Baby, I was born to break your heart

Tatuagens

Eu vou parar de prometer que vou fazer alguma coisa por que todo mundo já sabe que eu não vou, mas que eu cumpri postar mais esse ano eu cumpri!

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Tatuagens? Porque? Da onde veio isso agora? É alguma ironia cômica sobre como nós éramos disfuncionais? Você agora cheia (nem eram tantas assim) de tatuagens tendo sempre sido a boa moça estudiosa que sempre agrada todo mundo e eu o "garoto de banda chapado" com a pele completamente limpa.

Não mesmo, vou aparecer com uma tatuagem amanhã, alguma coisa bem subversiva pra combinar com a energia de "garoto de banda chapado", melhor, vou arranjar uma namorada, uma de verdade não as de contrato, e tatuar o nome dela.

Mas você não é nada como suas tatuagens, nada nela é permanente. Eu sempre fui o "problema" do relacionamento mas pelo menos sempre fui constante, do dia que falei com você do lado de fora daquela festa até a maldita noite e até hoje, eu sempre fui o mesmo. Mas você... não você nunca foi permanente, em um dia você estava quente e no outro fria, em um dentro de qualquer plano maluco no outro completamente ofendida pelo mais inocente deles.

E até agora, onde foram parar os cachos exuberantes? A discrição? As roupas confortáveis? Quando e porque ela decidiu ser tão magra? Tudo isso tinha a ver com essa nova redação que você está trabalhando?

Eu não sei, eu não sei de mais nada, fomos de estranhos para algo parecido com amigos, de amigos a amantes para estranhos novamente. E eu a odeio por me manter fora de sua vida, de seus pensamentos enquanto você ainda é soberana sobre os meus.

Nada mais é como aquela primeira noite em que nos apaixonamos, e eu digo a primeira em que foi mútuo, eu já era completamente louco por você por muito mais tempo do que consigo lembrar, você ainda estava com medo de ser uma brincadeira, uma aposta, como se eu fosse maluco de lucidamente me colocar no risco de perdê-la. Você fez seus jogos, fez ser difícil para mim mas não durou mais de um minutos até estar despida na minha frente, desistido da brincadeira.

Do mesmo jeito que você tatuou o corpo com frases e imagens, eu tenho uma foto em movimento sua pela manhã com os cabelos armados e com nós impossíveis de desfazer, os resquícios de maquiagem borrando o rosto, me arrepia lembrar que você chegou a chorar aquela noite, não de dor, ainda era muito cedo para isso, todas essas imagens gravadas atrás das minhas pálpebras, junto de várias outras que eu via sempre que piscava. Eu acho que você foi ver a mãe na manhã seguinte, direto do meu apartamento, a mãe que me odeia.

Eu fiquei me perguntando o que você pensava sobre tudo aquilo, o que pensava sobre mim quando bateu minha porta e desapareceu rua abaixo. Se você se lembraria com clareza daquelas horas. E eu me faço as mesma perguntas agora, o que você pensa sobre tudo isso? O que você pensa sobre mim? Você ainda pensa em mim? Você se lembra de todos os nossos dias? Ou é tudo mais uma cicatriz nas suas mangas?

Mas lembrar da primeira noite me faz lembrar que eu acho que brigamos pela primeira vez já na terceira. Você já sabia que eu odiava perder, ainda odeio mas já perdi o que me custava mais então qual o propósito em primeiro lugar? A noite toda, tudo o que eu fazia era te foder e brigar com você, talvez tenha sido esse o motivo de não termos dado certo em primeiro lugar.

Mas era óbvio não era? A banda em acensão, tocando toda noite, festejando como se não houvesse amanhã todo santo dia, e eu te queria comigo a cada segundo, me vendo tocar, bebendo comigo, dançando comigo, virando noite atrás de noite. Mas você precisava de noites calmas, silenciosas passadas adormecida em uma cama confortável, não precisava de todo o drama, tinha de permanecer serena com dias todos passados na biblioteca do campus estudando pra ser a redatora perfeita que sempre sonhou em ser, precisava de estabilidade para se concentrar, ir bem nas provas e entrevistas. Nós brigávamos por que nunca tivemos espaço na vida um do outro.

Era como aquela minha maldita primeira guitarra barata que soava péssima mas eu teimava em manter e usar. Mas você também não é nada como a minha velha guitarra, porque o instrumento eu ainda mantinha e ainda tocava de vez quando, mas eu não podia mais toca-la, não mais.

Mas eu estou feliz de não toca-lá mais. E eu queria saber mentir tão bem quanto toco a porcaria da guitarra velha.

Tudo bem então Arabella, não importa se eu sinto a sua falta, eu vou fazer você sentir a minha falta por que eu sei que você pesquisa sobre mim também, eu sei. Que eu assine os contratos estúpidos com modelos em acensão, e eu vou escrever as letras e melodias mais intensas que eu puder, e todas vão ser sobre você mas todo mundo vai achar que é sobre alguma mulher que sonha ser uma angel. E eu sei que você vai ouvir todas elas, eu vou fazer sentir a minha falta pelo resto da sua vida e pelo que sobrou da minha depois que você foi embora.