Psicologia Real

invisível

  Angústia, como ela machuca, acordar e sentir que ninguém se importa contigo é terrível, eu sou sorridente, alegre, divertida, carismática, todos pensam que sou indestrutível, mas não sou, eu tenho dores como todos, eu choro, e muitas vezes meus sorrisos são pedidos de socorro disfarçados, parece que estou anestesiada, devo ter me acostumado a me dar mal nas investidas que faço na vida.
  Sou a Raquel, líder de torcida do Time de futebol do colégio, estou no terceiro ano do ensino médio e tenho 17 anos, me consideram bem popular na cidade, frequento os melhores restaurantes, sou convidada para os melhores eventos, mas o que realmente me atrai são as coisas simples da vida, um abraço, um sorriso sincero, e ultimamente meu status está mais atrapalhando que ajudando, pois as pessoas pensam que o fato de frequentar a alta sociedade me faz feliz, Quando na verdade estou desnorteada, meus pais não ligam muito pra mim, estão sempre focados no trabalho, acham que sou problemática, mas na verdade só queria que eles participassem mais da minha vida e das minhas escolhas, dizem que já estou "bem grandinha", mas sinto falta de deitar no colo de um deles pra dormir como fazia toda noite por exemplo, meu namorado só pensa em ter relações comigo, ele não parece nem um pouco preocupado se me sinto a vontade pra dar esse passo, sinto que só sirvo pra o satisfazer, as pessoas não são minhas amigas por gostarem de mim, só querem estar juntas da "garota popular" e isso não tem a mínima importância na realidade, o que deveria importar é o caráter, a compreensão, o carinho, mas ninguém vê isso.
  Eles não se importam, vejo meus avós felizes e apaixonados depois de 47 anos casados, paro e penso como conseguiram chegar tão longe juntos, e ainda sim exalando amor, então me dou conta que nasci na época errada, tenho muitos sentimentos pra uma adolescente do século XXI, percebo que eles alcançaram tudo isso por se importarem apenas com o essencial, está cada vez mais raro esse companheirismo, pois a futilidade está banalizando o significado dos sentimentos mais nobres, se um garoto é romântico o chamam de "afeminado", se a garota é meiga a rotulam de "florzinha" as pessoas não respeitam mais o tempo das outras, não cultivam sua essência humana, então meus avós são privilegiados por terem aproveitado o tempo em que se dava valor aos sentimentos mais profundos, e os ver assim me faz ter certeza de que é possível apesar de tudo isso, construir relações saudáveis e agradáveis, percebo hoje que estou não no tempo errado, mas sim no âmbito social inadequado, tomo uma decisão, apartir de hoje, vou valorizar a essência, cada um vai ter a Raquel que merece, não quero mais ser reconhecida pelo que tenho, mas sim pelo que sou, não quero ser desejada, eu quero ser amada, não quero ser conveniente, quero ser agradável, não vou expulsar ninguém da minha vida, porém, deixarei minhas condições explícitas, cansei de ser um caráter invisível por trás de uma garota infeliz com sua autoestima baixa, por medo de decepcionar a sociedade, quem me aceitar como realmente sou vai ter o melhor de mim, quem usufruiu do que tenho por mero interesse, não merece conhecer minha melhor versão
  Ame mais, sinta mais, se permita aproveitar cada segundo do lado das pessoas que fazem a diferença, deixe as futilidades do mundo em segundo plano, aquilo que faz sua alma sorrir, é aquilo que vai fazer sua luta pela felicidade valer a pena.