500 dias com ele

Em solo brasileiro.

- Corre! Eu vou te pegar.

- Não vai, eu sou mais veloz que você Mônica-disse rindo e subindo na arvore.

-Jade, espertinha, na arvore não vale. Assim, não vou te pegar nunca.

-Você vai me pegar, agora vai ter que pegar. 

Uma das lembranças que tive ao chegar no aeroporto foi das minhas brincadeiras com a Mônica na minha casa. A Mônica parecia mais minha irmã mais velha. Ela começou a cuidar de mim com 18 anos, uma adolescente.. e eu, uma pequena criança insuportável de 10 anos (ta, eu assumo, eu era CHATA demais). A família dela precisava que de ajuda financeira e minha mãe empregou a Mônica, já que ela ficava quase o dia todo no Jornal.

Uma buzina me tira dos pensamentos.. de volta a realidade Jade!

Eu já tinha chegado ao aeroporto com a Eleonor, e estava a procura da minha mãe. Ela havia me ligado pra avisar que tinha chegado, mas eu estava rodando que nem pião o aeroporto inteiro e nada de encontra-la.

- As vezes ela não quis se despedir de mim -eu disse a Eleonor.

- Ta doida Jade? até parece que ela ia ficar sem dar um abraço na ursinha dela. -Eleonor disse me me abraçando de um jeito carinhoso.

- Ah, mas tem o Henry.. -disse bufando.

- E dai? Henry que se dane! Tu é filha dela, e o Henry gosta de você também. 

- Opa, falando de mim? - Henry chega por trás com minha mãe, me deixando assustada.

- Nossa, onde vocês estavam? -perguntou Eleonor.

- Fomos num café perto da sala de desembarque, por isso vocês não nos acharam. -disse rindo.

- Não tem nada de engraçado me deixar plantada aqui Henry. E você mãe? Nem pra avisar hein? -disse a abraçando.

- Ah filha, nem pensei na hora. Me desculpe. -ela disse retribuindo o abraço.

- O meu voô já foi chamado.-disse cabisbaixo.

-É filha, daqui a pouco você está de volta. -ela disse me abraçando mais.

-Daqui a pouco? Mãe, se o que eu tiver pra fazer lá demorar?

-Não vai, seu pai não vai me deixar ficar sem minha filha preferida. 

- A sua unica filha né? -disse segurando as lagrimas.

- Minha unica ursinha! Olha só, chegando lá, uma moça chamada Carla vai te acompanhar até o hotel que você vai ficar. Todas as informações vão estar no seu e-mail, e é só. Divirta-se filha, tenta esquecer os negócios por um dia e vai curtir aquela praia maravilhosa do Rio de Janeiro.

- Ta bom mãe! Eu te amo muito.. -disse a abraçando- e Henry, cuida bem dela.

- Pode deixar, vou cuidar sim Jade, boa viagem!- ele disse me abraçando.

Olhei para o lado e vi a Eleonor tentando segurar as lagrimas. Meu coração se despedaçou por completo, não esperava ver a Elo assim.. ela sempre foi durona.

- OH MEU DEUS! Ela ta chorando? É isso mesmo? -disse abraçando-a.

- Para Jade! -ela disse limpando as lagrimas- Não vou sentir um pingo de falta tua sabia? 

- Vai sim! Vou te ligar TODOS os dias, pode esperar.

- E se você não ligar, vou até o Brasil te puxar pelos cabelos -ela disse, fingindo estar brava.

- Bem que você poderia ir comigo né? Ficar comigo lá.. -disse triste.

- Eu já te disse, eu não posso! Mas se você demorar, eu vou lá te buscar.

-Ta bom! Te amo amiga.

- Eu também te amo sua doida. 

Chamando os passageiros do voô 567 - destino Brasil- para a sala de embarque.

- É o meu! -disse pegando minhas malas.

- Beijos minha filha! Se cuida, eu te amo! -disse minha mãe.

-Au revoir famille.

Fui em direção a sala de embarque, me virando pela ultima vez para olhar pra os meus bens mais preciosos, minha família. Vou sentir tanta saudade.

Uma sensação estranha passa pelo meu corpo. Calma Jade! É só por alguns meses e você já vai estar de volta. Tento não pensar no tempo que ficarei lá..

Vai ser uma viagem longa, 14 horas sentada no avião rumo a terra do nunca.

Entro no corredor que irá me levar até o avião. Olho para os rostos felizes das pessoas.. Tento imaginar o que elas irão fazer no Brasil.. Passar raiva como eu? Acho que não.

Entro no avião, procurando minha poltrona. 56. Achei!

Ao meu lado, sentou uma senhora com uma criança. Sorri. Adoro crianças.

Tento brincar com a criancinha, mas parece que a mesma não quer papo. Deixo pra lá.

Olho para janela, e tento relaxar. Acabo adormecendo.

Acordo um pouco assustada, ouvindo a aeromoça:

"Senhores passageiros, dirijam-se a saída do avião. Vocês acabam de desembarcar em solo brasileiro."