Uma promessa

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Sophie narrando.

Meus avós maternos estão juntos. Vocês vêm como essa pequena frase com dois verbos fazem meu coração se encher de amor?

Quando eu era criança sentia falta daquele amor de avó, dela fazer tranças no meu cabelo, me ajudar a me arrumar para ir para escola. Eu senti falta de tudo isso. Agora eles estão aqui, isso o que importa.

Noite passada fiquei muito enjoada, Sky ficou muito assustado com o meu estado, mas expliquei que pelo o que eu sei isso é normal. Fiquei a noite toda acordada olhando o teto e pensando em como minha mãe sofreu sozinha, sem a presença de um exemplo no lado dela.

Nessa manhã levantei e fui me arrumar como de costume, quando sai do quarto pude ver minha avó indo em direção a praia, descendo as escadas com aquele roupão preto enorme. Fui para a beira e a segui mantendo uma distância não muito próxima.

Ruby Sheridan, ainda é um mistério para mim. Mesmo ela sendo minha avó materna, sangue do meu sangue, ela é uma estranha. Eu quero entende-lá, saber mais sobre ela.

Vovó se sentou na areia e ficou olhando a água sorrindo. Ela estava sorrindo para a água, dá para acreditar?

- Oi Soph! - ela falou sem me olhar ou saber que eu estava ali. - Te vi chegando.

- Oi vovó. - fui até ela e me sentei ao seu lado. - O que foi? Está sozinha aqui.

- Queria pensar, meu empresário está me incomodando para uma turnê. - ela me olhou e suspirou voltando o olhar para o mar. - Não queria te deixar agora que está quase tudo resolvido.

Era isso então, ela tem outra turnê e não quer ir. Pelo menos não agora. Calma.

- Vovó e se eu fosse junto? Eu preciso mesmo ir ao médico saber sobre o bebê. Sky quer... Mas e meus pais?

- É por isso que eu não quero que vá, você tem uma família enorme aqui e lá fora sou apenas eu e minhas músicas, nada mais. Apesar que essa pode ser, pode ser a minha última turnê.

- Calma, calma vovó, o que quer dizer com última? Você ama o que faz vovó, pra que parar?

- Tudo o que eu mais quis na minha vida foi cantar, mostrar para o mundo que uma mulher pode chegar onde eu cheguei, mas agora, eu perdi o que me fazia querer isso todos os dias, perdi a anos atrás o que me deu esse presente que era a sua mãe. Eu não tenho mais sentido, meu amor!

Eu estava olhando a minha avó frágil, quebrada, sem nenhum suporte. Os Sheridan tiveram, tem um grande significado, toda a história da minha avó e de Guilherme, meu "avô".

- Eu quero cantar com a senhora! - falei por impulso o que eu mais queria quando a minha mãe me contava que minha avó estava em turnês.

- Você o quê? - ela me olhou e encheu os olhos de lágrimas. Ela precisava voltar acreditar nela mesmo. - Sophie eu não quero estragar a sua vida aqui. - olha ao redor. - Isso aqui foi a sua casa durante anos, 25 anos para ser mais precisa, não quero torná-la infeliz.

- Vovó, a mamãe sempre acompanhou suas músicas, suas turnês. Ela me falava que uma das integrantes da família era famosa, mas ela havia nos deixado, foi o que eu acreditei durante anos. Quando eu cresci, eu queria descobrir quem era aquela voz que a mamãe passava os dias ouvindo e muitas vezes não queria me deixar olhar as fotos.

Ela estava me olhando quieta e tentando inutilmente limpar o rosto com as lágrimas que caíam. Ela realmente não sabia de nada.

- Eu fui para a capital uma vez com umas amigas, Ali e Lisa, e elas me mostraram quem era aquela voz que a mamãe escutava. Você era a única voz, vovó, a única que se ouvia em todos os barzinhos que havia. Sua foto dos álbuns era colado por todo o lugar. Eu ouvi uma vez o seu nome em uma conversa da mamãe e das minha tias. Rosie e Tanya. Ruby Sheridan.  Eu sabia que era você quando elas disseram isso e logo após a Tia Rosie me viu e ficou quieta.

México, 1959!Onde histórias criam vida. Descubra agora