Parte 3.1

14 0 0
                                    

Era quase sete da manhã quando Kikwang acordou, o horário que sempre levantava quase todos os dias. Como de costume, espreguiçou-se antes mesmo de abrir os olhos, tomando cuidado para não te acordar, porém em poucos segundos ele percebeu que havia absolutamente nada ao lado dele. Assustado, o moreno arregalou os olhos e levantou. Jurava ter dormido com você abraçada a ele; esperou alguns segundos para ver se ouvia algum barulho seu de fora do quarto, mas o único sinal de que você estivera ali era o bilhete em cima do travesseiro.
O papelzinho parecia ter sido rasgado e escrito às pressas, e mesmo sendo poucas palavras, elas machucaram ainda mais Kikwang. "Essa noite foi um erro que não devia ter acontecido, mas já que aconteceu é melhor a gente aprender com ele e seguir em frente sozinhos" eram os seus dizeres a ele. Era a prova de que vocês haviam se reunido como um casal na noite anterior, mas que você tinha partido novamente.
E ele chorou, deu-se a esse direito pela primeira vez desde que ficara naquele apartamento sozinho, o bilhete já estava amassado em suas mãos e pouco a pouco ia ficando mais encharcado com a enorme quantidade de lágrimas. O moreno sentia uma dor terrível em seu coração, como se o mesmo estivesse queimando dentro de si. Um nó se formava no fundo da garganta e ele sentia que seria sufocado a qualquer instante.
Era a dor de ter te perdido. A saudade junto com o arrependimento.

Kikwang estava mais do que ciente que fizera algo muito errado e que agora não havia mais qualquer chance de volta e com isso nenhum motivo para ser feliz, muito menos continuar a viver. Ele não conseguiria ficar sem a pessoa que era a vida e alma dele, porém percebeu o óbvio tarde demais.

xxx

Era de tarde, logo após o almoço, quando seus pais perceberam que tinha algo de errado e eles facilmente concluíram que você havia sumido. E foi aí que toda a movimentação na casa do casal começou. Seu pai ficava grudado ao telefone, ligando para todas as pessoas que poderiam saber de você enquanto sua mãe andava de um lado para o outro, imaginando mil e uma coisas diferentes e ficando cada vez mais preocupada e aflita.

- __________ está com ele... Não tem outro lugar possível neste planeta! - seu pai falou após tomar mais um gole do chá de camomila quase frio, deixando o telefone de lado.
- E se ela estiver em uma amiga... - sua mãe, cada vez mais desesperada, tentava achar alguma coisa, alguma desculpa naquela história toda.
- Não vamos nos iludir, tentamos todas as amigas possíveis. - o homem se levantou e pegou o telefone novamente. - Só nos resta uma opção.

xxx

- Ela só pegou alguns livros e foi embora, senhor.

Kikwang estava parado no acostamento da via, usava seu pijama e tinha os olhos inchados de tanto chorar. Seu destino final, a Misa Bridge do Rio Han, estava há poucos minutos dali, e fora a ligação do sogro que o impedira de ir diante.

Ele pensou em ignorar e continuar com o plano suicida que dominava sua mente e o guiava sem dó para pôr um fim em toda a dor que sentia, e pouco entendia. Mas aquela chamada fora como um despertar para a realidade, um sinal de que ele, Lee Kikwang estava novamente sendo egoísta e pensando somente na própria dor, sem considerar os sentimentos das pessoas próximas de si.

"Você é um homem horrível!". Ele pensou de si mesmo, porém não era a hora certa de ficar se culpando ou punindo. De acordo com o sogro você havia sumido desde a noite passada e absolutamente ninguém sabia onde estava. A voz do patriarca demonstrava mais do que preocupação e Kikwang sentiu seu lado protetor voltando à tona. Até então ele acreditava que você estava bem, segura, quando na verdade estava em qualquer lugar do planeta, exposta a tudo e a todos.

Não fora necessário pensar duas vezes. Assim que desligou o celular o moreno fez o caminho de volta para Seoul, ignorando a voz interna que ainda tentava fazer ele se jogar da ponte. Antes de tirar a própria vida, Kikwang queria ter certeza de como você estava e por isso se juntou aos seus amigos e familiares para te encontrar.

Ele começou olhando ao redor do apartamento de vocês, estacionou o carro e em passos rápidos foi caminhando entre as pessoas e o comércio, olhava com atenção dentro dos cafés e lojas que você mais gostava; Enquanto isso lembrava de alguns momentos que tiveram, momentos que não pareciam ter importância, mas agora que não passavam de lembranças para Kikwang, tornavam-se cada vez mais significativos.

Após caminhar por quase uma hora ele decidiu parar em um café, no caso o café que vocês dois mais frequentavam. Era um lugar bem pequeno e reservado, onde normalmente você ia atrás de um lugar para se sentarem enquanto Kikwang fazia os pedidos, sempre um Americano para ele e um Caramel mocha para você. E ali passavam horas, com você comumente tentando fazer algo para a faculdade e ele em silêncio te observando.

Ele pediu o mesmo de sempre, mas na realidade não sentia vontade de beber ou comer algo, só queria parar e pensar um pouco nos possíveis lugares em que você estaria, mas parecia cada vez mais impossível. Ele cogitava até mesmo que você tinha saído de Seoul. E foi com a ideia de ir para a outra cidade que Kikwang pulou da cadeira com tudo, assustando as pessoas e quase derrubando o copo de café à sua frente.

-É isso! - ele afirmou, quase gritando e saiu da loja correndo.

Entrou com pressa no carro, dando a partida logo em seguida. Dessa vez sabia muito bem onde estava indo, e queria chegar o mais rápido possível, já que em pouco tempo começaria a escurecer e o pior poderia acontecer a você.

Lee Kikwang (B2ST)Onde histórias criam vida. Descubra agora