Tomorrow

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Autora: Stephanie Lorrane Nunes Mateus


Fanfic baseada na musica Tomorrow, do BTS... O que eu escrevi é bem pesado e toca um pouco nos assuntos homofobia e suicidio. Os personagens são os cantores Min Yoongi e Kim Taehyung, também do BTS.


Amanhã é um novo dia. Eu deveria olhar para esse fato inevitável como uma oportunidade, novas chances, novas coisas a conhecer e explorar. Mas não consigo me imaginar vivo amanhã.

Eu gostaria de conseguir ver uma luz no fim do túnel, pessoas me dizem para simplesmente esquecer a tristeza e só ser feliz, sem levar em consideração a gigantesca expectativa que a sociedade coloca em mim. Na maioria das vezes, meus ombros pesam com isso. No final do meu túnel há um buraco negro.

Eu gostaria de ter nascido nos Estados Unidos, ou talvez no Canadá, na Austrália, no Brasil... Qualquer lugar, menos na Coréia do Sul. Queria ter nascido em uma sociedade que não me ensine a me odiar por gostar de coisas diferentes do "natural". Queria não sentir essa pressão para ter um emprego estável, um salário incrível, uma casa própria e uma linda esposa de brinde. Às vezes, na maioria delas, meus ombros pesam com essa pressão.

Eu sou um vaso de cerâmica rachado ambulante. Se me soprarem, quebrarei em pedacinhos. Portanto, para manter-me em pé, encontro pequenas e insignificantes razões para viver... Como aquele garoto da aula de dança.

Meu coração acelera quando o vejo, mas continuo negando a mim mesmo que isso acontece. Prefiro me convencer de que tenho alergia à ele do que admitir que aquele garoto me afetava dessa maneira.

"Como você está?" A garota cujo nome não me recordo me perguntou.

'Quero morrer', pensei. "Vou bem e você?" Sorri educadamente.

A partir daí me desliguei completamente daquela conversa, mas continuei sorrindo para a garota, fingindo o contrário. Coloquei minha mochila em um canto e me preparei para começar os alongamentos. Já não aguentava mais fazer aulas de dança, mas a ideia de ver Taehyung novamente era muito sedutora.

"E aí, Yoongi?" Ele me cumprimentou com um aperto de mãos leve e um sorriso fofo e simpático. Eu retribuí de maneira sincera, desejando conversar sobre coisas mais profundas do que um 'tudo bem?', mas preferi guardar isso para os meus devaneios.

Naquela tarde, pude assistir Taehyung dançar. Fiquei grato por ter alguns momentos para descansar, mas o garoto era muito mais dedicado do que eu. Me sentei encostado ao espelho e o assisti repassar sua rotina com os amigos.

Como posso descrever Taehyung dançando? Não existem palavras o suficiente. Eu não via mais sentido em participar daquela aula, mas quando aquele garoto começava a dançar, é como se o mundo inteiro estivesse perdendo por não estarem o presenciando. Eu me sentia privilegiado por ver seu corpo se movendo daquela forma artística e sensual. Porém, dessa vez, Taehyung não parecia tirar os olhos de mim.

Haviam muitos outros alunos sentados o assitindo, mas ele olhava apenas para mim.

Passei o resto da aula trocando olhares com ele. Ou, para ser mais exato, rapidamente desviando meu olhar ao encontrar o dele. Mas isso apenas solidificou o que eu já havia suspeitado, amigos -- ou melhor, conhecidos -- não se olham dessa forma. Ou ele me odeia, ou está interessado em mim. E, já que nunca tivemos uma conversa com mais do que cinco frases, fui rápido em descartar a primeira opção.

Ao final da aula, no vestiário masculino, procurei a hora mais apropriada para abordar Taehyung e o chamar para sair. Esperei até que estivesse longe de seus amigos, ou pelo menos distante o suficiente para que eles não nos ouvissem.

"Tae!"

"Oi?" Ele virou em minha direção, parecendo surpreso.

"Estava pensando... Estudamos juntos há um tempinho e não nos conhecemos direito", usei de toda a minha força para convencê-lo de que sou confiante, mantendo uma postura reta e não desviando o meu olhar desta vez. "Você me parece interessante. O que acha de tomarmos um café?" Eu sorri com um canto da boca ao flertar de forma sutil.

Ele olhou para baixo brevemente e sorriu. "Acho que pode ser divertido."

"Amanhã às quatro?"

"Pode ser!" Tae trouxe seu olhar de encontro ao meu e piscou tão sutilmente que tive de repensar se aquilo aconteceu mesmo. "Até."

O garoto de cabelos cinzas partiu e me deixou sem palavras. Saí do estúdio aquele dia me sentindo eufórico.

TEMA LIVRE | Desafio 3Onde histórias criam vida. Descubra agora