Capítulo 6

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Tinha dezoito anos, estava noiva e feliz. Ela e Raul haviam marcado o casamento com muita antecedência. Seria no fim de dezembro logo após a formatura, tudo estava perfeito até o dia em que descobriram que estava grávida.

Raul ficou furioso.

_Você deve estar brincando... _falara encarando-a _Pensou mesmo que iríamos nos casar? _Riu irônico. _Achou que eu escolheria uma mulher magricela e sem graça, quando posso ter quem eu quiser?

_Porque está dizendo isso? _Juliana chorava sem entender o porquê daquela agressão toda.

_Pobre Juliana! _ Raul riu. _Queria muito se casar comigo para se tornar uma mulher rica, não é? _ Parou um instante. _ Não vou negar que gostei de ter ficado com você, afinal, esse noivado fez com que o meu velho liberasse mais dinheiro.... Esse filho não pode nascer, Juliana, estou apaixonado por outra mulher e espero sinceramente que entenda e me perdoe.

Aturdida, Juliana só sabia chorar. Se já estava difícil entender o que ele claramente comunicará, como poderia perdoar? ...

Mesmo depois que ele saiu , Juliana continuou sentada no banco da praça, sem conseguir acreditar no que estava acontecendo.

Bastante atordoada voltou para casa. Como autômato, subiu ao seu quarto, por sorte não havia ninguém em casa. Deitou-se e deu vazão as lágrimas, abafando soluços no travesseiro.

Apesar de exausta, Juliana não conseguia dormir, rolava de um lado para o outro pensando no que fazer.

Ao amanhecer, havia tomado uma decisão.

Levantou, tomou um banho, colocou um jeans, camiseta e foi procurar Gustavo, seu primo e única pessoa em que podia confiar para pedir ajuda.

Gustavo olhou e sorriu.

_ Oi Julie... Que cara é essa? O que foi, brigou com o Raul?

Juliana encarou por um segundo e sem preâmbulos disse:

_Preciso de sua ajuda para fazer um aborto!

Gustavo tentou disfarçar a surpresa, mas Juliana viu a variedade de emoções que passava em seu rosto.

_O que você disse? _Indagou sentando-se na cama e passando as mãos nos cabelos castanhos.

_Tem que me ajuda, Guto, por favor! _Pediu sem olhá-lo. _Não sei onde ir, só sei que não pode ser onde me conhecem...

_Que tal no Japão? _Havia um tom de raiva na voz de Gustavo.

_Estou falando sério, Guto.

_Desculpe, mas é que não posso acreditar no que está dizendo. _ levantou-se e andou pelo quarto. _já falou com o Raul? _Passou as mãos pelos cabelos num gesto nervoso.

_O Raul me trocou por outra e não quer esse filho!

_E você acha que essa é a melhor solução? É isso que realmente quer fazer?

_Não tenho outra opção. _Murmurou. _ Seria loucura tentar criar um filho sozinha...

Dois dias depois acompanhada de Guto chegava a clínica, ao ver o médico se aproximar com uma seringa na mão, ela começou a tremer e, mesmo sem querer, começou a chorar.

O médico aplicou a injeção, e ela sentiu-se flutuar, estava destruindo uma vida que apenas começava. Iria assassinar seu próprio filho. O filho do homem que amava. Atordoada, ela ouviu uma voz gritar:

Quando O Amor AconteceOnde histórias criam vida. Descubra agora