I

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Mais um dia.Mais um dia em que eu não gostaria de estar viva.

Me levanto e vou até o banheiro.
Tomo um banho frio e rápido, o dia estava frio.

Eu gosto de banhos frios, posso ficar resfriada, mas o que é um resfriado para quem já está morto por dentro?

Saio do banho e me visto.

Eu me levanto apenas para ir a escola, mas minha vontade era ficar nela, para o resto da vida.

Saio do meu quarto e pego minha mochila.E lá está minha mãe, sempre me olhando com uma cara feia.
Essa mulher me odeia.

Não tomo café nem nada, não tenho apetite mais para isso dês de que tudo aconteceu, mas às vezes sou obrigada a comer.

Vou andando pelas ruas de Seoul.
Queria um motivo para sorrir.
Um motivo para amar.
Um motivo para viver.

Será que é difícil universo?

Caminhar por aquelas ruas frias e com poucas pessoas devido ao frio era satisfatório.

Tantas pessoas sorrindo e felizes, como elas conseguem?
Eu nunca mais senti a felicidade, amor ou qualquer outro sentimento bom, só raiva e tristeza.

Chegando na escola a zoação já começa.

É só eu passar pelo portão que a minha paz se vai.

Jogam muitas bolinhas de papéis e zombam de mim.

"O polo norte chegou, que frioo-Riu."

"Olha a depressãozinha chegou, coitada-Riu."

Coisas desse tipo.
Além de eu ser bulinada na escola, minha mãe me odiar por algo que não tive culpa, eu não tinha amigos.

Porém, não ter amigos tinha um lado bom, a paz.

Mas não na escola, pois as mesas são de dupla, e eu sento com o garoto mais chato da sala.Nem sei seu nome,  e prefiro nem saber, não me interessa.

As garotas babam por ele, não sei o que tanto elas vêem nele.

Chego na sala e pego meus materiais, é aula de matemática.

O garoto chega e se senta e sinto o mesmo me encarar.

-O que você perdeu aqui?-Pergunto fria.

-Calma Antártica, só estava reparando suas olheiras.-Ele riu, que zoação.

-Me deixe em paz, se sente como um aluno e assista a aula e me esqueça.-Falei ríspida.

-E se eu não fizer?-Desafiou.

-Problema seu, não vai ser eu que vou ficar sem nota mesmo.-Falei.

O garoto se cala e se vira para frente.

As três primeiras aulas passam normalmente, nada de diferente dos outros dias.

Vou para o intervalo e levo meu bloco de notas e um biscoito, às vezes eu como.Me sento em uma das mesas do refeitório e começo a desenhar.
Pego um biscoito e mordo o mesmo.

Levanto o meu olhar e vejo que aquele garoto está vindo até a mesa onde estou, decido ignorar.

Ele se senta a minha frente.

-Oi polo norte, como é o seu nome afinal?-Perguntou, sorrindo como sempre.

-Acabou de dizer, Polo Norte.-Continuei focada no qur estava fazendo.

-Que engraçada.-Ele riu em um tom irônico.-Sério, qual seu nome?-Curioso.

-Park Hyemin.-Falo por fim.

-Que belo nome, achei que nunca falaria.-Parecia vitorioso com aquilo.

-Falei na tentativa de calar sua boca.-Como mais um biscoito.

-Me chamo Kim Taehyung, provável que já saiba meu nome.-Se exibiu.

-Não, eu não sabia e não tinha interesse de saber, mas já que falou.-Falei seca.

-Por que precisa ser tão fria?-Perguntou.

-Porque minha especialidade é gelo, por uma parede enorme de gelo entre eu e outra pessoa.-Falei.

-O que está fazendo?-Ignorou totalmente o que eu disse.

-Nada que seja da sua conta.-Pego o bloco e guardo em um dos meus bolsos.

-Taehyung oppa!-Uma garota de cabelos negros e curtos chega.

-Ah, oi Lu Na.-Ele parecia não ter interesse.

-Vamos, venha aqui comigo.-Ela sacudia o braço do garoto.

-Estou ocupado.-Comigo?

-Com essa coisa triste aí?Você só pode estar de brincadeira!-Que garota mais...fútil.

-Taehyung, vá.Eu não pedi para que ficasse comigo, vá e cale a boca dessa garota.-Falei ríspida.

Vi seu semblante ficar sem graça.
Ele se levantou e saiu, a garota estava pulando ao seu lado.

Continuei sozinha o resto do intervalo, onde tive paz.

O sinal toca e me levanto.Guardo meu pacote de biscoitos e saio da mesa.

Vou para a escada e as subo com a menor vontade.Essa escola é tóxica.

Entro na sala e todos me olham com desprezo, o que eu havia feito?

Me sento ao lado de Taehyung, acho que é esse seu nome se eu não me engano.

Era aula de Inglês, o meu forte, mas não o de Taehyung.

Eu via ele fazendo os exercícios com uma certa dificuldade, eu entendo.Tenho muita dificuldade em física.

-Precisa de ajuda?-Perguntei ao ver o mesmo parado na mesma questão a minutos.

-Preciso.Eu não entendi o que se deve fazer.-Batia o lápis na mesa.

-Você tem que falar a sua data de nascimento por extenso.-Falei do mesmo jeito que o professor havia falado.

-É sério?-Me olhou incrédulo.

-Sim, só que a pergunta não está bem explicada.É pergunta de sexto a sétimo ano, estamos no segundo ano de ensino médio e você está tendo dificuldade?-Caçoei.

-Pare de zombar de mim, é muito difícil.-Coçou a nuca envergonhado.

-Parece que o garoto perfeito não é tão perfeito assim.-Falei seca e me virei.

Imediatamente ele se calou.

Nas duas últimas aulas os professores faltaram, então fomos embora mais cedo.

Fui andando até o parque, estava querendo evitar minha mãe, uma mulher rabugenta e rígida.

O parque Hangang era como uma terapia para mim, eu me sentia longe de tudo e todos.

Aquele longo lago me fazia querer me afundar ali, esquecer todos os problemas e a vida, encontrar a morte.

Me sento em um dos bancos do parque e pego um livro.
Era um livro qualquer, "50 Motivos Para Viver".Mas isso não funcionava, eu lia e relia para ter certeza, mas não fazia efeito.
Minha mãe acha que tudo isso é frescura, que isso é drama meu.
Isso machuca, ver que sua mãe não se importa com você.A única pessoa que restara da sua família, te trata mal.Isso é insignificante, não tenho motivo para viver.

Ice Girl - Kim Taehyung [𝙀𝙈 𝙍𝙀𝙑𝙄𝙎Ã𝙊]Onde histórias criam vida. Descubra agora