molly's chambers

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Autora: Isabella Dias Fonseca


Nota: A ideia hoje foi criar uma personagem baseada na música Molly's Chambers da banda Kings of Leon (https://www.letras.mus.br/kings-of-leon/72732/traducao.html) Eu tentei usar a letra da música para compor a personalidade da Molly, que é a personagem principal da fic, e a partir disso compor uma situação que ela vivenciaria.

Apesar do esforço enorme eu simplesmente não consegui finalizar -talvez pela quantidade limitada de espaço-, por isso peço desculpas desde já. Se alguém tiver alguma ideia que possa me ajudar eu vou adorar saber.

É isso, boa leitura : )


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Passei meus olhos pelo quarto mais uma vez na esperança de que algo interessante me chamasse atenção, enquanto Joe continuava com seu discurso dramático. Era incrível como a boca humana conseguia emitir tantos sons em trinta minutos.

- Molly, você está me ouvindo?

- Não. - disse me remexendo na cama e recebendo um olhar incrédulo da figura a minha frente.- Qual é, Joe? Quando você disse que precisava conversar eu me sentei porque sabia que levaria tempo, mas já se passou meia hora!

- E você não ouviu porra nenhuma.

- E nem vou.

Eu gosto de acreditar que o ser humano é completamente mau. A minha tese é de que em nossa essência pura e natural somos criaturas perversas e famintas, prontas para destruir nossos semelhantes e conquistarmos aquilo que queremos. É claro que sempre existe aquele produto com defeito, e sendo assim corremos o risco de achar algo positivo em alguém. Talvez se você olhar de perto, bem de perto...você encontre uma pequena parcela de humanidade que possa valer a pena dentro de uma pessoa.

Me conheço há alguns anos, e ainda não achei nada parecido dentro de mim.

- Você não pode...

- Não posso o que? - me levantei da cama cansada daquela situação- Não posso te trair? Mas eu já fiz.

Joe deu mais dois passos enquanto passava as mãos pelo cabelo.

- Eu nunca te jurei fidelidade, Joe. Nunca disse que gostava de você, ou que me importava com suas mágoas. Aquele dia no bar quando você me perguntou o que eu estava fazendo ali, eu deixei bem claro que só queria um coração para partir.

- E então você me escolheu?

Ele se sentou ao meu lado na cama, apoiando a cabeça nas mãos. Aquela situação era claramente mais cansativa para ele do que para mim, e eu não poderia culpa-lo, já havia passado por aquilo diversas vezes.

- Você quer saber porque eu te escolhi? - me levantei e voltei a sentar, agora no colo de Joe. Segurei seu rosto com uma de minhas mãos, enquanto fazia carinho em sua nuca com a outra. - Eu te escolhi porque vi em você alguma espécie de perigo, um tipo de adrenalina na qual eu pudesse me jogar, sem me envolver. Eu vi em você Joe, algum mal que talvez pudesse valer a pena...

Vi um leve sorriso se formar em seus lábios, e aproveitei o momento para envolver nossas bocas. Não demorou um segundo para que ele correspondesse o beijo.

- Me afastei repentinamente, empurrando-o.

- Eu vi isso tudo em você...mas obviamente me enganei. - disse pouco antes de me levantar e caminhar até a porta.

- Onde você vai?

- Para qualquer lugar. -fechei a porta atrás de mim deixando para trás um rosto incrédulo. Eu não o veria nunca mais.

Caminhando pelas ruas da cidade era fácil pensar sobre as relações humanas. Ver uma mãe comprando sorvete para seu filho, namorados trocando carinho na fila do restaurante, e o casal de idosos sentado no banco do parque. Toda nossa vida baseada nos laços que criamos, ou pelo menos a deles. Desde muito nova eu tive que lidar com perdas, e isso me ensinou que a vida se trata de muito mais do que as pessoas que estão a nossa volta. Não quero desmerecer ninguém, mas sempre achei engraçado como as pessoas se apegam umas às outras e condicionam a felicidade a estar junto. "Estar junto é o que fazemos de melhor, Molly". Tudo bem, podemos estar juntos, mas que seja sem para sempre.

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