Vila

807 71 14
                                    

Ainda muito jovem,apenas com três anos, eu vi meus pais serem assassinados por lobos da nossa própria alcatéia, meus tios assistiam tudo,sem fazer nada além de observar friamente  e me segurar, fazendo-me assistir tudo aquilo. E no final, eles deixaram os assassinos fugirem.  Não entendia nada naquela época, e não entendi o porquê de meu tio Willis, tomar para si a casa de minha família, e o cargo de meu pai.
Hoje entendo que, ele tomou o lugar de alfa,que era do meu pai, desmerecendo seu posto e manchando a imagem da nossa vila.

Eles me criaram com um punho de ferro, assim tinham orgulho em falar. Me fizeram sua serva...eu era tratada pior que os outros empregados. Não que eu me importasse em trabalhar, mas queria respeito. Os anos passaram e o único amigo que consegui foi Philip, era meu primo,mesmo que só de consideração.   Um dia,um amigo da família chegou aqui,pedindo aos meus tios  cuidassem do garoto enquanto ia numa missão, mas o pai do garoto jamais retornou, então,minha tia Joana criou o garoto se fosse seu.

Ele me ensinou várias coisas já que eu não podia ir a escola. Ele também me protegia das tentativas de abuso de meus primos idiotas. Não que eu não soubesse se defender, mas jamais poderia bater nos meus primos ou seria presa no porão, como aconteceu uma vez. A escuridão me cercou , dentro de mim, a dor, o medo, angústia.

Como eu era uma serva de meus tios,quando a água que era fornecida a vila acabava, eu era obrigada a buscar baldes e baldes no poço perto da floresta. E era aí que eu tinha minha breve  liberdade. Se é que podia chamar assim.

Várias vezes, me aprofundava floresta a dentro. Mas um dia, eu fui mais longe, muito mais longe do que jamais fui. E foi então que descobri. Descobri que eu poderia viver, e não apenas sobreviver, poderia viver todas as aventuras que li em livros, mesmo sabendo que a vida não era um conto de fadas... Eu quis sair daquele lugar, conhecer a beleza e os perigos da liberdade.

Eu prometi a mim mesma, que sairia daquela vila, não importava o preço. Eu seria livre.

                        * * *
Estava em meu pequeno quarto, no sótão.
Olhei para fora, e a escuridão da noite me atormentava, trazendo lembranças terríveis. Ao fechar os olhos, eu via o olhar sofrido dos meus pais, e quando o sono me embalava, ouvia os gritos de dor deles. Eu nunca consegui superar minha perda, nunca consegui deixá-los ir, e isso me fazia sentir culpada. Culpada, pois eu estava lá , e ainda sim não fiz nada por eles.

Mas ainda assim, tendo a vida que tenho, sofrido a perda daqueles que amei, ainda tenho esperança em meu coração, só espero que eu tenha forças para me reerguer, me tornar mais forte, e vencer meus medos.






💙💙💙💙💙💙💙💙💙💙💙💙💙

Oiii... Conversem comigo!

Oq estão achando?

Me dêem dicas...
E críticas CONSTRUTIVAS.

Bjos😘

Thiana A CaçadoraOnde histórias criam vida. Descubra agora