaque , mas são coisas da vida.

Hoje pode se dizer que eu ame meu trabalho, mas isso não significa que eu pretenda ficar aqui para sempre, não eu tenho que ser realista, eu preferia mil vezes estar em cima de um palco mostrando meu talento mas a vida não é justa então me contendo com que eu tenho. Certo?

No começo da atarde a lanchonete fica um pouco vazia então eu e Lucia damos conta de dos os fregueses. São apenas cinco pessoas que trabalha aqui, eu, Lucia e a Anna, tem o Marcos que trabalha na cozinha e o Pedro que fica no caixa, tem também o Peter mas ele só vem aqui uma vez por dia e muitas das vezes eu nem o vejo.

_Sarah você está bem?_ estou sentada no balcão, não tem ninguém na lanchonete e eu estou cantarolando bem baixinho uma musica do Arctic Monkeys.

_Sim, só me distrai um pouco. O que você disse?

_Vamos sair hoje a noite, quer vir?_ ela muda o peso de um pé para o outro.

_Ah hoje não vai dar, estou muito cansada só quero ir pra casa e dormir, aproveitar que amanhã eu vou estar de folga_ digo tentando ser o mais simpática possível.

_Você sempre recusa, pode ficar sossegada a gente não morde_ ela diz dando uma mordida no ar e rindo.

_Não é disso que eu tenho medo.

_Eu sei que não mas só pra constar, a gente queria muito que você saísse com a gente, pra gente te conhecer melhor_ dito isso ela me manda uma piscadinha e vai atender um casal que acabou de entrar.

Quando ela diz nós sei que se refere  a todos na lanchonete, principalmente o Pedro que pelo que eu já entendi ele está afim de mim. De acordo com a Anna ele é muito tímido pra chegar e falar mas eu também sei que uma hora ou outra eu vou ter que falar serio com ele e mostrar que trabalho e relacionamento não da certo.


Assim que acaba o expediente vou direto pra casa. Depois de quase 30 minutos em um metrô praticamente vazio eu chego na minha humilde casa e me jogo no sofá sem coragem de subir para o quarto ela mesmo eu cabo dormindo.

Quando é 8:50 da manhã eu acordo morrendo de vontade de ir ao banheiro, corro o mais rápido que eu consigo pra o andar de cima, depois de me aliviar vou para a cozinha afim de devorar alguma coisa. Lá acabo encontrando um pouco de café, um pouco de coca- cola e o resto de pão de anteontem.

Sem coragem de comer resolvo ir tomar um banho pra relaxar e pra ver se melhora minha dor nas costas por ter passado a noite no sofá pequeno e estreito. Depois de vinte minutos em um banho bem tomado resolvo pintar as unhas enquanto me cabelo loiro platinado seca dentro da toalha.

Assim que minhas unhas estão secas vou pentear meu cabelo que por incrível que pareça está enorme, donada me surge que está mais que na hora de eu mudar de visual. E porque não começar com o cabelo?
Subo para o banheiro, pego a tesoura que está na gaveta perto do espelho e começo a cortar meu cabelo pelo ombro, certo não sou nenhuma cabelereira mas  o que a força de vontade não faz.

Depois de acertar os últimos detalhes e cortar uma franguinha eu me olho no espelho e por incrível que pareça fico feliz com o resultado.

Sou uma pessoa como qualquer outra, loira, olhos claros e uma pouco alta e que no fundo tem o mesmo sonho que as outras, ter uma vida boa perante a sociedade

Quem nunca quis isso?

Depois de ter me arrumado eu decido dar uma ligada pra minha mãe e sabe como está as coisas em casa. Quando ligo a primeira vez vai direto pra caixa postal, imagino que ela deve esta ocupada por isso deixo o celular na pia do banheiro e vou para o quarto. Pego meu caderno de composições que eu deixei ontem de manhã em cima da cama e olho imaginando que logo vai surgir algo para eu escrever mas nada me vem a mente.

Fico um bom tempo encarando uma folha limpa do caderno que quando me dou conta que nada vai vir descido fecha-lo, coloco no criado mudo e me deito na cama, tento aproveitar minhas ultimas horas do domingo já que amanhã tenho que ir trabalhar. Em pouco tempo o sono vem e eu me vejo sonhando com holofotes, câmeras e entrevistas.


Never Give UpOnde histórias criam vida. Descubra agora