Capítulo Dois

233 28 8
                                    


    Eram anúncios de todos os tipos, desde festas universitárias, animais encontrados ou desaparecidos assim como diversas propostas de aluguel de quartos para estudantes. Talvez fosse essa a minha solução. Eu não tinha grana para locar meu próprio apartamento, mas um quarto não era tão longe de minha realidade. Anotei todos os números disponíveis e pela primeira vez na semana sorri de maneira sincera. Em minhas mãos eu tinha diferentes oportunidades de um futuro, eu só precisaria discar e ir atrás. Pela primeira vez em 22 anos eu estava sendo independente.

    Ta, talvez não fosse tão fácil. Já tinha ligado para quase todos os números e me restavam apenas três, eu já estava perdendo as esperanças. Sempre aparecia algum problema que variava de acordo com os números, e nem mesmo uma visita pra conhecer o lugar consegui marcar. Peguei um anuncio de quarto que dizia ser unissex, bem simples sem explicar muito sobre o quarto, local e tudo mais, apenas um numero de contato. Rezei para todos os santos conhecidos por mim antes de discar aquele numero, já que se nenhum deles desse certo eu voltaria à estaca zero.

Xxx – Alo? – Escutei uma voz masculina ao atender o telefone e já me entristeci. E se fosse outra republica masculina que não aceitasse meninas?

Eu – Oi. Meu nome é Dayane e liguei por causa do anuncio de aluguel. O quarto ainda esta disponível?

Xxx – Pô bicho, colocamos o anuncio hoje. Ta disponível sim. Cê tem alguma pergunta ou quer vir olhar o apartamento pra ver certinho as questões de preço e tudo mais pra ver se você concorda, gosta do lugar e tal? – Oi? Será meu sonho? Só pode que vai ser o preço de um apartamento o aluguel desse quarto.

Eu – Cara, pode ser sim. Me passa o endereço e o horário que eu posso ir.

Xxx – Seguinte, to saindo da aula, daqui uma meia hora to em casa. Te passo o endereço e você pode aparecer por lá ainda hoje. Pode ser?

Eu – Claro. Pode sim.

Xxx – Esse é o numero do teu whats?

Eu – Sim, sim.

Xxx – Beleza, te passo o endereço por mensagem. Valeu?

Eu – Valeu, muito obrigada! – Nos despedimos e ele desligou a ligação. Não tava acreditando que deu certo. Eu iria ver um apartamento, sozinha. Por conta própria. Poderia até não dar certo, mas me senti tão feliz que eu estava tomando as rédeas da situação. Senti meu celular vibrar com a mensagem de um numero desconhecido.

Xxx – Hey, é o Vitor do apartamento, é só avisar ao porteiro que ele te deixa subir. – Mandou logo em seguida a localização, e eu já chamei um uber naquele mesmo instante. Acho que nunca havia estado tão ansiosa em toda minha vida.

    Troquei de roupa e tentei ficar o mais positiva possível sobre a situação, até porque não fazia a mínima ideia de qual seria o desfecho, mas cara, isso já era algo muito grande para mim, e eu estava feliz com isso. O uber chegou e assim que embarquei comecei a pensar em todas as perguntas que deveria fazer, o que avaliar no apartamento, como deveria ser meu provável colega de apartamento e tudo mais. A animação me consumia, mesmo não sabendo se realmente daria certo, mas eu estava tentando.

    Quando cheguei ao endereço dado reparei que o prédio em questão se encontrava realmente perto da universidade, assim como parecia estar muito bem localizado em questão de outros estabelecimentos necessários para se viver. Era possível ver mercados e farmácias nas proximidades, então não precisaria de carro ou ônibus para necessidades básicas, sem contar que era tudo muito bonitinho. Até praça tinha ali, cheio de jovens provavelmente estudantes. Parecia uma mini cidade dentro de São Paulo para universitários. Impossível não gostar.

    Conversei rapidamente com o porteiro do prédio que liberou minha entrada demonstrando ser muito simpático, e fiquei extremamente feliz ao adentrar a um elevador com um grande e maravilhoso espelho. Já poderia me ver tirando fotos por ali. Parei em frente a porta de numero 303, pensando seriamente se batia ou não. Era aquilo mesmo que eu queria? Porque agora a ideia de voltar para Goiania junto ao colo de minha mãe me parecia uma boa opção. Mas não, eu precisava fazer isso para provar a todos que eu poderia. Então com toda a coragem do mundo toquei aquela campainha só esperando que a porta se abrisse.

Xxx – Olá, Dayane né? – Jesus, belos cachos.

Continua... 

Lost For YouWhere stories live. Discover now