I - Vida simples

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– Mas pai, eu não sei por quê eu preciso conhecer ela. Não quero me casar. – Paladin reclamou sentado em seu banco favorito. Seu pai, o Velho Andrew, fumava um cachimbo olhando para um bando de pato andando ao longe. Filho e pai se encaram por alguns segundos. – Não vou me casar com ela.

– Pare com isso, garoto. Não tem nada a ver com ela. Eu preciso que você se case para que o pai dela concordar em vender as 50 cabeças de gado dele para mim. Nós precisamos desses animais. As plantações estão morrendo e eu não tenho mais idade para cuidar delas, você é um inútil quanto a cuidar de uma fazenda, nem trocar uma ferradura sabe. – ele pausa para tragar o cachimbo, recebendo um olhar de desgosto do filho. – Por isso que você vai se casar, e nem Deus sabe como ela aceitou isso.

Os dois homens ficaram mais alguns minutos sentados na frente da casa observando os patos. O rapaz com sua camisa simples com uma calça de saco, e seu pai com uma camisa de botões gasta e um colete que um dia já foi azul.

Seguindo numa carroça de mulas, Velho Andrew e Paladin seguiam para as fazendas Wilker. Duas horas de viagem onde nenhum dos dois disse nada além de apontar o caminho certo para o que estivesse conduzindo.

Diante da porteira, viram uma dúzia de homens grandes trabalhando no campo. Alguns cortando feno e outros carregando-o em carroças baixas para serem levados para Porto Salgado. Um halfling velho segurando uma escopeta de dois canos os esperava.

– Vocês realmente demoraram para chegar. Já estava achando que ia ter que sair atrás de vocês.

– A mula não está muito bem, o rapaz aqui não cuidou direito dela essa última semana, estava muito ansioso por vir.

O velho halfling riu alto de tal coisa. Observou bem os viajantes. Abriu a porteira e acompanhou a carroça até perto da casa grande.

O Velho Andrew pendurou sua capa e chapéu ao lado da porta e aguardou com seu filho ao anfitrião. Não precisaram esperar muito, um halfling gordo veio pelo corredor de braços abertos, alegre, comprimentando as visitas.

– Sejam bem vindos, bem vindos. Espero que tenham feito boa viagem. Ah, me contem depois, vamos, vamos, o chá está pronto já. – Com isso já empurrando os dois corredor adentro até uma sala com grandes janelas sem cortinas, com uma mobília cara, obviamente herança do velho continente, e uma halfling velha já sentada tomando chá. – Querida, nossos convidados chegaram. Por favor, sirva-os enquanto vou buscar a Caterine.

Paladin se sentou desajeitado na cadeira cara, não sabendo o que fazer direito, recusara o chá. Já o pai se sentiu à vontade, lembrando de como é fácil ser civilizado, assim como quando era jovem.

As cordialidades ditas e o chá servido, agora esperavam apenas o prato principal, a mais nova aquisição do Velho Andrew. E não foi preciso esperar muito, logo a porta se abriu e por ela entrou o grande anfitrião e atrás, como uma flor de inverno dos contos, uma menina. Caterine, filha de um magnata de terras, com seus vestidos babados, de corte fino e simples, maquiagem no rosto, e de saltos baixos, entrou no recinto.

Apresentações foram feitas, todos de pé para saudar a jovem, como manda a etiqueta. Velho Andrew beijou a mão da rapariga, que agradeceu com um aceno de cabeça, mas para Paladin nem olhou. Diferente da reação do rapaz.

Ele nunca foi de encarar, mas tudo no retrato da sua futura esposa os incomodava, quão perfeito eram seus dentes, a graça que ela sentava, até o ajuste perfeito do penteado. Isso sem contar as roupas, tão complicadas que "num incêndio, ela seria a primeira a sufocar". Nada da simplicidade e praticidade de uma fazenda, ele desprezava a ideia de roupas de côrte.

– Afinal, Dom, para quando podemos esperar o casamento? – perguntou Andrew se servindo de bolinhos doces. – Pois uma moça tão bonita escapa muito facilmente se nos demorarmos.

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⏰ Last updated: Oct 18, 2018 ⏰

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