Tchau.

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Acordei com o sol batendo na janela do meu quarto - droga, queria dormir mais um pouco - e invadindo o meu quarto. Hoje não é um dia feliz pra mim. Às vezes eu penso, o quanto a vida surpreende a gente com coisas loucas. Estou linda, na minha casa e do nada PLAMM!!! "Olá Jade, você tem que desembarcar no Brasil imediatamente". Que saco! Eu não conheço meu pai, pra mim ele é um completo desconhecido. Eu nasci no Brasil, mas vim para Paris quando tinha 8 anos e desde então, moro aqui. Meu pai separou da minha mãe, ele a traiu friamente com sua secretária - clichê né - mas sim, foi exatamente isso que aconteceu. Minha mãe, veio para Paris morar com uma amiga e acabou ficando. No incio eu sofri com toda essa mudança, mas sei que foi a melhor coisa que poderia ter me acontecido. Aqui encontrei amigos (quase irmãos), uma família maravilhosa, um trabalho e uma vida tranquila.

Levanto da cama,pensando em tudo que acabara de acontecer, faço minha higiene matinal e desço até a cozinha. A casa que eu morava em Paris era enorme, quartos espaçosos - o que me dava liberdade pra espalhar minhas bagunças pela casa inteira. Me deparo com a Mônica na cozinha, ouvindo música e fazendo ovos.

- Oi florzinha do meu coração - Abraço Mônica por trás, eu sei que ela odeia ser pega assim de surpresa, mas a Mônica ajudou a me criar e eu sinto um carinho imenso por ela, abraçá-la com toda força do mundo é inevitável.

- Me soltaaaa Jade! Ta ficando doida menina, a panela tá quente.

- Oi mômô, madrugou hoje ein?

- Claro, tive que arrumar suas coisas, esqueceu que você viaja hoje?

- Aff, não me lembra dessa viagem! Eu quero surtar. -bufei

- Vai ser uma experiência maravilhosa pra você, pesquisei muito sobre o Brasil, e vi que lá tem praias maravilhosas. Já pensou, encontrar um Leonardo Di Caprio lá andando pela areia? -disse mônica andando pela cozinha.

- E eu lá quero encontrar Leonardo Di Caprio, ou qualquer outro? Estou indo lá por causa do meu pai. Negócios! -reviro os olhos.

- E a diversão Jade? Eu ein, você era uma pessoa animada. -disse repreendendo.

- ERA Mônica! Era. Diversão fica pra depois -fui andando até a escada- tenho que terminar de me arrumar, quanto mais cedo eu saio, mais cedo eu volto!

- Uhum, ta! Vai lá -ela me olha de canto de olho- sua mãe ligou, disse pra você avisar quando estiver saindo para o Aeroporto, vai te encontrar lá.

- Ótimo, ela lembrou que tem filha? -saio pisando forte até o quarto.

Quando cheguei em Paris, ainda com 8 anos, estava muito assustada. Era tudo muito novo pra mim. E nos primeiros anos, minha mãe me mostrou as melhores coisas da cidade. Ela estava sofrendo e eu era seu refúgio, e através de mim, ela esquecia de tudo que viveu até ali. Mas ela conheceu o Henry.. O Henry é um bom rapaz, faz minha mãe feliz mas.. ela  esqueceu que tem filha. O Henry é dono de um Jornal aqui na cidade, empregou minha mãe (que virou diretora e editora do Jornal) e comprou uma casa pra ela. Casa mais minha do que dela.. E assim, eu conheci a Mônica, cuidou de mim desde os 10 anos de idade e continua comigo. Mônica não é uma babá pra mim, ela tá mais pra irmã, sempre a tratei como se fosse da minha própria família.

Perdida em pensamentos, deito na cama do meu quarto e acabo adormecendo novamente.

Acordo com alguém me balançado.

- ACORDA sua louca! Você vai perder o avião pro paraíso.

Abro os olhos lentamente e me deparo com a Eleonor na minha frente. Minha melhor amiga.

- Que horas são Eleonor? -pergunto levantando da cama.

- Hora de SAIR CORRENDO DAQUI. Você vai perder o avião, você tem 2 horas pra se arrumar e chegar no aeroporto.

- Eu não quero ir, me amarra aqui na cama pelo amor de Deus Elo. -disse fazendo drama.

- Tá doida, corre e se arruma! Sua mãe vai te matar.

- Tá, tá bom -entro no banheiro revirando os olhos.

Meia hora depois.

- Pensei que tinha morrido aí dentro -disse Eleonor.

- Bem que eu queria mesmo. -disse pegando minhas malas, e descendo as escadas.

Me deparo com a Mônica chorando na sala. E aquela cena partiu meu coração.

- Oh momô, não faz isso comigo não! -disse indo abraçá-la.

- Jade, se cuida! Eu vou tá daqui, te mandando boas energias -disse ela limpando as lágrimas do rosto.

- Vou me cuidar assim, acho que consigo fazer isso. -dei um último abraço- eu te amo, em breve estarei aqui enchendo seu saco - ri.

- Eu também te amo. -disse Mônica.

- VAMOS JADE!!!! Avião não vai te esperar pra decolar não.

Passo pela porta, e olho para todos os detalhes da casa que passei parte da minha vida. As marcas na parede, a figurinha da mulher maravilha que eu tinha colado atrás da porta da sala quando fui morar lá. Eu vou sentir muita falta - lágrimas caem. Olho para o jardim cheio de girassóis, e lembro quando Mônica me ajudou a plantar todos eles. Eu vou sentir muita falta!  Mas agora é vida nova -limpo as lágrimas que insistiam em rolar pelo meu rosto- tchau Paris, e partiu Brasil.

500 dias com eleOnde histórias criam vida. Descubra agora