Texto 1: Carta à humanidade

21 1 0
                                    


"Saudações meus caros,

Eu sou a história. O último suspiro de seus antepassados. Através de mim que revivem reis, conflitos são recriados, sociedades se desenvolvem conforme o tempo. Sendo assim, eu sou a personificação do passado, pela qual o ser humano relendo sobre suas ações, refletiria suas consequências e buscaria uma alternativa. Pelo menos foi o que eu acreditava, até o ser humano me provar o contrário. Durante a noite do dia 2 de setembro, um de meus filhos, o Museu Nacional, morreu. Ele ficava localizado na Quinta da Boa Vista, zona norte do Rio de Janeiro, e tinha acabado de completar 200 anos. Era meu bebê, mesmo sendo o quinto maior.

Sua morte é inestimável e o que é mais angustiante é que além de me tirarem meu filho, querem me dar uma cópia dele. Como se arrancar, renunciar, abandonar e desprezar por incontáveis anos o meu filho pode ser resolvido com uma mísera reconstrução. Isso trará de volta os artefatos que meu filho possuiu? Será mesmo que toda essa habilidade que você aprendeu estudando os erros do seu passado comigo lhe fez hábil o suficiente para ressuscitar minha amiga, a imperatriz Leopoldina, para "reconstruir" a Independência do Brasil? Eu acredito que não. Do mesmo jeito que você não trará Luzia nem as plantas e dinossauros de volta. Além disso, sei que onde Dom João VI estiver deve estar aos prantos por tamanha atrocidade, todos os artefatos, dados a ele, tomados pelas chamas.

Devido isso, fica claro a evolução de tamanha imbecilidade e crueldade que vocês tiveram com meu filho, que lhe pediu socorro, afinal havia se enrolado, mas amarras do trabalho tempo e estava prestes a se enforcar. Você negou ajuda a ele que foi pedida por mim, meus estudantes e meus professores. E você, homem, ainda acha que isso vai apagar tudo o que me fez? Isso é ultrajante! Eu sei das atrocidades que você cometeu, pois conheço você. Como também, sei que isso somente o levará a destruição. Isso é um conselho e um aviso, mas saiba que nunca esqueço ou estou errada.

Assinado, Mãe História"

Various Tales (Contos)Where stories live. Discover now