"O fôlego do Banheiromundo guiou-me-trouxe-me à Centralizadora. Não devo partir, pressinto!"
Devia procurar então...
Ao cruzar a roleta que aleatoriamente escolheu, Hombre Tonto redemoinhou-se, piãozou-se: mãos sobre os olhos e rodopios seculares, circulares e tonteantes.
Retomando-se, viu-se em outro lugar: papiros-sebosos, xícaras borradonas de batons e manteigascacauseiras, bules de água-morna, alguns caixões dormindo nos cantos das paredes. Todos azuis-escuros-escarlates.
Viu num quadro da parede, embaçado: um escritor negro quadroembranquecido pra não ter nenhuma conta de sua ancestralidade africana, era o Machado de Assis... então, aferiu, ele tinha sido espaço-tempotransportado para a ABL, Centro do RJ.
Hombre Tonto chorou pelo escritor, chorou por outros escritores e escritoras, chorou, chorou, chorou... e ainda chorou, chorou, como nunca antes. Acabou sendo arrastado pelas ondalágrimas até um porão do lugar.
Era um porão cheio de livros.
Os livros estavam dentro de prisões. Grades, como as da cadeia de presosgentes, os separavam, como livros condenados. As obras estavam bem ali diante dele: os livros, todos, separados uns dos outros e enroladosembrulhados num papel cinza. Do ladofora uma frase simples assim:
ESCRITOS DO POVO!
Hombre Tonto não sabia... mas soube naquele momento... a ABL era uma das APCEP - Academias Poeiroensebadas Contrárias aos Escritos do Povo!
O choro não veio naquele momento, mas sim uma doriraódio de deixar seu pretordepele avermelhado, como seus olhos faiscados, e gritou. Seu grito foi tão alto que acordou os povos de muitas terras, disseram as gentes no futuro, (depois souberam todos que só não acordaram alguns escritores, os que viviam nos caixões vermelhozuis da ABLândia... eram uns tais que se autodeclaravam "imortais", mas que nem eles não cogitavamsabiam bem o porquê!
Hombre Tonto desmaiou-se-caiu-se com as mãos preparadas numa capoeira que caindo rodopiou-o-se. Quando se levantou do momento-em-capoeira já não estava em ABL-land...
Diante de meus olhos o muro-dos-ladrilhos-cogniscíveis.
Hombre, nosso herói-do-povo conhecia bem os instrumentos alquímicos-ancestraistrológicos!
Só não tinha compreendido ainda onde foi parar. Críticas devia aos que não tinham cuidado bem d'Omuro. Notava-se o descaso, notava-se o "isso é nadanão", notava-se a pouca importância com a obra-prima d'um alquimista xamânico.
A Tradisotéricapédia informava que o muro-dos-ladrilhos-cogniscíveis fora criação de Andirá Anahí, o alquimistindígena tupiniquim, conhecido por todos como "o grande morcego de fala doce." Mas, o tristezódio inflama Hombre Tonto por ver que a obra estava anematizada daquela forma.
"As imagens que sobraram estão quase apagadas, uma foi completamente perdida. Qual a informação velada sob o véu do desafio que o Cogniscível me propõe?"
Agora era meditapensar sobre a imagem-meio-mandala...
Tonto pensava em altavoz: "Éééé..... tabalhadores,... não só os do povo... aqui tem a figura do Juiz... e números... uns rabiscos estranhos... parecem todos pichados... mas não... são do original... umas imagens... sim... é isso, claro!"
O processo cogniscivisão punçou-lhe as visões!
Hombre finalmente viu: los rabiscos eram sinais de soma e subtração e os números e trabalhadores... "O enigma se desfaz com a numerologia pitagórica e seu estudo alquímico." Concluiu.
Ele fez suas anotações pertinentecessárias num papel que havia guardado em seu bolso junto com uma Biccaneta!
Enquanto concluía, uma fumaça lhe atrapalhou... foi quando começou a tossir... naquele debate com as ideias não tinha visto as chamas... a fumaça lhe indicou. Teve que correr bem rápido... bom que encontrou uma janela... pulou... soube onde estava... num dos portaisviajantes do Museu Nacional no RJ... o museu estava em chamas...
Hombre Tonto petrificou-se-calou.
O museu cheio de portaisviajantes, o museu carregado de informaçõesimportantes, o museu onde estudou, viu, tocou, cheirou, sentiu, tantas coisas... o choro foi muito intensogrande... como se uma Era inteira pesasse sobre seus ombros quebrando-lhe em partículas subatômicas fugidias.
Não saberia descrever o quanto chorou e inflamou-se com o descaso que trouxera as chamasfim sobre o Museu Nacional do Rio de Janeiro.
Deixou cair suas anotações que foram tragadas em segundos pelo fogarele.
Mas se lembrava de cabeça. E recordando-se extraiu a direção pra encontrar as Almas Íncubas quando intuiusoube que os números noaltoeacima dominantes tratavam-se de uma coordenada mapeadora:
22º52'15''S 43º20'34''W
E, procurando em seu celular viu o lugar determinado pelo muro-dos-ladrilhos-cogniscíveis:
Era em Madureira... a quadra da Portela!
E para lá Hombre Tonto seguiu-se-foi!
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Temposição das Almas Íncubas
Ciencia FicciónDefino-o como um romance épico-suburbanista. Temposição das Almas Íncubas é um romance épico-suburbanista só que político, afrofuturista, esquartejado em metáforas filo-sociológicas. Ou uma construção no sentido... o que quer dizer que seja algo par...