O Hospital

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Ao caminhar pelas ruas mal iluminadas da cidade, Jeferson não parava de pensar em muitas coisas. O que martelava constantemente em sua cabeça era o fato de que aquele dia se tornara o pior dia de sua vida. Com certeza tudo convergira para o mal. O término do namoro por carta. O encontro com seu ex no beco escuro. O abandono do Brian. Parecia mesmo que estava tudo isso tão bem, que ele até esquecera por algumas horas na companhia do garoto ruivo que algo poderia dar errado.

Estava ele aproximando-se da praça principal do bairro onde morava, quando percebeu uma algazarra vindo do centro da praça. Logo notara alguns elementos fumando, outros bebendo o que parecia serem garrafas longneck de cerveja. Vou passar o mais longe possível. Não quero problemas.
Pensava alternando sorrateiramente sua rota. Quando ouvira frases como "Olha a bichinha passando gente". Apressou o passo enquanto os moleques ironizavam algo parecido com "Vem chupar meu pau viadinho".

Porém o que lhe chamou atenção é que um deles havia se aproximado demais vindo em sua direção com uma garrafa nas mãos esbravejando a seguinte frase. "Sabe o que acontece com viado a essa hora? Ou paga pau ou apanha". Eu acho que já posso correr. Pensou Jeferson marcando carreira dali quando parou subitamente antes que por um triz uma garrafa o acertasse, explodindo na sua frente.

O moleque agarrou-o por trás com força a ponto de iniciar um estrangulamento enquanto esfregava suas partes íntimas entre as nádegas de Jeferson que começara a espernear. Já avermelhado, viu outros jovens aproximarem-se dele gargalhando e caçoando. Além de ouvir do estrangulador. "Vai pagar pau pra mim ou quer apanhar viadinho? Hein!". Mas ele não conseguira falar direto devido a pressão em seu pescoço.

"Solta o moleque doido" - gritou um dos caras. O que fez o garoto cair de súbito de joelhos ao chão. Tossindo bastante, recobrara o fôlego.

- Dei... Deixa eu ir... Eu não fiz nada - gaguejava e tossia.

Avistou de relance o estrangulador tomar a garrafa de cerveja do seu colega e xinga-lo fortemente. Voltando para ele, apertando seus órgãos genitais visivelmente ereto até se aproximar mais de sua vítima.

- E aí tá pronto pra pagar pau pra nós? Hein. Daí nós te libera - começou descaradamente a desafivelar seu cinto enquanto alguns de seus colegas  assistiam aquela cena intactos.  Dois deles seguraram firmes a vítima para que não tentasse fugir.

-  Sae daqui seu nojento - gritou Jeferson, cuspindo o mais perto perto possível em seu agressor.

Um acesso de raiva tomou conta do estrangulador enquanto apertava o cinto de volta. "Soltem ele". Ouviu dizer aos outros. "Saiam já daqui". Ouvira também. Dando as costas para Jeferson os moleques começaram a se espalhar. E de repente, ao dar as costas para Jeferson, o estrangulador virou-se abruptamente para ele desferindo um golpe letal em sua cabeça com uma garrafa.

O  estampido da garrafa arremessada contra  a cabeça do garoto chamou a atenção dos outros moleques  que entraram em estado de alerta. "Você está louco"   e "vai matar  o cara"  e também "bora vazar daqui" foram  as últimas palavras que Jeferson ouviu naquele momento de dor. Ao elevar suas mãos a testa, sentiu o sangue lavar suas duas mãos. Um estalido enorme dominava seus tímpanos, invadindo sua mente. A sua visão turva já tirara sua percepção de mundo. Estaria ele morrendo?

Dois dias depois...

Um clarão tomou conta de seus olhos, enquanto tentava enxergar o mundo a sua volta. Não estava morto. Estava desmaiado e ficara desacordado por dois longos dias. Naquela sala ele reconhecera a maca, os equipamentos e uma mulher alta e elegante com seus salto-altos vermelhos. Era sua mãe, conversando com um homem de jaleco que parecia muito mais um médico ou enfermeiro. O que é isso. Por que eu estou nesse hospital. Um estalo na cabeça o fez perceber o que tinha acontecido. Lembrava-se de tudo. Começou a resmungar quando vieram até ele.

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