A persistência da memória

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Era outra noite sombria, de tudo Luka se esquecia e um novo mundo se formava... Era como se tudo sofresse uma grande metamorfose.

O mundo se tornava invisível, ou talvez ele estivesse ficando cego.. Entretanto nada impedia una terceira perspectiva, a qual talvez qualquer um aceitasse mesmo em tudo isso....

O munda parecia girar, mas logo que colocou is pés no chão, o garoto recobrou o equilíbrio, estava tudo escuro, não enxergava nada. Porém, por viver no mesmo lugar por tanto tempo já conseguia se guiar sem esbarrar em nada..

Começou a tatear o que estava a sua volta e pelo que sentia ter tocado imaginava estar na pia da cozinha e ao virar-se enxergava uma fraca luz que atravessava a pequena fresta da porta e foi até ela... Ao abri-la pode enxergar as luzes da cidade que voltavam a se acender.. Algo havia acontecido.

Ao sair, a porta acabou por se fechar sozinha e algo movia Luka até a cidade e de forma involuntária ele ia caminhando até lá... Devia ser curiosidade.

Ao longo de seus passos, as luzes da cidade iam se acendendo, era como um grande ritmo.. O garoto olhou para o céu, sem luas, poucas estrelas, talvez havia chovido e parecia que o vento estava levando tudo embora agora... Mais algum tempo e seria possível encontrar o resto das estrelas daquele céu..

Chegando a cidade Luka percebia diversas coisas, pedaços de telhas, muitas folhas, as ruas ainda estavam molhadas com poças de barro no chão.. Se fosse pra adivinhar, eu diria que por ali passou um furacão de terra e depois uma tempestade.. A grande pergunta que ficava era como que o garoto não havia ouvido nada? Era tudo muito estranho..

Caminhando mais um pouco, Luka encontrou Tetsuyuga sentado na sua velha cadeira, na frente da porta da sua casa... Era uma casa grande, porém humilde em meio a todos aqueles prédios além de que ficava frente à praça onde se encontrava Machadragon( a árvore gigante).. O mais velho se encontrava observando a gigante:

- O que o senhor faz aqui fora?- ele o olhou e forçou um pouco a visão até que reconheceu quem era.

- Ora meu garoto, sentado aqui fora, há tantas coisas que dá pra ver, ainda mais que toda cidade apagou.. Não há luzes para ofuscar este lindo céu- e apontou na direção de Machadragon, atrás dela podia se ver diversas estrelas... Mais do que as que Luka conseguia ver de sua casa na base da montanha.

- Essa noite foi de tempestade?

- Sim, meu jovem, e uma grande tempestade, só não tão forte como a da última vez- ao ouvir isso, o garoto sentiu algo.. Algo que deveria lembrar se mas já havia esquecido.

- Luka, aconteceu algo? Você nem mesmo está vestindo uma camisa e geralmente sempre está com algo, mesmo que todo rasgado.

Só então o garoto olhou para si, estava somente de calça, sem chinelos, sem nada, realmente parecia tudo uma grande loucura.

- Eu levantei e vi a cidade apagada, mas acho que a curiosidade dominou toda minha consciência.

O mais velho começou a rir:

- você não toma jeito mesmo garoto.. E a Alice? Agora estão juntos?

-Ela está bem, mas como sabe?

- vocês andam mais grudados do que nunca, estava tudo escrito nos olhares que estavam trocando..

- Como consegue? Não dá pra saber tudo pelo olhar..

- Meu garoto, depois de tanto tempo neste mundo aprendi muitas coisas.. Se você quer identificar o que alguém sente pelo seu olhar, deve esvaziar a mente e sei que você faz isso muito bem..

- O senhor faz parecer simples demais.

- Tenha foco rapaz, emoções podem ser dificilmente dominadas mas facilmente identificadas, basta você conhecer a sua própria alma..

Sabe por que os velhos budistas tem tanta paz?

- e por que seria?

- Eu também não sei- e o senhor ria-se e Luka continuava sem entender- deve estar perdido, mas fique tranquilo, um dia você conseguira aprender, até lá, contente se em observar o céu..

- é realmente lindo- e os dois continuavam a olhar o céu..

O silêncio reinava novamente, até se ouvir o badalar do sino da igreja, batendo 3 vezes ao total.. Luka ouviu o sino... Pelo horário resolveu voltar para casa..

- Já vai?

- Acho que sim, hora de fugir da realidade..

- Antes disso, gostaria de fazer um favor a este velho?

- Claro, do que o senhor precisa?

- Lembra-se de meu irmão?

- Claro, como eu poderia esquece-lo.

- Eu quero ir vê-lo, mas não tenho condições sozinho.. Me ajuda?

- Sim, será um prazer, mas antes eu tenho que ajeitar umas coisas, Alice disse que ia passar um tempo comigo e tinha ido buscar umas coisas na casa dela... Hoje ainda ela chega..

- faça o que precisar, se ela quiser também pode vir junto, só não deixe este velho no esquecimento..

- Prometo voltar senhor Tetsuyuga.

E o velho assentiu com a cabeça...

Luka olhou ainda uma última vez para Machadragon e depois se virou e voltou a andar rumo a montanha..

Ao chegar em casa notou a porta aberta e não se lembrava de tê-lá deixado assim, ficara agora mais atento, e andando a passos mais calmos..

Entrou, nada se via, nada se ouvia até que as luzes se acenderam, a energia havia voltado. Mas algo ainda cintilava no ar, parecia tudo normal até que....

Só mais uma vezOnde histórias criam vida. Descubra agora