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Yoongi nem sabia em qual garrafa estava, mas o líquido ainda descia deliciosamente por sua garganta. Bebera a ponto de não saber que dia era, o horário, nem ao menos se lembrava se viera acompanhado ou não. O tique-taque do relógio, que marcava as três e alguns minutos da madrugada, era inexistente perante todo o barulho que se era possível ouvir. Ali, sim, tinha muitas distrações. Tilintares de taças, uma música eletrônica qualquer, e até mesmo um irritante ─ e certamente nojento ─ casal quase se comendo bem ao seu lado. Certo que o pub bem no meio do subúrbio de sua cidade natal não era lá o melhor lugar para se frequentar quando queria paz, mas ainda assim insistia na questão.
Mesmo no poço de merda em que aparentava estar, o Min sorria como um louco, estendendo a garrafa de soju para qualquer um que passasse, brindando a própria desgraça. Seria engraçado, caso não fosse desesperador. O garoto era como um paradoxo humano: rindo e chorando ao mesmo tempo. E ele sentia ambos os sentimentos dentro de si. Mas a quem queria enganar? Ele estava sofrendo, a alegria causada pelo álcool iria embora com a bela ressaca que viria em seguida.
─ Ao meu coração, que foi massacrado por um filho da puta, de novo!
Dissera as mesmas palavras que um pouco antes, dessa vez para o barman, que simplesmente lhe ignorara seguindo com seu trabalho. Mesmo com a aparência embriagada, até um pouco lerda, ele conseguia entender o que estava acontecendo ali. Pelo menos até que dormisse. Então tomara mais um gole do tal líquido, sentindo-o arder pela garganta. Notara também que a bebida de sua garrafa havia esvaído. Irritado, tanto pelo desinteresse do rapaz quanto pela garrafa, sem nem pensar, pegara a mesma e mirara muito bem antes de jogar nas costas do tal funcionário.
Sua mira foi tão boa que tivera a proeza de acertar o chão um pouco perto do mesmo, porém, por "azar", não lhe acertara. A calça o protegera dos cacos, mas o acontecido não fez o barman ignorar o Min novamente; dessa vez ele lhe encarou. E lhe encarou de tal forma que o garoto bêbado se encolheu naturalmente, mas não deixando de sorrir de forma sádica. Falara em tom alto até demais.
─ Vai comemorar pela minha desgraça agora, moço!?
Rira largamente, e apenas observara o funcionário voltar, cruzando os braços e apoiando seus cotovelos na bancada. O de fios esverdeados lhe imitara apenas por birra, fazendo uma suposta "cara feia". Ao contrário do que imaginara, o moreno (indefinidamente mais novo) encarara suas orbes e sorrira; de maneira tão metódica e falsa quanto Yoongi, anteriormente.
─ Pague logo a conta e saia daqui, meu querido. Quem sabe eu pense na possibilidade de te dar um remédio pra ressaca.
Perante as palavras alheias, o bêbado rira tão alto que algumas pessoas em volta pararam para observar o momento. Mantivera seu olhar às orbes do barman.
─ Você é mesmo um desgraçado. Acha que eu quero me livrar da porra da minha ressaca? Essa é a única merda que eu tenho como minha! Você não pode tirar isso de mim!
Diz dramaticamente, mas de certa forma, levando aquilo muito à sério. Não era surpresa que Yoongi era uma ótima pessoa, quando o seu papel era virar um velho bêbado e irritante. Mesmo que seu rosto de adolescente não demonstrasse isso, havia se surpreendido com a provável beleza do rapaz perto de si. E eles estavam perto... a voz grossa do menor ressoou.
─ Cuidado, vai arrastar o par de chifres no chão.
E, com essa frase digna de um significativo tapa na cara, Yoongi perdera os encantos passageiros pela beleza do barman. E, exatamente, ao mesmo tempo, acabara gostando ainda mais disso. Rira largamente, quase em puro ódio. Em seguida, fechara seu rosto em plena inexpressão. Já o funcionário, agora, exibia um sorrisinho libidinoso nos lábios, feliz por ter deixado o inconveniente garoto sem palavras... temporariamente.
─ Sua sorte é que é gostoso, pena que não vou lembrar nem do meu nome, amanhã.
