Meu sorriso - e riso - no espelho

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 Em um tempo passado eu roía as unhas. Mania que veio da infância e passou para a adolescência. Muitos fazem ou já fizeram isso e há diversos motivos para tal, mas o meu motivo não é o que está em pauta no momento. Há uns sete anos eu simplesmente parei, assim do nada - ou em decorrência de uma liberdade necessária, o que é mais possível. Quando viu que minhas unhas estavam enormes e lindas alguém me deu a ideia de pintá-las de preto. É óbvio que meu "instinto roqueira de ser" amou o resultado. Abusei de fotos em que comecei a ser outra pessoa, ou melhor, eu mesma, quem sou e o receio não deixava transparecer. Como na música do Renato: "Quantas chances desperdicei quando o que eu mais queria era provar pra todo mundo que eu não precisava provar nada pra ninguém!". O sentimento de estar mudando também em outros sentidos, como não mais me deixar abater por sentimentos passados e superados, reuniu-se ao novo e diferente sabor das unhas grandes. Mais forte, é essa a palavra. Ultimamente as unhas se encurtam novamente e tão logo voltam a se fortalecer, assim mesmo, em um sobe e desce de uma roda-gigante, apenas uma tradução do que é a vida, regida por fases, com novas cores no esmalte: vermelho, rosa, azul, ou o que a vida pintar! E pode ser também um arco-íris se deixar. Mas toda essa percepção só foi possível ao olhar para minhas unhas, ou seja, ao olhar para mim, para meu sorriso no espelho ao gostar do que estava vendo e rir instintivamente ao notar que não havia mais ninguém ali. É isso mesmo Sandy, "que sorte a gente tem de ser feliz sem mais ninguém!"

Entre Aspas e GirassóisWhere stories live. Discover now