Primeira Praga, sangue do Nilo.

13 1 0
                                    


                                                                                      Rabz.

Tinha acabado de acordar na minha casa, a luz forte do sol invadiu o meu quarto pela janela indo diretamente sobre os meus olhos fazendo minha visão ficar turva, estava meio atordoada e com apenas alguns lapsos na memória sobre os ocorridos de ontem. Um fraco e quente vento bate no meu rosto quando me sento na cama esperando meus olhos se acostumarem com a claridade e meus pensamentos pararem de girar. Decidi me levantar e ir ao banheiro me arrumar devagar, meu corpo estava bem dolorido, parecia que tinha trabalhado intensamente a noite inteira carregando peso ou cavando o solo das plantações. Lavo meu rosto deixando a água escorrer bem por ele e assim que abro os olhos susto veio, meu braço direito estava no meu campo de visão e nele havia uma marca vermelha, semelhante a uma gota, uma gota que pulsava e ardia. O primeiro impulso foi de tentar tirar ela, porém, assim que o faço uma forte dor percorre meu corpo e a água que saia dá torneia na minha frente se transforma em sangue fresco, o qual enche a pia momentaneamente, assustada me afasto quando uma voz familiar ecoa pela minha mente.

— Não tente negar os seus poderes minha pequena, apenas aceite esse presente e destrone os deuses.

Um calafrio fez os cabelos dos meus braços se arrepiarem a medida que a voz do deus Apófis some gradualmente da minha mente, deixando meus pensamentos mais confusos que antes, não sabia exatamente o que ele queria dizer, ou porque eu achava aquela voz familiar, outra coisa, porque a grande serpente estava falando na minha mente e que presente seria esse? Lavo a pia e dou alguns passos, até chegar diante da minha janela olhando por ela para pirâmide de Rá, e uma intensa e potente dor de cabeça me atinge me fazendo ficar em posição fetal no chão, a medida que vou me lembrando dá noite anterior, assim começando a recordar de tudo que tinha acontecido devagar, em seguida serro os meus punhos e me levanto.

—Minha pequena? Que absurdo, a pessoa já acorda sendo atacada pela baixa estatura, vou rever meus conceitos em relação a essa cobra de meia tijela!

Um leve tremor de terra começou e logo parou, o que me fez refletir se tinha falado demais. Fecho a porta atrás de mim ao sair de casa e sigo andando em direção a cratera, o calor do deserto estava presente como sempre, as areias quentes abaixo dos meus pés à medida que eu andava, minhas memorias ainda estavam um pouco embaralhadas, todavia, tinha que seguir em busca de mais pistas, precisava saber mais sobre a minha atual "missão" e outra, agora precisava aprender a controlar os meus poderes. O que deixa outra pergunta no ar, quando Apófis disse sobre sangue, o que ele queria dizer? Foi muito vaga a explicação. Caminhava suavemente ao ao lado de uma das margens do rio Nilo, graças a água, era mais fresco caminhar por ali do que pela trilha habitual, e o fato da cratera ser longe da minha casa não ajudada na parte do calor constante. Sentia aquele dia estranho, estava acostumada com as altas temperaturas, entretanto, hoje estavam absurdamente mais altas, conseguia ver até mesmo um pouco de fumaça saindo pela minha pele, devia estar ficando louca.

Sem mais e nem menos um crocodilo de dois metros sai da água e vem em minha direção tentando abocanhar minhas pernas, o que era extremamente estranho, não era comum vermos crocodilos nessa área, quanto mais ver um saindo do rio assim. Instantaneamente percebo que meus reflexos estavam melhores também, pois o ataque deveria me acertado em cheio, porém, em uma fração de segundos pulo sobre o grande réptil virando uma cambalhota para o lado aterrissando a alguns metros do animal o olhando, a surpresa vem quando o mesmo vai se levantando e começa a rir.

— Meus parabéns, poucos são aqueles que sobreviveram a essa investida pra contar história, menos ainda são os humanos que tem a minha atenção, que me tiram de casa e me forçam aos atacar, geralmente tenho um serviço de fast food, alguns mergulham, outros já estão na beirinha, outros sobre essas construções toscas de madeira... Enfim, onde estão meus modos, meu nome é Sobek, estava na santa paz de Deus tomando meu banho de sol quando senti essa estranha energia divina emanando de você, uma mera mortal, pode me explicar o que aconteceu, ou pelo menos quem te deu?

Na frente da menina agora estava uma mistura de crocodiliano com humano, uma grande figura masculina, dois metros de puro músculos e escamas, grossas e verdes, uma fileta de dentes mortais e medonhos, na sua mão um bastão com cerca de um metro e meio, parecia ser feito de puro ferro, esse era Sobek, o deus egípcio crocodilo.

— Ehhhh Mimimimimimimi... Vocês deuses, todos iguais e cheios de si! Merecem morrer simplesmente por serem tiranos, opressores e acharem que são os únicos que podem ter poder! Não vou revelar a fonte dos meus dons, mas vou revelar a sua morte e o início​ de uma revolução contra os deuses e seus aliados.

Era apenas um blefe, a menina nem sabia quais eram os seus dons, ou o se ela realmente tinha algum, a chance de conseguir dominar meus poderes e derrotar um deus milenar na primeira tentativa eram praticamente nulas, mas não podia arriscar de não enfrentar ele, ainda mais depois de literalmente o encarar.

Precisava de um plano, isso um plano, precisava pensar, meu corpo tremia, como se ansiasse por aquele momento, como se tudo dependesse dele. Com um movimento rápido, quase involuntário passo uma de minhas unhas pela minha outra mão, enquanto a locomovia as duas em direções opostas a cortando deixando um pouco de sangue escorrer pela mesma, o liquido cobre minhas mãos como luvas e então olho para Sobek de certa forma incrédula.

ExodusWhere stories live. Discover now