Prólogo

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Todo mundo já fez uma besteira muito grande, mas eu até ontem não tinha feito, até que criei coragem e "desafiei" minha tia, dona Carmen não queria aceitar de jeito nenhum que eu já suficientemente crescida para ter meu próprio apartamento. Tia Carmen pirou assim que disse a frase "sair de casa", ela citou mil e um problemas que poderiam acontecer se eu saísse de casa.

— Você pode ser sequestrada e podem jogar seu corpo no rio, Loren! — Ela dizia, eu soltei um riso sarcástico.

— Pode ficar tranquila dona Carmen, isso não vai acontecer. — Eu disso indo em direção ao meu quarto pra pegar minha única mala.

— Como você sabe? — Ela insistiu me seguindo.

— Eu apenas sei.

— Chega, Loren, você não vai e ponto final. Você é muito jovem pra sair de casa, querida — Podia ver as chamas em seus olhos, ela estava com raiva, ah, estava.

— Não! —Eu disse simplesmente. — Eu já tenho dezoito anos, tia, a senhora pode não aceitar isso mas eu tenho o total direito de sair de casa. Minha mãe deixou uma ótima quantia pra mim conseguir viver e eu posso trabalhar em alguma loja, a Isa vai tá comigo, eu não vou morrer. A senhora não manda em mim! — Eu gritei, eu estava com muita raiva, não vou mentir, mas quem não ficaria? E foi aí, nessa momento que eu senti o tapa atingir meu rosto, tia Carmen tinha me batido pela primeira vez, e no rosto. Nem olhei pra ela, apenas peguei minha malinha e sai dali o mais rápido possível, eu já tinha me despedido do meu tio mais cedo, ele aceitou muito bem minha decisão, porque que com a minha tia tinha que ser diferente?

E agora eu to aqui, deitada na perna da Isa, minha melhor amiga, enquanto ela faz carinho no meu cabelo e me aconselha. Eu não poderia pedir amiga melhor.
Isa e eu resolvemos comprar esse apartamento porque fica perto da nossa faculdade e nem fica tão longe de casa, é só duas horas de viaje.

— Você acha que ela vai me perdoar? — Pergunto a Isa me referindo a minha vó.

— Quem tem que perdoar alguém aqui é você, poxa, Loren, ela te deu um tapa no rosto. Ela não tem que te perdoar não, você que tem que perdoar ela. — Dou um meio sorriso pra ela, que logo contribui.

— Obrigado, Isa.

Conheço a Isabela desde tinha meus 5 anos de idade, conheci ela na creche que meus pais me deixavam, ficamos inseparáveis depois que eu dei metade da minha maçã pra ela.
São treze anos de amizade, e eu amo essa garota, ela sabe me ajudar como ninguém mais sabe, quando meus pais morreram, quando eu tinha 9 anos, foi ela que ficou do meu lado, já que minha tia disse que perder pessoas era normal, que eu tinha que me acostumar com o fato de que pessoas vem e vão. Uma besteira só. Mas Isa ficou do lado, eu dormia com a Isa do meu lado, e quando acordava a Isa ainda estava do meu lado. Não tem nem como agradecer. 
Nós somos bem opostos uma da outra, gosto de baunilha, ela gosta de menta, gosto de filmes antigos, ela nem curte filmes (isso quer dizer que: não é muito legal ir com ela ao cinema).

— Ei garota, acorda, tá no mundo da lua? — Meus devaneios são interrompidos pela voz da Isa. — Eu to te chamando pra ir tomar sorvete, quer ir ou quer que eu traga pra cá?

— Trás, por favor, não tô com clima pra sair. — Ela assente e sai. Caminho em direção ao meu quarto e tiro minha roupa pra tomar um banho.

Durante o banho eu penso sobre tudo, sobre como minha vida ficou tão "maluca" em apenas dois dias, tento achar um motivo pelo qual minha tia possa ser tão possessiva. Penso também nos meus pais e em como eles se foram tão rápido.

Acho que minha vida nunca vai deixar de essa terrível montanha russa de emoções.
E eu morro de medo de altura.

Loren And DianaOnde histórias criam vida. Descubra agora