Capítulo 8

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– Essa é a história mais louca que já ouvi... – Priscila disse enquanto sentavamos em uma mesa da cantina. – Esse menino é doido?

Arrastei a cadeira que estava perto dela e sentei também.

– Pelo jeito sim. – comi um pedaço da torta que estávamos dividindo.

– Também não precisa comer tudo. – me deu um tapa na mão. – Não sei porque ainda caiu nesse papo de dividir comida com você, come mais que gravida...

Olhei indignado pra ela. Essa garota deve ser doida. Só de raiva eu peguei um pedaço ainda maior e comi. Ela me olhou furiosa.

– Pra aprender a ser menos chata. – dei lingua.

– Quem da lingua pede beijo? – brincou.

– Não de você, chupadora de xoxota. – fiz cara de nojo, mas também estava brincando.

Depois disso se fez alguns minutos de silêncio, daqueles de quando estamos sem assunto.

A torta já tinha acabado quando ela desenterrou um assunto para falarmos.

– Vai fazer o quê esse fim de semana? Tem a festa daquela menina do ultimo ano B. Parece que ela convidou todos da escola. – Disse olhando algo no celular.

Passei uma mão no cabelo e lambi uma migalha de torta que estava no canto da boca.

Essas festas de gente da escola sempre são chatas. Os pais ficam encima pra ninguém beber, não pode fazer pegação. É um puro saco.

– Acho que prefiro ficar em casa assistindo algum filme. Essas festas nunca rendem. – comentei me esticando na cadeira.

– Ah, vamos. Não tenho nada pra fazer e não quero passar o sábado todo assistindo filme de mulherzinha com você. – Riu. – E, aliás, fiquei sabendo que o Junior vai tá lá.

Levantei uma sobrancelha para ela, sem entender nada. O que eu tinha haver com aquele traste?! Idai que ele é lindo e disse que queria me pegar? Eu não estava mais afim.

– Como você fica sabendo dessas coisas?

Minha amiga parou de teclar no celular e olhou para mim e fez um bico com os lábios.

– Algumas garotas gostam de fofocar no banheiro e eu gosto dr ouvir. – deu um sorriso.

Apenas neguei com a cabeça rindo.

– Você é uma grande fofoqueira também. Aliás, não que eu vá... Mas que horas é essa festa mesmo?

Ela riu e se jogou pra frente na cadeira, apertando minhas bochechas.

– Aaaah, eu te amo. Vou até comprar uma roupa nova pra ir. Sabia que não ia me largar na mão. Eu passo na sua casa umas nove horas, pra gente não chegar tão cedo.

Mais uma vez eu neguei com a cabeça e ri.

– Será que o Junior vai mesmo?

Agora foi a vez dela rir, com deboche.

–Achei que não queria nada com ele.

Eu levantei e peguei o prato onde estava a torta, indo joga-lo na lixeira. Antes de me afastar eu disse:

– E não quero mesmo. Só falei por falar. – Mentira, eu queria sim. Nesse meio tempo em que joguei o plástico fora e falava o sinal tocou dando alerta ao início de mais uma aula. – Vamos, Caminhoneira. Tem mais quatros aulas pela frente.

Priscila levantou e me abraçou de lado, nos guiando até a sala.


-

Sentado na carteira, pude pensar um pouco sobre algumas coisas. Como por exemplo: O motivo de Pedro odiar tanto assim gays, a ponto de ser homofóbico e babaca.

Essa história de que um gay dava em cima dele não colou, no máximo ele tomaria raiva apenas do indivíduo.

Pensei também sobre o assunto de Junior, a história estava muito louca e mal contada. Não sei se devo acreditar ou não.

Passei a caneta de um dedo para outro, enquanto o professor de Inglês tentava, em vão, ensinar algo sobre a língua inglesa.

A sala estava em total silêncio, então resolvi abrir minha bolsa bem devagar e pegar o celular para dar uma conferida nas horas. Faltavam menos de trinta minutos para sermos liberados e tinha uma mensagem do meu pai.

"Boa tarde! Jantar hoje lá em casa com meu parceiro de ronda, novamente. Beijos e boa aula! "

Olhei para a tela do celular e minha única vontade era chorar.

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⏰ Última atualização: Mar 10, 2021 ⏰

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