Capítulo Quatro

114 6 17
                                    

Música recomendada:
Medicine - Tom Speight

"Eu não acredito!" digo após Harry elogiar a minha bebida. Ele está ainda mais lindo de como eu me lembrava, seus cabelos estão extremamente cacheados nas pontas e presos por uma bandana preta, o-deixando ainda mais adorável. Ele está todo de preto, bermuda e camisa de botões fechada apenas até a metade da barriga, mostrando uma correntinha prata com uma cruz pequena e um all star branco.

"Pode tocar em mim, juro que sou real" ele ri e também pede Sex on the Beach para o atendente.

"Como você me achou?" percebo a idiotice da minha pergunta logo em seguida porém antes de consertar, ele interrompe meus pensamentos e responde com um sorriso sarcástico "É Naples, Olivia" e cai na risada.

Volto meus olhos para meus amigos por um momento e todos estão olhando para nós e comentando. É claro que eles não perderiam essa chance.

"Seus amigos devem estar se perguntando quem é esse garoto do teu lado. Queria te convidar para tomar mais uma bebida porém confesso que estou com medo deles" ele sorri para mim e também olha em direção aos meus amigos.

"Eles estão se perguntando algo mesmo, porém não o que você está pensando. Esses aí só querem que eu encontre alguém ou até mesmo alguns para superar logo" comento sobre o momento que estou vivendo e rezo para que ele não tenha se tocado ou pelo menos não pergunte.

"Superar logo.. hã". Não foi dessa vez, Olivia. Ele espera atentamente a minha resposta, me deixando ainda mais nervosa.

"Não me olha assim, o senhor sabe muito bem quem parou na vez de responder os assuntos dolorosos." Fiquei muito curiosa para saber o que acontecia com esse garoto naquela noite e isso me ajudou a lembrar, me safando por algum tempo de contar os meus problemas enquanto ele volta a falar.

"Esperta." Ele olha para a pista novamente e sua voz sai falhada ao me convidar para sentar em algum lugar mais sossegado. Nos afastamos um pouco e sentamos na areia, bem perto do mar.

"Já que muita gente diz que não tem ninguém melhor do que um estranho para contar as nossas merdas, vamos lá. Provavelmente irá parecer besteira mas tenho alguns problemas com minha família. Eles não entendem como eu me sinto até nas situações mais banais. Isso passou dos limites naquela noite, então saí de casa o mais rápido possível." No começo realmente parece besteira, mas ninguém sabe dos problemas que cada família enfrenta e sinto que Harry não é mimado ou tem costume de reclamar de merdas desnecessárias.

"E o que aconteceu naquela noite?" Não consigo conter minha curiosidade, ele a-atiça de uma forma inexplicável.

Harry suspira e trava um pouco antes de responder "Eu estava me recuperando de um momento muito doloroso e quando me reencontrei, eles trouxeram o motivo novamente. Prefiro não entrar em muitos detalhes." Continuo curiosa mas resolvo não aprofundar o assunto. "Agora é a sua vez mocinha, o que houve?" Ele muda o foco como eu sabia que faria e minhas mãos começam a tremer ao começar a falar.

"Eu caí na real, percebi que uma das pessoas que mais amei na vida não era a mesma há muito tempo e apenas eu não conseguia enxergar isso".

Lembrar de Eliot faz meu peito doer, mas não do jeito que estava doendo há poucos dias atrás. É como se eu já estivesse me acostumando com essa perda. Pensar nisso me faz suspirar. Harry ainda está olhando para mim como se eu fosse desmoronar a qualquer momento. Ao invés de isso acontecer, apenas sorrio e mudo de assunto.

"Uau, falamos pouco porém o suficiente para acabar com toda a positividade do ambiente. Podemos conversar sobre outra coisa agora que já aceitamos o quanto estávamos ferrados naquela noite?" Ele assente gargalhando.

Slow BurnOnde histórias criam vida. Descubra agora