Capítulo 1- Guardei o amor

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— Okay, eu aceito.

— O quê? ­— o susto foi tão grande que tive um pequeno ataque de tosse seguido de uma belíssima queda da minha cama. — Está falando sério? — questionei usando os cotovelos como apoio, segurando o celular com uma mão e a bombinha com outra.

— Sim, mas você vai me ajudar com algo em troca. ­— ele puxou uma respiração profunda. — Passo na sua casa em vinte minutos. — encerrou a ligação.

Arregalei meus olhos. Nunca, nem em um milhão de anos eu poderia imaginar algo assim. Hinata Shouyou não poderia me surpreender mais, sorri abobalhado, com essas simples palavras eu tinha ganhado meu dia.

Me chamo Tobio, Kageyama Tobio. Tenho vinte anos e sou pintor. Minha vida era perfeita, até há algum tempo atrás quando por nenhum motivo específico ou plausível, perdi meu norte com relação a arte, minha primeira paixão. Tentei de tudo para retomar, mas foi impossível. Nada fazia sentido, não conseguia finalizar nenhum dos meus quadros e para completar minha desgraça, o dia da minha exposição estava chegando e eu tinha um total de zero obras para exibir.

Foi então que eu o vi pela primeira vez. Naquele momento eu sabia que nossos destinos estavam traçados, ele era o que eu mais ansiava, minha obra-prima mais convicta, minha mais nova inspiração, minha musa de cabelos cor de fogo. Desde de que o vi eu sabia que precisava pinta-lo. Era algo tão forte que se tornou uma necessidade tão básica quanto respirar. O grande problema morava na aversão da minha futura obra-prima em posar para mim. Tentei convencer Hinata de várias maneiras, ele como um amante da arte devia entender meu lado, mas foi o exato oposto. O pequeno ser era fissurado por capturar momentos ou pessoas com seu minúsculo objeto de trabalho, mas se recusava terminantemente a está em outro lugar que não fosse atrás da sua câmera.

Isso até essa última semana. Eu como sempre estava atrás dele pedindo menos de uma hora do seu tempo para o que seria o trabalho da minha vida, mas ele nem fazia questão de considerar meu pedido. Então algo mudou. Não sei o que e nem como, mas hei, eu não iria protestar agora que consegui o que tanto almejava. Cavalo dado não se olha os dentes.

Ele chegou realmente dentro de contados vinte minutos. Meu estúdio já estava pronto bem antes, não que eu secretamente esperasse por isso a tanto tempo que nem podia contar.

­— O que exatamente eu preciso fazer?

— Praticamente nada. Só existir por um tempo quietinho naquele sofá. — o ruivo estreitou os olhos. — Não que eu esteja reclamando nem nada, mas o que te fez mudar de ideia depois de semanas?

— Você é muito curioso. — ele suspirou.

— Faz parte da minha natureza. — dei de ombros. — Quer comer algo antes? Isso pode demorar um pouco. — ele negou com a cabeça e foi se sentar no sofá.

Rapidamente comecei a traçar alguns esboços, mas parei quando cheguei no seu rosto.

— Assim vai ser difícil. Não que eu desgoste dessa sua nova versão melancólica super triste, mas o que realmente queria retratar não era isso.

— Isso vai ser complicado então. Você quer uma foto ou algo assim?

Meu rosto deve ter demonstrado o insulto da proposta pois imediatamente ele se arrependeu de perguntar.

— Me ofende que cogite essa possibilidade. Minha intenção é transmitir minhas emoções em meus quadros, pintar uma fotografia só transmitiria minha repulsa por tal método. — Hinata ficou roxo.

— O que quer dizer com isso?

— Somente o óbvio, desprezo totalmente essa maneira vulgar de expressão de arte.

ShouyouOnde histórias criam vida. Descubra agora