Capítulo Cinco

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"Olivia", uma voz suave invade meu sono. Abro os olhos lentamente e minha mãe sorri. "Voltamos filha, tudo certo nesses últimos dias?". Seus cabelos castanhos estão presos em um coque e há bolsas profundas em baixo de seus olhos azuis.

"Como foi a viagem? Que horas são?" sento na cama e observo os raios de sol nos cantos de minhas cortinas. Meu quarto é espaçoso e praticamente tudo nele é branco como sempre preferi.

"Pensilvânia continua a mesma e seus avós estão bem, esperam que na próxima visita você vá. São nove horas, eu e o seu pai conseguimos descansar no vôo então iremos abrir o restaurante. Saímos em uma hora então não se enrole." Concordo e levanto em direção ao meu banheiro.

O banho foi rápido, escovei os dentes e optei por algo nada diferente do que uso durante a semana: jeans, camiseta lisa, óculos escuros e tênis. Nunca iria cansar do meu all star preto. A melhor parte de trabalhar com os meus pais sempre será o fato de não precisar usar uniforme.

"Oli! Pronta?", ouço minha chamar do primeiro andar e desço a escada. Caminhando até a cozinha, respondo com um "Sim senhora" e ela me olha de uma forma irritada e brincalhona. Eu sei que ela odeia ser chamada assim e faço questão de provocar.

Vejo meu pai apoiado no balcão com um sorriso e corro para abraçá-lo. "Senti sua falta, minha Via", ele fala com o rosto em meus cabelos. Meu pai é a única pessoa que me chama de Via e eu amo quando ele faz isso. "Eu também. É horrível não ter alguém para jogar xadrez comigo", sorri respondendo e me afastando. Os cabelos eu puxei de minha mãe, porém meus olhos castanhos mel e a pele um pouco bronzeada são totalmente dele e combinam perfeitamente com seus fios grisalhos e curtos.

O caminho até o Bardot's é tranquilo. Nosso restaurante foi construído no centro de Naples, o que nos faz ter um grande reconhecimento. Há um ano, meu pai conseguiu abrir mais duas franquias na Flórida, aumentando bastante o movimento, melhorando o lucro no final do mês.

Assim que chegamos, prendi meus cabelos em um rabo de cavalo, enchi minha xícara de café na cozinha e me direcionei ao caixa. Nosso restaurante é espaçoso e possui um toque italiano com paredes brancas e enfeites como toalhas de mesa e outros acessórios verdes e vermelhos. As luzes são mais escuras, deixando o local mais suave e sempre tocamos músicas lentas, acompanhadas principalmente de um piano. Minha mãe avisou que hoje não precisariam de mim para preparar as comidas, apenas na área de pagamento e ao servir e anotar pedidos após o almoço. O restaurante encheu assim que abrimos e foquei no trabalho. Durante uma pausa para ir ao banheiro, chequei meu celular e li uma mensagem de Savannah perguntando se eu poderia almoçar com ela e Julie. Assenti e voltei ao trabalho até dar o horário de meu intervalo.

Pedi para Diana preparar o meu prato com os que as meninas pediram por telefone e sentei em uma mesa no canto. O dia em Naples está agitado e observo a rua movimentada por um curto tempo até elas chegarem, Savannah se senta ao meu lado e Julie à nossa frente. Sua feição está triste e olho para Sav com uma expressão desconfiada. "Eu pensei que vocês viriam almoçar aqui apenas para conversar sobre assuntos sem sentido mas pelo jeito alguma coisa aconteceu, desembuchem." A ruiva ao meu lado suspira e solta uma frase que me deixa de queixo caído.

"Julie e Ethan se beijaram na segunda festa", minha expressão fica paralisada e eu começo a gaguejar antes de formar uma frase enquanto olho para Julie que cobre o rosto com as mãos. "Eu não estou acreditando nisso, meu deus finalmen.. Espera, então por que ela tá assim?" apontei para a minha melhor amiga que tinha começado a segurar o choro. "Eles resolveram se beijar no final, pois os dois não tinham beijado ainda. Ethan viu apenas como uma brincadeira, já Julie.. Você sabe. Após o beijo, ele agiu como se nada tivesse acontecido e foi embora. Ela dormiu na minha casa e chorou praticamente à noite toda, achei que seria melhor se você também conversasse com ela e de preferência o mais rápido possível", Julie olha em meus olhos antes de murmurar. "Eu pensei que no final do beijo eu perceberia que não era o que sonhei por tanto tempo. Infelizmente não me liguei na possibilidade de me apaixonar ainda mais por ele, que sempre foi a mais óbvia! Muito otária".

Slow BurnOnde histórias criam vida. Descubra agora