Capitulo 5

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As Luzes da cidade me levavam a uma nostalgia particular, na qual me faziam lembrar de tudo que já passei até aqui. Agora nesse carro luxuoso, sendo levada até por um motorista sinto uma extrema necessidade de reescrever um recomeço da minha vida.

Sorri olhando os prédios enormes, com seus apartamentos chiques e as famílias felizes que ali moravam. Durante a minha vida toda pedia uma família de verdade, com um pai vivo, e uma mãe de verdade! 

Vi um arranha-céu gigantesco com apenas uma única luz que saia pela janela. Então percebi que estava entrando em uma área nobre da cidade. A tia Carmen sempre fora a ''BEM DE VIDA'' da família. Muitos dos parentes a invejavam e falavam mal dela pelas costas, inclusive a Helena.

O mais engraçado de tudo era que a tia Carmen sempre a pessoa mais humilde que já tinha conhecido em toda minha vida! 

Boris entrou em uma Avenida bastante movimentada, com barzinhos e suas mesas rústicas, restaurantes bastantes sofisticados, em estilo Francês ou Italiano, sei lá... Eu definitivamente não era boa com essas coisas chiques... Havia jovens com seus carros luxuosos, mesas com homens dentro de ternos de marca e casais se beijando e sorrindo felizes. Era estranho entrar naquele mundo, mesmo que fosse por alguns minutos. Minha vida sempre se resumiu ao simples e pessoas comuns, como eu.  

--- Menina Luiza? - Boris me chamou me tirando do meu leve devaneio.

--- Sim...  - Respondi prontamente.

--- Chegamos! 

Meus olhos então focaram nos portões enormes sendo abertos bem na nossa frente. Logo   avistei uma casa em estilo vitoriano, com um jardim de tirar o fôlego e uma fonte que jorrava água sem parar. Tinha grama e algumas árvores para todos os lados.  Era simplesmente maravilhoso!

--- É lindo... - sussurrei  

Boris soltou uma risada gostosa e eu o imitei. Ele dirigiu por alguns metros, por um caminho em paralelepípedos até pararmos em frente a uma porta enorme de madeira. Dava pra ouvir uma melodia suave vindo de dentro, que parecia mais com uma pessoa tocando piano. Boris abriu a porta do carro e me estendeu a mão. E por alguns segundos me senti alguém...

--- A senhora Albuquerque está esperando-a. - Boris apontou em direção da porta, em claro sinal de que eu podia abri-la.

Com uma certa hesitação empurrei de leve a maçaneta da porta e logo a mesma se abriu, revelando ainda mais a beleza que começava por fora daquela enorme mansão em estilo vitoriano. Havia uma sala que parecia mais o tamanho total da minha casa! O lustre em cristais reluzentes, pareciam conter pequenas pedras minusculas de diamantes que brilhavam intensamente.

Tinha quadros artísticos espalhados por todas as paredes daquele lugar. ''Meu Deus! Eu morri e vim pro paraíso...'' Pensei enquanto andava por aquele piso que pareciam espelhos refletindo a minha imagem... Ouvi novamente a melodia gostosa de um piano, que me trazia um mistura de paz e curiosidade. Caminhei lentamente tentando chegar até aquele som hipnotizante.

Cheguei até uma sala ampla com sofás na cor creme, com almofadas maiores que um travesseiros e um grande piano branco e nele uma mulher com um vestido longo, estampado com diversas cores marrons e verdes. 

--- Tia Carmen... - chamei-a baixinho com medo de atrapalha-la de alguma forma. Ela se virou imediatamente com um sorriso caloroso no rosto e confesso que aquilo me aquiesceu.

--- Minha querida! Seja Bem vinda! - Abriu os braços demonstrando total prazer em me ver... - Estava ansiosa para vê-la! 

E então me abraçou calorosamente e aquilo me fez me sentir segura como a tanto tempo não sentia. 

--- Oi, tia... - a abracei de volta, completamente rendida. E então as lágrimas desceram grossas pelo meu rosto. Eu não pude evita-las nem por mais um segundo. Eu só queria tirar aquela angustia das minhas costas. Meu peito estava quase se resgando com as batidas apressadas e aliviadas do meu coração.

--- Não chore minha querida. Está tudo bem... Não chore. - A minha tia, passava as mãos em meu cabelo como se fosse uma mãe consolando um filho aflito e aquilo me fez ama-la mais.

--- Me desculpe... E-eu não queria chorar... E-eu só... - Meus soluços não me deixavam falar, nem expressar a gratidão que eu estava sentindo. Tia Carmen estava me salvando de alguma forma. Era o que eu sentia... Me sentia sendo completamente salva.

Tia Carmen mal sabia, mas ela era o meu eterno anjo da guarda. E eu|? Bem... Eu tinha uma puta sorte!




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