Ruby

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Ruby narrando.

Quando amanheceu o dia, quando botei os pés para fora do quarto pude ver a correria que estava. Eu estava me direcionando a sala de jantar para tomar café quando uma criança chegou em mim e me pediu uma foto, eu olhei para os lados assustada e bati a foto que ela pedia e depois disse segui o meu caminho.

Ao chegar na sala de jantar me sentei e comecei a tomar meu café da manhã, quieta e olhando todos sorrirem para mim. Mas o que diabos está acontecendo? Quando me levantei Sophie apareceu na sala e veio direto a minha direção.

- Seu agente está lhe procurando! - ela cruzou os braços me olhando.

Eu me engasguei a olhando e tive que tomar um copo de água para ver se eu parava de tossir. Só pode ser brincadeira, não é possível.

- Luciano o quê? - eu a olhei ainda meio marejada com o meu engasgo.

- Ele está lá fora com vários fotógrafos, câmeras, dizendo que Ruby Sheridan a grande voz está aqui e está fazendo propaganda para o hotel, não que isso seja ruim, mas vovó, a senhora prometeu que iria mudar. Eles estão causando um alvoroço no hotel que era para ser em homenagem a mamãe.

- Eu mato o Luciano, eu falei a ele que não teria show's, entrevistas e nem que eu iria expor você agora, não agora. - tive que sair correndo da sala e ir para fora achar Luciano, e quando o encontrei não deixei de medir esforços para botar para baixo.

- Ruby, querida! - cínico, mil vezes, cínico.

- Luciano com que direito você vem atrás de mim quando eu digo que estou com a minha família, que minha neta precisa de mim, que a minha filha morreu a um ano e eu estou aqui por eles? Acho melhor me explicar por que está aqui.

- Ruby, querida, acho que não se lembra mas hoje é aniversário de sua carreira. - quando ele me lembrou que dia era tive que me por um passo atrás, não era possível que a essa altura do campeonato eu tenha que comemorar a minha carreira.

Eu olhei para trás e estavam todos ali, Soph, Fernando, Sky, Tania, Rosie, Bill, Sam, Henry, todos mesmo. Eu voltei a olhar meu agente e desejei que ele nunca tivesse nascido.

- Ótimo mais um ano para a minha carreira, mas precisava vir até aqui para me lembrar disso? - eu estava muito séria, Luciano as vezes me da nos nervos. Eu só espero que ele não tenha trago o meu álbum novo com a música de Fernando porque aí sim o meu dia estava arruinado.

- Bom na verdade eu vim por isso, pela intrevista que quero fazer a todos aqui presentes, principalmente a sua família e trouxe o seu novo álbum. - sorrindo me olhando e apontou para atrás de si.

- Eu te odeio de mais Luciano, não tens noção. - me sentei na minha cadeira de set. - Sério que até minha cadeira você teve que trazer? - bufei e olhei para a minha neta.

Sophie olhava tudo encantada, ela parecia querer a mesma coisa mas estava acanhada, não sabia por onde começar, como eu. Se ela quiser eu deixo tudo a ela e ao meu futuro neto, meu legado.

- Soph? - eu a chamei e ela veio até mim. - Esse aqui é Luciano, meu agente. Ele quer saber meu amor, antes de começar a fazer o que não deve, se ele podes gravar uma entrevista sobre a minha carreira aqui. Eu não queria que isso acontecesse agora, mas como eles estão aqui. - revirei os olhos e sorri.

- Claro vovó, mas quem eles vão intrevistar? - ela segurou a minha mão a olhando.

- Vocês, meu docinho. - Luciano se intrometeu na nossa conversa e eu o olhei com uma cara de demônio. Ele ainda irá apanhar de mim.

- Ok, claro. Hãm. Principalmente o Senhor Cienfuegos que a conhece desde 1959, né vovó? - Sophie olhou Fernando e olhou Luciano sorrindo.

- Soph! - olhei para a minha neta e me levantei. Pude ouvir Fernando parando de falar quando Sophie falou isso.

- Claro, Senhor Cienfuegos, venha até aqui. - Fernando foi até onde estávamos e olhou Sophie. - O Senhor será o primeiro a falar sobre a vovó. - sorrindo, Sophie estava sorrindo.

Eu voltei a me sentar e olhei Fernando quieta. Fernando tinha um modo de fazer as coisas e de me olhar que era diferente do menino em que conheci em 1959.

Estavam arrumando meu cabelo, minha maquiagem enquanto eu estava sentada em minha cadeira, Fernando estava de pé  a alguns metros de mim e às vezes nossos olhares se cruzavam.

Estavam arrumando meu cabelo, minha maquiagem enquanto eu estava sentada em minha cadeira, Fernando estava de pé  a alguns metros de mim e às vezes nossos olhares se cruzavam

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Quando começaram a gravar, ali no pátio mesmo, eu estava sentada ao lado de Fernando e todo o resto estavam atrás das câmeras olhando para os dois conhecidos ali na frente. Cienfuegos começou a falar de como nos conhecemos, mas ocultou a parte em que eu era casada e que fugiamos a noite.

- Ruby era uma jovem cheia de vida, ela sempre teve esse desejo enorme de cantar e poder ser reconhecida mundialmente. Hoje ela conseguiu isso, com o próprio esforço, coragem e voz para aguentar esse mundo machista de hoje em dia. - ele me olhou e voltou a olhar para a câmera. - Aposto que essa família é repleta de grandes vozes, Ruby, Sophie e aposto que Donna era uma grande mulher, pena que não está mais entre nós. - tive que segurar a mão de Fernando forte olhando diretamente para a câmera quieta. Sei que todos viram e quem está em casa, meus fãs irão ver também e irão querer explicações.

Quando a vez de Sophie chegou ela se sentou toda meiga e com alma de menina. Sophie tinha esse dom, todos eram cativados pelo carisma dela. Ela segurou a minha mão durante toda a fala dela e não planejou soltar.

- Minha avó não foi tão presente na minha vida, não de uma forma comum. Sei que os motivos que Ruby Sheridan tiveram tem um grande significado hoje. Quero que minha avó possa ficar muitos tempos mais conosco, para compensar nem que seja uma partezinha da falta que minha mãe faz. - Sophie olhou para mim com lágrimas nos olhos. - Você é grande vovó, o amor da nossa família é grande, só faltaria duas pessoas conosco. - ela sorriu e me abraçou apertado já chorando, eu a segurei e pedi que parassem até minha neta se recompor.

Fernando estava de lado olhando nós duas, com aquele ar de suspeita, mas não querendo perguntar quem era a outra pessoa em que Sophie falou. Nossos olhares se cruzaram e eu pude ver que ele pedia para que eu parasse de ser a tradicional artista e que o seguisse.

- Soph, meu amor, eu já volto meu anjo. - beijei a testa de minha neta e me levantei indo atrás de Fernando. Talvez tivesse ficado muito na cara quando os dois saíram no mesmo momento, mas de minha vida cuido eu e assim será.

Sophie estava nos olhando quando saímos e ela deu um mínimo sorriso e olhou o marido, Sky. Eu queria que nada o que um dia eu sofri a minha família, pelo menos o que sobrou dela e o que virá, não precise passar pelo mesmo.

- Fernando eu preciso falar antes que eu acabe explodindo. - ele ficou me olhando atento.

- Podes falar! - eu estava toda trêmula e mexendo as mãos compulsivamente todo o segundo.

- Donna, Donna é a sua filha. Tivemos uma filha juntos e agora ela está morta, Fernando.

México, 1959!Onde histórias criam vida. Descubra agora