Shangri-La

Capítulo 2

OBS: sem parágrafos ou revisão.

Lalisa estava achando aquele soldado vestido inteiramente de vermelho, assim como seu paciente, uma figura muito estranha. Para ser um estelar, ainda mais um soldado, seu olhar carente de brilho e sua postura vencida eram inusuais.

A curandeira os guiou por um corredor estreito até a última porta, se colocando frente a ela por um momento.

- Tem de saber que o estado do paciente é confidencial, e levemente desorientador. Podem dar a volta se necessário. – Chanyeol e Jisoo se entreolharam rapidamente, travando uma batalha silenciosa.

- Jisoo vai ficar na sala. – o arqueiro avisou, e se inclinou para um beijo na testa que recebia da esposa. Lalisa assentiu e então, abriu a porta.

A primeira coisa que Jungkook notou em tudo aquilo foi o cheiro forte de incenso, emanando de uma janela ampla logo no início do cômodo. Era desconcertante num primeiro momento, mas ele logo se aproximou. Mais à frente, ele via Taehyung numa cama de solteiro dormindo calma e profundamente.

Jungkook espreitou à borda da cama.

- Como ele está? – sua voz embargou sutilmente, mas Lalisa percebeu.

- Nenhum avanço até o momento. Foi uma ferida lateral no tronco, como uma mordida, as marcas de dentes vão de um lado a outro. Mas o pior... – a curandeira tirou com cuidado o lençol branco que cobria o soldado dos ombros aos pés. Jeon segurou um grito. Uma mancha verde cobria um espaço alarmantemente grande ao redor de marcas horríveis de dentes. - ... é o veneno que a criatura continha. – ela balançou a cabeça, sua expressão era verdadeiramente desolada. Colocou o lençol de volta. – Estava destruindo a região toda, até eu congelá-lo. Posso sentir Taehyung se agitar durante a noite, sonhando, mas meu conhecimento não me leva até o que o feriu. Os soldados que o trouxeram não estavam próximos o bastante para ver, apenas para ouvir sons de luta e pedidos de socorro.

- Como assim? É algum tipo de magia? É por isso que todos dizem que você é a melhor no que faz?

Lalisa lhe lançou um olhar triste.

- Talvez: sou a única curandeira que liga sua vida à do doente durante os cuidados. Se ele morrer, eu morro. Estar aqui, falando com vocês agora, significa que nunca falhei.

Chanyeol já conhecia a história, mas Jungkook estava tão surpreso pelo comprometimento da loira que nem lembrava como se respirava. Ela era mais altruísta do que ele jamais sonhara ser. Um folgado com moedas nos bolsos e um uniforme de cavalaria, só se tratava disso atualmente.

- Nós vamos voltar ao Templo, se me permite, minha senhora. – avisou Chanyeol. – Gostaria que deixássemos uma oferenda à Deusa?

- Não é necessário, apenas mantenham os pensamentos entre mim e meu paciente.

O arqueiro assentiu e se virou para Jungkook.

- Tem lugar para passar a noite?

- Eu acampei na floresta às aforas da cidade. Ficarei por lá enquanto meu amigo não apresenta melhoras.

- Eu aconselharia que nunca mais arriscasse sua vida de tal forma, cavaleiro. A mata fechada contém males ocultos que saem à luz da Lua.

Jungkook franziu o cenho.

- Ele não tem necessidade de buscar uma pensão, pode ficar aqui. – o soldado ia abrir a boca para recusar a oferta da curandeira, mas Park interrompeu.

- Também não aconselho rejeitar o presente que esta senhora lhe oferece, Jeon. A propósito, tenham uma boa noite, Jisoo e eu estamos ao seu dispor no Templo.

Eles viram os cavalos do casal se afastarem após um cumprimento de Jisoo na sala, e Jungkook sentiu sua barriga roncar, não comia nada desde a noite anterior.

- Alimente-se direito, soldado. Não é de minha vontade necessitar tratá-lo. Pedirei a Chaeyoung que lhe sirva algo quente.

Ele não esperava que a curandeira tivesse ouvido. Um leve rubor cobriu sua face.

Entraram e, com consentimento da loira, sentaram-se à mesa. Chaeyoung trouxe três tigelas fumegantes e os acompanhou.

Ele reparou a forma em como a cabeleira claro da mulher emoldurava seu rosto jovem, mas que escondia tanto conhecimento, como se tivesse muito mais que vinte e poucos anos. O olhar era esperto e atento a todo momento, como o de um predador, e o analisava de volta.