Carro

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Festa chata, gente chata.
Com exceção dele. Alex Turner nunca faria parte das pessoas chatas e em volta dele a festa não parecia assim tão ruim.
Mas no fim das contas ele parecia tão entediado quanto Arabella.
Era popular a certeza de que nada era entediante se envolvesse Alex, mas a única certeza do moço Turner era que nada no mundo teria capacidade o suficiente de ser entediante se envolvesse Arabella.
Enquanto todos tentavam chamar sua atenção seu olhar estava fixo nela e tudo que sua menta conseguia rodar era "céus ela é perfeita".
Arabella também o encarava a distância friccionando os lábios contra a abertura na lata da coca mexicana, mas ela era um tanto mais discreta, a adoração de Alex escorria por seus olhos através do brilho impossível de disfarçar alojado ali.
Num revirar dos glóbulos escuros Arabella sai do meio do círculo de socialização no qual foi jogada e Alex faz o mesmo assim que a vê seguindo para um corredor mais reservado da casa.
"Eu a seguiria até às profundezas do tártaro".
E lá estavam os dois, cara a cara, a sós.
-Quer roubar um carro?
Não era uma pergunta a ser levada a sério, mas o fascínio de Alex por ela não o permitiu interpretar o questionamento logicamente.
-Claro- foi sua resposta.
Arabella só notou que realmente estavam furtando um carro quando Alex tirou uma lixa de aço do bolso da jacketa e deu partida no carro. Sua reação normal para isso seria correr dali, mas naquele momento tudo o que ela fez foi exclamar um "Meu Deus, Alex!" E rir.
Eles tinham um efeito alucinógeno um sobre o outro, os genes de Alex conquistaram em suas combinações a estrutura perfeita para causar dependência em quase todos, mas era rara uma ligação que causasse o mesmo efeito em Turner, mas lá estava Arabella.
-Para onde vamos?
-Buenos Aires, Moscou, Paris, Canadá, qualquer lugar com você seria como a construção do paraíso.
Alex fazia ela se tornar especialista em revirar os olhos, em contra partida Arabella já não ficava mais tão vermelha quando ele dizia coisas como essa.
O passeio durou pouco mais de uma hora, maior parte em silêncio. Era como se na ausência de palavras os sentimentos contidos no pequeno espaço disponível do carro se imbricassem e comunicassem melhor.  Era quieto e confortável, ninguém estava pisando em ovos, estavam apenas envoltos nesse encanto mútuo.
-Vão notar que "emprestarão" o carro?
-Provavelmente não, estão bebados de mais pra isso.
E então entraram novamente, voltaram para suas posições primeiras, tanto no ambiente físico da casa quanto o da direção que seus olhos se banhavam e tiveram novamente vontade de furtar um carro.

Baby, I was born to break your heart Onde histórias criam vida. Descubra agora