Capítulo 23 - Ternura

4.3K 555 100
                                    


Svan terminou de verificar os estábulos naquela manhã surpreendentemente ensolarada. Ele não havia tido perdas ali, mas o local necessitava de uma nova reforma para reparar os estragos.

- Obrigado por vir nos ajudar, irmão.

Skoll deu-lhe um sorriso brilhante acariciando o focinho de um cavalo amarronzado.

- Minha aldeia está em uma situação parecida com a sua, Svan. Temos enfrentado tanta água como vocês... Mas não tivemos o mesmo nível de destruição que vocês sofreram... Eu sinto muito pelas perdas.

Svan deu-lhe um aperto no ombro.

- Obrigado pela consideração. Desculpe perguntar dessa maneira, mas por que motivo veio nos visitar?

O líder dos Ulfhednar pensou um pouco antes de respondê-lo. Svan parecia não notar realmente seu motivo para estar visitando-o, porém ele tinha de colocar as cartas na mesa e fazer a sua jogada. Sabia o quanto o vilarejo de seu amigo havia sofrido, mas ele não iria dar com o pé atrás e esquecer-se de seu povo sofrendo também. Embora não fosse tão pior quanto aqui, este era um momento de ser um pouco egoísta. Ele sabia que Svan provavelmente iria precisar de riquezas e bens para reconstruir a vila e manter a economia, o que lhe era uma chance.

Skoll estava prestes a dizer-lhe algo, quando a expressão de Svan tornou-se estranha. Os olhos dele mudaram para algo atrás de Skoll. O homem lobo sentiu um cheiro adocicado, porém não enjoativo. Era uma mistura entre flores silvestres, selva e o frescor de um riacho.

Que estranho, pensou. Afinal com seu faro estupendo, ele nunca antes sentiu um aroma como esse. Ele se virou em seus pés e ficou surpreendido com o jovem que estava um pouco atrás da porta do estábulo. Ele parecia querer se esconder, ao mesmo tempo em que era óbvio percebê-lo ali.

- Meine, saia daí. - Svan rosnou profundo em suas palavras.

Skoll nunca antes havia visto essa expressão no rosto do Berserker, sequer essa forma de reagir.

Ainda permaneceu observando e seus olhos se arregalaram quando uma figura diminuta saiu detrás da porta do estábulo. A luz brilhante do sol iluminava através de madeixas tão louras quase brancas, o cabelo liso e brilhante que parecia suave e sedoso ao toque. Sua pele era tão alva como a neve, não tão normal como Skoll estava acostumado a ver em ruivos e pessoas loiras, aquele era um albino. Totalmente diferente de qualquer um que Skoll antes já vira.

O jovenzinho tinha seus olhos escuros emoldurados por cílios grossos, longos e loiros, sobrancelhas definidas de mesma cor dos cabelos. Lábios avermelhados e um rubor próprio em suas bochechas fofinhas.

Porém, torceu as sobrancelhas em desgosto por ver uma criatura tão bonita com uma ferida como aquela em seu rosto. O olho esquerdo do garoto estava minimamente aberto, parecia um pouco inchado, porém não haviam mais cortes, exceto por uma pequena atadura na sobrancelha. Uma mancha arroxeada fazia um enorme contraste em torno do olho. Parecia tão doloroso.

- O que te aconteceu, Meine? - A aura em torno de Svan se tornou penosa e havia dor em seu ser. Foi o que Skoll percebeu no homem. Uma extensa mancha de preocupação o ocupava, enquanto ele ignorou o líder amigo, para se aproximar do garoto loiro.

Skoll olhou melhor a criatura diminuta, notando suas orelhas pequenas e pontudas, identificando rapidamente que era um elfo.

- O que um elfo faz em suas terras, Svan? - Perguntou em um misto de confusão.

Svan parecia tão preocupado que não lhe deu qualquer atenção.

- Eu... Uh... - Os olhos do menino se encheram de lágrimas. Ele olhou em Skoll com medo, mas ganiu em dor por seu olho ferido.

Phaeleh I (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora