Capítulo Único

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A música pulsava através das paredes quase como um coração que, ao invés de sangue, bombeava uma energia contagiante. Na pista de dança, corpos se remexiam e deixavam-se cair em ocasionais investidas em direção ao chão, quase como se houvessem derrubado algo. Ino observava o movimento no salão com o coração pulsando de felicidade. A festa havia sido um sucesso. Seus olhos atravessaram a multidão e se encontraram com os orbes verdes de Sakura que também fitava as pessoas, sem acreditar. Ergueu as sobrancelhas como se dissesse: “Eu avisei que ia funcionar, não avisei? ” E recebeu em troca um revirar de olhos cansados em troca.

Há dias estavam correndo para cima e para baixo, entregando convites, organizando comes e bebes, surtando com os problemas de som que pareciam não ter fim, tudo para que esta fosse a melhor festa de Halloween que aquele bairro já vira. Não conseguiu esconder o sorriso que lhe tomava os lábios ao correr os olhos pela decoração de morcegos, luas cheias e serpentinas que desciam do teto presas por fios invisíveis. O ponche laranja e roxo parecia causar estranhamento no início, mas o sabor era delicioso demais para deixar que tal coisa fosse um empecilho.

As paredes estavam cobertas de tecidos com pinturas de cemitérios e túmulos cujos escritos pareciam mudar para o nome e a data de nascimento dos que estavam ali presentes. Abóboras iluminavam os cantos, exibindo sorrisos alegres ou, por vezes, assustadores. E o ambiente não podia estar mais completo sem a presença das fantasias, claro! Os demais convidados adultos não sabiam, mas, entre os jovens colegas, havia sido combinado um tema geral que deveria ser seguido à risca, ou Ino provavelmente os procuraria e amaldiçoá-los-ia até a quarta geração. E ali estavam eles, em suas gloriosas fantasias de deuses antigos e outras entidades mitológicas. Algumas bem ousadas, como a de Karin que parecia ser composta apenas de uma saia folhas e um cropped com uma estampa floral, deixando a mostra as pinturas feitas na pele em padrões constantes; outras nem tanto. Franziu a testa ao ver Shino passar coberto de vestes negras e fechadas, não muito diferentes das que usava no dia a dia.

Sacudiu a cabeça e mexeu o corpo deixando o ritmo lhe contagiar, fazendo os braceletes em seus braços e o pesado colar dourado no pescoço balançarem. O vestido branco em corte egípcio moveu-se consigo ao se dirigir à mesa de bebidas. Arregalou os olhos e tossiu dentro do copo ao ver Sasuke caminhar em sua direção. E, nossa, aquilo sim era um exemplo de senhora fantasia.

- Uau, Sasuke! - Comentou ao vê-lo se aproximar para servir mais ponche. - Essa armadura de Loki combinou muito bem com você! - Elogiou, observando a forma do metal assentar perfeitamente nos músculos do abdômen e os chifres dourados que em contraste com os cabelos negros mais compridos davam um ar perigoso, mas muito, muito charmoso. Ele assentiu, não parecendo se importar muito.

- Foi tudo culpa do Naruto. - Suspirou, levando o copo aos lábios e tomando um gole. - Ele insistiu em vir de Thor e disse que a fantasia não estaria completa sem um Loki. - Rolou os olhos, se perguntando como deixara isso acontecer. Ino escondeu uma risada ao avaliar o amigo que andava de um lado para o outro, quase pulando em visível afobação.

Tinha que admitir que a fantasia estava realmente muito boa, os fios loiros haviam crescido e agora caíam pela nuca, espetados e revoltados para todos os lados, a capa vermelha ondulava a cada movimento e o martelo de brinquedo estava preso ao cinturão por uma tira de couro. O metal maleável do colete era bem decorado com imagens de raios e a calça legging deixava muito a imaginação.

- Ele não deixa de ter razão. - Correu os olhos de um para o outro e deixou um sorriso malicioso escapar.

- Mas e você, Ino, está fantasiada de que? Empregada?

- Oras, não me venha com gracinhas. - Bufou. - Não está vendo que claramente eu sou Ísis, a deusa da magia egípcia?

- Hum... era para ser claro? - Sorriu de lado ao receber um tapa bem merecido no braço. - Sakura, - virou-se para a garota que se aproximava. – pode, por favor, dizer a sua amiga que é perfeitamente comum não saber quem diabos seria Ísis?

Kyuubi no KitsuneOnde histórias criam vida. Descubra agora