Novos alunos?

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Quando finalmente conseguiu acalmar os ânimos, a qual pode ser traduzido apagar o fogo de Tales (literalmente) e aquecer Alex (literalmente). Ela se sentia um pouco mais confiante em si mesmo. Aliás, com a saída de Tales, resmungando e quase soltando fogo pelas ventas, a tensão do ambiente foi, enfim, foi desfeita. Como a escola iria sobreviver com aqueles dois dragões? Tales conseguiria manter a sua fachada de aluno perfeito? Mas o problema maior seria...

– E aí? – Alex veio até ela, com um sorriso todo convencido.

E aí? Você não disse nada sobre isso! – A garota fez um gesto com as mãos, como indicando a presença daquele rapaz de cabelos negros, olhos azuis penetrantes, lindo e com uma péssima personalidade bem ali na sua escola.

– Surpresa? – Disse dando os ombros.

– Pode botar surpresa nisso... – Resmungou.

– Você não está feliz em me ver? – Alex falou isso posicionando o seu braço ao lado de Amélia, fazendo que a garota só agora notasse que estava encurralada. Quando Alex tinha feito ela se posicionar de encontro a porta de metal de um dos armários, justamente aquele que estava ao lado de uma pilastra? "Amélia você tem que ter mais atenção ao seu redor! Não baixar a guarda!" Se criticou em pensamento, mas quando Alex estava por perto era difícil se concentrar de verdade.

– Eu não quis dizer isso! É só que... Eu devia me preparar mentalmente para... – Ela estava tentando explicar, mas Alex insistia em distraí-la, acariciando a sua face já corada.

– Alex! – Amélia exclamou, tentando se afastar do outro – Nós não podemos...

O rapaz franziu o cenho.

– Como assim: não podemos? Existe alguma louca regra humana que não devo demonstrar meu afeto em relação a minha namorada em público? – Quase se podia ouvir o seu rosnado, quase.

Amélia se sentiu uma mescla de sentimentos paradoxais: culpa e uma alegria. Culpa, pois Alex estava totalmente certo em ficar irritado, afinal, eles eram um casal oficia, até os seus pais tinham aceitado, então? Qual era o problema? Fato era que Amélia estava acostumada a não ser o centro das atenções. Sempre fora a garota comum, filha de mãe solteira, que não se destacava nas matérias, logo, facilmente esquecida. Lógico que fora alvo de bullying antes, a sua condição financeira e familiar eram alvos ideais para alunos que desejavam compensar seu complexo de inferioridade humilhando outros. Porém, Amélia aprendeu a se camuflar e também a se rebelar (em pequenas proporções) quando necessário. Desde o noivado de sua mãe, a sua mudança para a mansão e sua evidente ascensão social, Amélia sentiu, cada vez mais, ser alvo dos olhares dos estudantes e também tema principal dos boatos disseminados pelos corredores. E se eles descobrissem o seu romance com Alex? Aquele que deveria ser seu "novo" irmão?

"Você está sendo uma grande boboca!" Concluiu em seu pensamento. Não era mais a mesma Amélia de antes... Se desejava se fazer ouvida, vista e respeitada pelos seus parentes dragões, apesar de sua humanidade, não devia fraquejar diante de uma situação como aquela. Estaria sendo hipócrita em relação a seus próprios anseios e objetivos! Que se dane o que os outros irão pensar! Já era hora de se impor mais...Sim, sua vida escolar podia se tornar um verdadeiro inferno, já tivera uma pequena degustação disso naquela mesma manhã com o seu encontro com as A3 e Adriana, mas comparando com tudo que tinha enfrentado em seu semestre anterior? Sequestro? Situações de quase morte? Intrigas políticas? Sim, podia sobreviver a um cliché de drama escolar.

E estava feliz! Era raro Alex demonstrar carinho sem ter uma conotação provocadora...E Alex admitir a ligação amorosa que existia entre eles? Isso já era um motivo de vitória. Dragões podiam ser bastante aberto quanto aos seus sentimentos, mas isso também significava que eles não tinham tato. Eram brutos, por vezes pareciam confundir romantismo como satisfação de suas necessidades carnais. O fato deles acharem normal ter uma cerimônia de acasalamento para estimular a reprodução entre os jovens, já demonstrava o quão loucos eles eram! Não podia esquecer que Alex conviveu mais tempo com dragões do que com humanos.

Magia e GarrasOnde histórias criam vida. Descubra agora