Afirma sozinho, cruzando os braços por cima do peito e se desencostando do balcão, apoiando suas costas a cadeira que havia encostado a bunda desde que chegara no local, assim que o moreno se afastou. E, depois de alguns minutos trocando olhares, tivera uma ideia. Pegara o dinheiro do bolso, certamente em um valor bem mais elevado que o necessário para pagar sua dívida, o deixando por cima de uma das mãos do rapaz. Voltara a se aproximar, mas fora rápido. Ele juntou seus lábios aos do maior em um pequeno selar, e sorrira largo, se levantando e se direcionando em disparada à saída, com certo receio do mesmo chamar algum segurança, mas antes disso, sentiu seu pulso ser segurado por alguém. Claro que era ele.
─ Não me julgue, não vou me lembrar disso, amanhã.
Disse manhosamente. O rapaz com o avental bonitinho apenas deu de ombros, tirando uma caneta do bolso. Ainda segurando o pulso do maior ─ que, por mais que mais velho, estava fraco, tanto pela bebida como pelo fato de ser, literalmente, um inútil nesse quesito ─, começou a escrever em sua palma. Yoongi tentava se soltar.
─ Yah, o que você está fazendo? Isso é um número de telefone? Isso aqui não é conto de fadas não, o que você... nem sei seu nome!
Diz levemente irritado, porém ainda mais curioso do que poderia estar. Agora que parara para perceber mais da aparência do de pele morena, e que o mesmo decidira aproveitar-se da situação, já que, de alguma forma, tinha certeza de que esqueceria desse momento... Yoongi não sabia se queria isso ou não.
Então, como se nada houvesse acontecido, o rapaz soltara seu pulso, dando alguns passos para trás e se virando, prestes a voltar para sua função. Mas encarara o curioso garoto de cabelos verdes por cima de seu ombro. Seu tom fora alto o suficiente para ouvir de longe.
─ Hoseok. Meu nome é Jung Hoseok.
E voltou a andar. Por algum motivo que desconhecia, o Min gostou daquilo. E por outro motivo, ainda, sorriu fraco, encarando o chão, antes de se virar e seguir seu caminho, para fora daquele lugar claustrofóbico. Como alguém conseguia estar ali, ou melhor, como alguém trabalhava ou se divertia ali, naquele lugar abafado? Céus, os corpos se esfregando... que bosta. Realmente Min Yoongi era um velho de alma, e um ator pornô de aparência.
Soltara um suspiro aliviado ao sentir o ar fresco batendo em seu rosto. O Sol ainda não demonstrava resquícios de que iria aparecer, mas o de pele alva tinha certeza que logo apareceria. Ele precisava dormir, e não possuía dúvidas disso.
Sua casa não era longe do subúrbio onde estava, então, na realidade, saíra em caminhada, distraído com alguns pensamentos. Claro que o tal funcionário moreno passara por sua cabeça, mas não é como se tivesse esquecido do motivo para ter aparecido ali. Não que importasse mais.
(...)
Digitava incansavelmente no notebook. Realmente, escrever, em certos momentos era difícil, ainda mais quando tinha chifres recém colocados em sua cabeça, além da bela ressaca que havia pressentido antes. E mesmo melancólico, a garrafa de vinho bem ao lado da cama era uma ótima companhia. O rumo de seu romance estava ficando tão depressivo quanto o próprio rapaz, mas continuava escrevendo. Precisava entregar o rascunho para a editora em poucas semanas, e não deixaria para a última hora, como sempre fazia.
Enquanto escrevia, percebeu outra vez a letra garrancho do rapaz de ontem, um pouco fraca em sua mão. Mesmo que não se lembrasse de muita coisa, curiosamente, havia se lembrado de seu rosto, ou acreditava nisso. Por plena curiosidade, pegara seu celular, e, depois de muito tempo, viajando em pensamentos, adicionara o número à sua rede de mensagens. Por pleno receio, lhe mandara uma.
MYG: Como foi brindar aos meus chifres?
E sorriu. Sentiu que aquilo daria em algo. Algo melhor do que bebidas de graça no pub.
°◇°
Oi, gente.
É, acho que depois de muita cobrança mental (e de umas inconveniências por aí), eu resolvi reaparecer. Justamente por esse vai e volta de escritas, decidi tentar fazer uma oneshot, pra testar a minha escrita, e observar se resulta em algo. Queria agradecer pelo apoio de poucos mas muito mais que suficientes, e dizer que escrevo algo por vocês. Obrigada, e comentem o que acharam!♡
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┌ вriท∂є ┘┃お祝い┃°myg ▪ jhs°
Fiksi PenggemarMin Yoongi estava incomodando o barman. (Não revisado). Plágio é crime.