Liv Andrade. Escola nova. Onze anos
Estou com meus cabelos presos em um rabo de cavalo alto e minha franja está agora precisando cortar as pontas, ela está abaixo de minhas sobrancelhas. Acabo de me despedir dos meus pais e estou andando rápido até a sala para encontrar minha melhor amiga, Sofia. Cumprimento a coordenadora, algumas professoras que encontro pelo caminho e alguns outros funcionários e alunos. Estou ansiosa para ver minha amiga. Estou chegando perto da porta quando me fazem tropeçar e caio no chão. Olho para cima com raiva, já sabendo quem é o culpado. Bruno está rindo sem parar.
- Você é tão idiota, Alves.
Me levanto. Ele puxa meu braço e segura forte.
- Me chamou de que?
Eu fiquei com medo, mas não deixei que ele percebesse.
- Idiota.
Ele ficou com raiva e me deu um tapa forte no rosto.
- Aiiii.
Coloco a mão no local da batida e meus olhos enchem de água.
- Do que você me chamou? - ele pergunta de novo.
Eu ia responder de novo, quando alguém empurra Bruno na parede, fazendo com que ele me solte e caia no chão.
- Não escutou ou é burro pra entender? Você é um idiota. - Sofia faz sua chegada triunfal.
- Veio defender sua amiga?
- Vim. E se bater nela de novo eu vou bater em você de novo - ameaçou.
Bruno saiu com raiva e eu fiquei encolhida chorando.
- Vem. Vou colocar sua mochila na sala e a gente vai no banheiro.
Ela pegou minha mochila e entrou na sala. Pouco tempo depois ela voltou e fomos ao banheiro. Entramos e eu olhei no espelho a marca que Bruno tinha deixado.
- Nossa... dessa vez foi forte.
- Foi... Sof?
- Oi Liv.
-Por que?
- Han?
- Por que ele não gosta de mim?
- Ele é um idiota, burro e cego.
- Por isso?
- Ele é idiota demais para perceber a garota mais legal que você é. Ele é burro demais para saber que com uma garota legal, a gente cuida e da carinho. E ele é cego por não ver que a menina que ele maltrata é linda e especial.
Eu estava chorando, dessa vez não pela dor, mas por ter tido a sorte de encontrar uma amiga tão incrível.
- Por isso você me protege?
- Sim. Eu não sou idiota.
- Nem burra - completo.
- Muito menos cega.
- Você é linda e é minha melhor amiga.
Nos abraçamos.
- Vamos ir na sala dos professores pedir um gelo. Deve estar doendo.
Ela pegou minha mão e fomos andando pelo corredor vazio, já que a aula já tinha começado. Chegamos a uma porta marrom e Sofia levantou a mão para bater quando eu a segurei.
- O que foi? - ela pergunta.
- O que a gente vai falar?
- Como assim?
- Ela vai perguntar o que foi isso.
- Não Liv. Disso eu sei. O que eu não sei é por que você quer proteger ele.
- Ele vai me bater de novo.
- E eu te protejo de novo. E contamos para a professora de novo.
- Mas...
- Qual vai ser a desculpa dessa vez Liv? Você trombou em alguém? Caiu distraída?
- Sim!
- E você acha que eles vão acreditar? Tem uma marca vermelha de mão no seu rosto.
- Não foi tão sério.
- Não foi... Qual seu problema Liv? Até parece que gosta.
- Não! Sofia, para.
- Me explica por favor. Se você quer continuar assim a gente não pode continuar amigas.
- Por quê?
Me assusto com Sofia, ela nunca tinha falado assim comigo.
- Eu não consigo ver minha melhor amiga apanhar, cair de brinquedos, se machucar e não falar nada. Não posso ficar ao seu lado com isso acontecendo e você se calando. Você escolhe Lívia. Seu silêncio e sua dor sem mim ou resolver contar tudo que acontecer comigo ao seu lado? - ela pergunta com a voz falhada e olhos cheios de lágrimas.
- Eu...
- Se quiser, eu te dou um tempo pra pensar.
Ela começou a se afastar e eu entrei em pânico. Ela não faria isso comigo. Ou faria? Ela já estava meio longe quando corro até ela e a abraço por trás.
- Não! Não! Eu já perdi muita coisa Sof. Não quero e não posso te perder. Fica. Por favor.
Eu comecei a chorar e Sofia se virou. Ela também chorava.
- Promete? Promete que nunca vai me abandonar?
- Sim Liv. Eu prometo.
Sorrimos e nos abraçamos.
- Mas você tem que me prometer que não vai ficar calada. Nem para o Bruno, nem para homem nenhum. Minha amiga não é saco de pancada.
- Eu prometo. Eu só não quero te perder.
- Você não vai Liv. Eu não vou deixar. Agora vem. Vamos cuidar do seu machucado.
Ela pegou na minha mão de forma suave, limpou minhas lágrimas com delicadeza e sorriu. Seus olhos brilhavam e os meus se perderam na imensidão dos brilhantes olhos azuis. Eu sorria e queria chorar mais.
- Não chore. Agora... vamos.
Assenti com a cabeça, e com as mãos dadas, fomos andando devagar até a porta da sala de novo. Sofia levantou a mão e bateu na porta. Dessa vez eu não interrompi. Dessa e de todas as outras. Contanto que ela estivesse comigo, eu faria qualquer coisa. Enfrentaria meu medo.
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Para Sempre Seu Amor
Novela JuvenilLívia Andrade, 17 anos. Está no primeiro ano do ensino médio e encontra um garoto lindo e inoportuno que trás lembranças do seu passado. Ela sofria com as maldades de um colega mala do jardim de infância (quem nunca teve um ) mas o tempo passa e al...