Hotel Califórnia

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Autora: Ágatha Carolline de Oliveira Galdino


Inspirada pela música Hotel Califórnia do Eagles.


Ele estava cansado, mas tinha que encontrar a namorada – ou era sua intenção que fosse. A noite caía sobre sua cabeça e a lanterna já estava em mãos caso a escuridão aumentasse. Pensou no amigo que estava nervoso devido à novidade da gravidez da própria namorada e mentalizou para que ela estivesse bem. Graças ao pequeno sangramento que tivera, ambos foram procurar o hospital mais próximo enquanto ele encontrava a quase namorada que devia estar ali.

Era trinta e um de outubro, um dia quente de Halloween na Califórnia, mesmo com o inverno estadunidense cada vez mais próximo e prometendo ser gélido. Christopher, Mariah, Allan e Isabela tiraram os dias de folga para um acampamento divertido, um momento deles como amigos e dos casais em si. Isabela não pôde ir com eles pela manhã, então combinou encontrá-los no fim de tarde em uma clareira específica. Foi então que Mariah começou a sangrar e disse, às pressas – ao contrário do que planejara –, que havia descoberto naquela semana a gravidez inesperada. Christopher, preocupado com a namorada – e com o bebê, instantaneamente – e pego de surpresa pela notícia, ficou parado, sem saber o que fazer enquanto o sangue fluía da morena, vagarosamente. Logo a notícia da perda se espalhou em seu subconsciente e ele a levou dali.

Quando Allan olhou para o céu e viu a lua cheia, imponente, brilhando, percebeu já ser tarde e não sabia onde estava. Andara tanto a procura de Isabela que sentia estar longe do local combinado. Escutou um ronco alto e se viu com fome, no meio do nada, e lembrou que a mochila com os alimentos ficara com Christopher. Allan lembrou da Lei de Murphy e riu, ironicamente. Então reparou em uma luz ao longe e, ao chegar em outra clareira, viu uma estradinha com uma grande casa no fim. Hotel Califórnia, era o que tinha no grande letreiro.

De repente, ele se sentiu exausto, o corpo precisava de descanso; decidiu ir ao hotel. Um cheiro de maconha o dominou e a cabeça ficou pesada, ele trocou os pés antes de atingir a estradinha. Seria no hotel? Ele não sabia, mas imaginava.

Avistou alguém parado à porta e, ao se aproximar, percebeu cabelos vermelhos esvoaçantes; era uma mulher. E bonita, constatou quando a iluminou com a lanterna a alguns passos de distância. Ela abriu um lindo sorriso, com dentes alinhados perfeitamente. Ele escutou um sino tocar e ela abriu passagem, deixando-o entrar.

- Bem vindo ao Hotel Califórnia – sorriu outra vez. – Meu nome é Demi, sou a recepcionista. Gostaria de um quarto.

A voz era suave, doce como o nome. Ele se viu sorrindo antes que pudesse raciocinar e assentiu. Ela acendeu as velas de um candelabro e o encaminhou pelo corredor.

- Vou colocá-lo no 3110, algum problema?

- Não, pode ser.

Ambos entraram em um elevador velho, da época da minha avó, pensou Allan, recordando levemente algum filme de época que possuía um daquele.

Chegaram ao terceiro andar e ele tinha certeza que escutava vozes pelos quartos que passava. Estranho, achou, o hotel não parecia cheio.

- O jantar sairá às oito, vou colocá-lo na mesa do gerente, tudo bem? – Allan concordou mesmo sem entender. – Qualquer coisa é só chamar, o número da recepção é o 7 – e ela saiu do quarto antes que ele percebesse.

Ele colocou sua mochila sobre uma cadeira e olhou em volta. Oh, céus, como precisava de um bom banho e uma noite de sono! Não demorou para tirar a roupa e deixar que a água quente caísse sobre seu corpo, relaxando todos os músculos tensos e doloridos. Era como uma massagem, lenta e lânguida, deliciosa. Ficou tempo suficiente para começar a sentir sonolência e enxugou-se na toalha branca e felpuda, como um carinho.

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