Um encontro indesejado

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A cidade de pedra amanhece cinza com o céu carregado de nuvens, onde a chuva fina cai sem parar, Karina como de rotina após a missa das 8:00 da manhã, segue em busca de seu ganha pão que nada mais é que: programas discreto pelas ruas do centro velho.

Ela é abordada pelo um suposto cliente que sugere um programa, ambos vão para um hotelzinho da avenida Senador Queiroz e Karina com toda a experiência se mostrava tranquila e se prepara para saciar as vontades daquele homem, entre as quatro paredes do lugar.

Mas para a surpresa de Karina aquele homem saca de uma faca e vem em sua direção pronto para golpeá-la. Só deu tempo de Karina ficar de pé em cima da cama e saltar pela janela, pois como conhecia bem o lugar, sabia que estava no primeiro andar e como de costume deixavam sempre as janelas sem as travas.

Karina despenca nua da sacada do hotelzinho e se espatifa na calçada, já esperando pelo pior, o sujeito desce as escada rapidamente na intenção de concretizar o atentado. Mas Karina estava no seu dia de sorte, porque assim que caiu, pessoas que passavam por ali no momento, fizeram uma roda em volta dela, pedindo que não se mexesse e que já estavam chamando pelo socorro.

Nesse ínterim o homem fugiu, atravessando a avenida, sentido a estação Júlio Prestes.

Karina é socorrida pelo Samu e paramédicos que a envolve em um cobertor térmico, e a encaminham até ao mais próximo pronto socorro da região.

Após ser atendida na emergência com leves escoriações, Karina permanece em observação, e como não era nenhuma novidade o investigador Cavalo aparece em seu leito. E assim que entra já vai disparando uma série de perguntas :

- Ora ...ora! - Se não é a representante maior das meninas do centro velho. Não vai me dizer que também surtou !

- Não, não surtei não, fui atacada mesmo.

- Mas desta vez vai colaborar com a Polícia não vai?

- Sim, na medida do possível é claro.

- Pois bem, pode me relatar oque ocorreu naquele hotelzinho de Quinta.

- Claro, não temo e não devo nada a ninguém.

- Ótimo, pode me descrever o sujeito.

- Sim. Moreno alto,dentes separados quando ri, ao mesmo tempo que ri, fecha a cara e na testa cria-se um V ao contrário.

- Meu Deus! Em todos esses anos de carreira policial,nunca presenciei uma vítima descrever alguém dessa maneira, mas tudo bem continue.

- Ora Cavalo, essa é aparência do sujeito. E outra...jamais esqueceria aquele sorriso falhado e de sua ira quando sacou aquela peixeira.

- Prossiga Senhorita Karina.

- Tudo bem... ele tinha uma aparência tranquila e ao mesmo tempo perturbadora, pois sussurrava algo que eu não conseguia escutar e nem mesmo entender. Pensei que era o meu dia de sorte, pois logo pela manhã conseguir um programa, e o interessante é que ele não perguntou em momento algum, qual seria o preço.

- É muito estranho mesmo, mas me conte mais, porque desta vez creio que conseguiremos colocar a mão no safado. Direcionei várias viaturas e homens a paisana nas mediações aqui do centro, vigilância nas principais vias de pedestres, embarque e desembarque de passageiros. Enfim a Polícia está empenhada na captura do sujeito que persegue, não só a vocês, mas outras vítimas por ai a fora.Desabafa Cavalo.

- Graças à Deus e a Nossa Senhora escapei com vida, um dia ainda Largo essa vida e tudo vai ficar bem. Afirma Karina.

Enquanto Cavalo recolhe mais informações de Karina, do outro lado da cidade, Verônica se encontra radiante de alegria, pois tivera o resultado de seus exames médicos e desabafa em voz alta:

- Estou limpa! Limpa! Uhuuu eu sabia, eu sabia que o cara lá de cima me daria mais uma chance.- Agora para completar só falta Ellen sair daquela clínica horrorosa.

- Vou ligar para a Joaquina para irmos visitar Karina.

- Alô Jô .

- Fale Verônica.

- Você está disponível hoje a tarde.

- Mais ou menos, por quê?

- Eu queria companhia para visitar Karina!

- Mas o'que aconteceu com ela? Pergunta Joaquina.

- Menina vai me dizer que não sabe.

- Não o'que houve?

- Ela sofreu um atentado.

- Você está brincando...

- Antes se fosse, mais é sério. Estou indo para lá, vamos?

- Sim.

- Então venha, porque eu tenho muitas novidades para te contar no caminho.

Elas até tentam esconder, mas na verdade estão morrendo de medo. A cada ataque do maníaco deixa uma dúvida no ar. Até quando! Quais os motivos levam o sujeito a agir dessa maneira. Será que se trata apenas de um feminicídio ou o assassino procura se vingar de alguém, que atua na promiscuidade de uma vida frágil.

Por que perseguiria as meninas da Luz e as meretrizes do centro velho, elas que passam quase invisível perante aos olhares da sociedade. Enfim são tantas perguntas sem resposta, enquanto isso a vida segue e no Museu da Língua Portuguesa, pombas com um revoar sincronizado esperam a chegada das quatorze horas.

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Entre Concretos & Lençóis (Em Edição )Onde histórias criam vida. Descubra agora