Depois de demorar um tempo para me acostumar com o barulho de fora, em choque com as falas do meu seriado, consegui me concentrar em apenas assistir o que me interessava. Precisava me manter firme no escritório até as 04 da manhã, porém, havia chego mais cedo que o normal. A festa começou as 19 horas por conta dos agradecimentos dos sócios aos seus colaboradores e todo o "blábláblá" que toda empresa faz. Me peguei pensando por um minuto, que não havia pensado em uma confraternização para meus funcionários, mas iria resolver isso depois.
As horas estavam demorando pra passar, quando a dupla sertaneja que fez o pessoal gritar até não aguentar mais encerrou o show, entrou um Dj contratado pelos organizadores, que soltou um FlashBack suave de se ouvir. Um dos meus funcionários me levou um prato do jantar que estava sendo servido, massa verde recheada com mozarela de búfala, mexi na comida, dei um gole em uma água com gás que acompanhou o prato, apaguei a luz e coloquei confortavelmente os pés em cima da mesa.
A última vez que me lembro de ter olhado no relógio, não era nem meia noite e meia, e as pessoas da festa estavam em ânimo total, e eu só conseguia pensar em como eles iriam trabalhar na sexta seguinte. Peguei no sono, afinal, eu já era acostumado à dormir naquele escritório pequeno e aconchegante, enquanto as pessoas pulavam de alegria bem em cima de mim.
Acordei com a porta sendo aberta de forma bruta, apenas consegui ver a sombra do corpo que entrou no meu espaço. Fechou a porta atrás dele e com toda ousadia do mundo, trancou também. Fiquei observando para ver onde aquela palhaçada iria terminar. O cara começou a passar a mão pela parede, nitidamente procurando por um interruptor. Não aguentei assistir aquilo quieto, e acendi a luz pelo interruptor da minha mesa.
Na minha frente, um cara alto, loiro de olhos verde escuros, com um corpo perfeitamente escultural, esculpido em uns, sei lá, seis ou sete anos de academia pesada, eu chutaria. Estava carregando uma garrafa de água na mão e uma taça de champanhe. A camisa branca que ele estava usando não tinha botões, apenas um "cadarço" perto do pescoço, bem no meio do peitoral quadrado e bem definido. A calça que ele usava era bem colada, mas não pelo modelo, e sim porque ele tinha pernas enormes. Confesso que achei aquele cara sensacional, mas estava tão incomodado com a presença dele, que não consegui pensar em nada além de por que caralhos ele invadiu o meu escritório?!
Antes que eu pudesse falar qualquer coisa, ele se virou para mim e corou na hora. Como era bem branquinho, eu pude ver cada parte do seu rosto ser tomada pela vergonha:
- Ah, oi! Nossa, me desculpa.
Como ele pareceu ser educado, e não estava bêbado (pois quando você trabalha na noite, reconhece quem está travado só pelo olhar), decidi ponderar.
- Eu posso te ajudar com alguma coisa?
Ele ficou sem graça e deixou os ombros caírem.
- Desculpa invadir a sua salinha, mas é que como a sua porta é parecida com a do banheiro do lado, eu pensei que aqui também fosse.
Comecei a rir, porque isso sempre acontecia, mas os bêbados sempre davam de cara com a porta trancada. Meio sem jeito, ele continuou:
- Me desculpa mesmo, eu não queria te acordar! Eu que fiz confusão.
Estava indignado como aquele homem daquele tamanho, era educado e tímido. Era o tipo de pessoa que você leva para casa, põe no colo, cuida, manda embora, aí ele se apaixona, te enche o saco, fica grudado, e você pega nojo. As mulheres com quem ele saia, deveriam ser aquelas que exibem os buquês de flores que ele manda após uma saída para jantar. Resolvi fazer uma gentileza.
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Tempestade de mudanças.
RomanceA vida de Frederico era o sonho de qualquer Playboy. Era rico, bonito, dono do próprio nariz, livre leve e solto. Se divertia trabalhando, aos 28 anos já tinha encontrado a maneira certa de fazer dinheiro. Em uma noite quente no final de novembro...