Cap. 3 Garota problema

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Liv Andrade. Escola nova. Onze anos

Estou com meus cabelos presos em um rabo de cavalo alto e minha franja está agora precisando cortar as pontas, ela está abaixo de minhas sobrancelhas. Acabo de me despedir dos meus pais e estou andando rápido até a sala para encontrar minha melhor amiga, Sofia. Cumprimento a coordenadora, algumas professoras que encontro pelo caminho e alguns outros funcionários e alunos. Estou ansiosa para ver minha amiga. Estou chegando perto da porta quando me fazem tropeçar e caio no chão. Olho para cima com raiva, já sabendo quem é o culpado. Bruno está rindo sem parar.

- Você é tão idiota, Alves.

Me levanto. Ele puxa meu braço e segura forte.

- Me chamou de que?

Eu fiquei com medo, mas não deixei que ele percebesse.

- Idiota.

Ele ficou com raiva e me deu um tapa forte no rosto.

- Aiiii.

Coloco a mão no local da batida e meus olhos enchem de água.

- Do que você me chamou? - ele pergunta de novo.

Eu ia responder de novo, quando alguém empurra Bruno na parede, fazendo com que ele me solte e caia no chão.

- Não escutou ou é burro pra entender? Você é um idiota. - Sofia faz sua chegada triunfal.

- Veio defender sua amiga?

- Vim. E se bater nela de novo eu vou bater em você de novo - ameaçou.

Bruno saiu com raiva e eu fiquei encolhida chorando.

- Vem. Vou colocar sua mochila na sala e a gente vai no banheiro.

Ela pegou minha mochila e entrou na sala. Pouco tempo depois ela voltou e fomos ao banheiro. Entramos e eu olhei no espelho a marca que Bruno tinha deixado.

- Nossa... dessa vez foi forte.

- Foi... Sof?

- Oi Liv.

-Por que?

- Han?

- Por que ele não gosta de mim?

- Ele é um idiota, burro e cego.

- Por isso?

- Ele é idiota demais para perceber a garota mais legal que você é. Ele é burro demais para saber que com uma garota legal, a gente cuida e da carinho. E ele é cego por não ver que a menina que ele maltrata é linda e especial.

Eu estava chorando, dessa vez não pela dor, mas por ter tido a sorte de encontrar uma amiga tão incrível.

- Por isso você me protege?

- Sim. Eu não sou idiota.

- Nem burra - completo.

- Muito menos cega.

- Você é linda e é minha melhor amiga.

Nos abraçamos.

- Vamos ir na sala dos professores pedir um gelo. Deve estar doendo.

Ela pegou minha mão e fomos andando pelo corredor vazio, já que a aula já tinha começado. Chegamos a uma porta marrom e Sofia levantou a mão para bater quando eu a segurei.

- O que foi? - ela pergunta.

- O que a gente vai falar?

- Como assim?

- Ela vai perguntar o que foi isso.

- Não Liv. Disso eu sei. O que eu não sei é por que você quer proteger ele.

- Ele vai me bater de novo.

- E eu te protejo de novo. E contamos para a professora de novo.

- Mas...

- Qual vai ser a desculpa dessa vez Liv? Você trombou em alguém? Caiu distraída?

- Sim!

- E você acha que eles vão acreditar? Tem uma marca vermelha de mão no seu rosto.

- Não foi tão sério.

- Não foi... Qual seu problema Liv? Até parece que gosta.

- Não! Sofia, para.

- Me explica por favor. Se você quer continuar assim a gente não pode continuar amigas.

- Por quê?

Me assusto com Sofia, ela nunca tinha falado assim comigo.

- Eu não consigo ver minha melhor amiga apanhar, cair de brinquedos, se machucar e não falar nada. Não posso ficar ao seu lado com isso acontecendo e você se calando. Você escolhe Lívia. Seu silêncio e sua dor sem mim ou resolver contar tudo que acontecer comigo ao seu lado? - ela pergunta com a voz falhada e olhos cheios de lágrimas.

- Eu...

- Se quiser, eu te dou um tempo pra pensar.

Ela começou a se afastar e eu entrei em pânico. Ela não faria isso comigo. Ou faria? Ela já estava meio longe quando corro até ela e a abraço por trás.

- Não! Não! Eu já perdi muita coisa Sof. Não quero e não posso te perder. Fica. Por favor.

Eu comecei a chorar e Sofia se virou. Ela também chorava.

- Promete? Promete que nunca vai me abandonar?

- Sim Liv. Eu prometo.

Sorrimos e nos abraçamos.

- Mas você tem que me prometer que não vai ficar calada. Nem para o Bruno, nem para homem nenhum. Minha amiga não é saco de pancada.

- Eu prometo. Eu só não quero te perder.

- Você não vai Liv. Eu não vou deixar. Agora vem. Vamos cuidar do seu machucado.

Ela pegou na minha mão de forma suave, limpou minhas lágrimas com delicadeza e sorriu. Seus olhos brilhavam e os meus se perderam na imensidão dos brilhantes olhos azuis. Eu sorria e queria chorar mais.

- Não chore. Agora... vamos.

Assenti com a cabeça, e com as mãos dadas, fomos andando devagar até a porta da sala de novo. Sofia levantou a mão e bateu na porta. Dessa vez eu não interrompi. Dessa e de todas as outras. Contanto que ela estivesse comigo, eu faria qualquer coisa. Enfrentaria meu medo.

Para Sempre Seu AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora