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Junmyeon havia deixado o refeitório, com a desculpa que tinha certas coisas para resolver no jornal da escola. Porém, Jongdae sabia bem que aquilo era mentira, afinal o garoto também trabalhava no jornal junto ao cunhado.

A questão era que o pequeno estava se sentindo meio estranho com aquela conversa toda na mesa. Não sabia muito bem o que deveria fazer depois de tudo aquilo. Parte de si, dizia que era para seguir o conselho dos amigos e convidar Yixing para sair, sua outra metade dizia que era para esquecer aquele assunto.

Junmyeon tinha medo. Como ele tinha medo de levar um não do garoto de cabelos e olhos negros! Ele chegava a ficar amuado apenas por pensar na hipótese de receber um não. Imagina então se ele recebe um então? Choraria por um bom tempo e seu coraçãozinho se partiria em mil pedaços. Estava bem apenas com sua mente fantasiando uma relação inexistente com Zhang, se contentava em apenas admira-lo, com sempre havia feito.

Sofria muito com a pressão que os pais jogam em si, e isso só piorava, faziam suas inseguranças crescerem cada vez mais e mais. Junmyeon tinha tanto de medo de rejeição, de se arriscar, de mergulhar e se aprofundar nas coisas, que o fazia ter um complexo enorme de inferioridade. Este medo era o que fazia sua auto estima baixar-se completamente, pois, ele era muito severo consigo mesmo, sempre almejava ser o melhor que pudesse nas coisas, porque pensava que o povo seria bem pior com ele. Achava que iria sofrer críticas, perdas e abusos que o faria se afastar de tudo e se encolher no seu cantinho, proporcionando a derrota antes mesmo de começar a lutar, pois, já havia perdido tudo por não enfrentar a timidez e o medo.

Podia enfrentar o pai e dizer que não queria nada daquilo para a sua vida, podia enfrentar a mãe sempre que a mesma magoasse o seu irmão, podia ir até Yixing e dizer o que sentia por ele. Porém, não fazia isso por medo das consequências que viriam depois. Tinha medo dos seus pais o espancarem, mas a dor maior seria ser rejeitado pelo garoto que era apaixonado. Por isso se calava e aceitava qualquer coisa, se contentava com coisas pequenas, porque ele se sentia assim, um pequeno peixinho no meio de grandes tubarões.

Junmyeon sempre foi uma pessoa excluída, tímida e muito sozinha, com um complexo enorme de inferioridade. Ele se sentia muito substituível. Mesmo que alguém deixasse claro que se importava com ele e que gostava dele, ainda continuaria com a paranóia de que é insuficiente para a pessoa e que qualquer momento ela irá achar alguém melhor que ele. Não gostava de incomodar seus amigos, pois, pensava que estava sendo chato e que logo se cansariam dele. Sempre evitava pisar em ovos, tentando não falar o que não devia e perder seus amigos. Era sempre muito cauteloso e media todas as consequências de seus atos, tudo isso para não afastar as pessoas de si. Não queira ser aquele amigo chato e irritante, aquele qual quem ninguém suporta. Não queria ser abandonado.

Kim se achava insignificante para todos as pessoas ao seu redor. E isso não é de hoje, vem acontecendo há anos. Às vezes o pequeno chega a acreditar que não faz falta a ninguém, absolutamente ninguém. A vida o deixou amargurado, de uma forma que ele se sentisse para baixo na maior parte do dia. Carregava no peito milhares e milhares de decepções ao longo dos seus curtos anos de vida, e esse doloroso conjunto de decepções residiam em seu coração e insistia em espantar quaisquer resquícios de felicidade proeminente. Todas as suas boas intenções sempre bagunçavam as coisas. Às vezes ele queria apenas fugir. Fugir do navio afundando onde estava. Queria se sentir bem pelo menos uma vez na vida. Só que ainda não se sentia preparado ao ponto de chamar alguém para sair, ainda mais o cara que gostava, seria uma decepção enorme para si receber uma resposta negativa, então preferia viver no escuro.

Junmyeon estava pensando naquilo tudo, enquanto separava algumas coisas que tinha que resolver. Ser presidente do grêmio estudantil não era nada fácil, tinha que tomar decisões em nome de todos os alunos da escola. Agora havia o baile de inverno que aconteceria em duas semanas, ele tinha que correr para organizar tudo e estava praticamente sozinho, única pessoa que lhe ajudava era Jongin, o vice-presidente do grêmio. Havia esquecido completamente daquela tarefa, estava ocupado demais pensando em como odiava a si mesmo e amava Yixing. Ele tinha que arrumar as coisas, precisava da ajuda do moreno, então foi obrigado a mandar uma mensagem para ele. Minutos depois Jongin apareceu na sala do jornal, um pouco afobado.

Insecurity [sulay] ~ threeshotOnde histórias criam vida. Descubra agora