Slow Burn

Capítulo Três

"Cadê ele!", digo desesperadamente assim que vejo Jane enquanto caminho em direção ao pai de Eliot. "Senhor Hill, por favor me diz o que está acontecendo", ele segura as minhas mãos para tentar me acalmar ao responder.

"Eliot entrou em coma alcoólico, os médicos já estão no controle da situação como deve ser, ele voltará ao normal logo." Meu peito está em uma mistura de raiva e tristeza. Dessa vez ele passou de todos os limites.

"Quando eu poderei vê-lo?", digo e Jane se apressa a dizer "Se acalme querida, você pode agora mesmo, porém ele está inconsciente por enquanto, se quiser vê-lo mesmo assim, apenas fale com a recepcionista que ela te dará um crachá para você entrar e depois irá te mostrar o número e o caminho até o quarto.

Corri até a loira que estava resolvendo algo no computador e pedi as informações, tentando ser o mais calma possível. Assim que ela colocou o crachá na alça de meu vestido, apressei meus passos até o quarto onde Eliot está. Paro em frente à porta para respirar fundo e não começar a gritar com ele mesmo sabendo que não está acordado. Giro a maçaneta e olho ao redor do enorme quarto e assim que percebo que estou tentando evitar o máximo possível olhar para ele, balanço a cabeça e o observo, chegando mais perto lentamente. Eliot continua lindo mesmo nessa situação. Os cabelos pretos estão puxados para trás e um pouco bagunçados como sempre, o rosto sereno e com traços femininos o deixa ainda mais atraente. Infelizmente os lábios que costumam ser macios e vermelhos estão secos e pálidos, parecido com sua pele que está ainda mais branca que o normal.

"Por que você insiste nisso? Nós já conversamos tanto, pensei que o seu amor por mim fosse capaz de causar alguma mudança." Meu coração está despedaçado e lágrimas escorrem pelo meu rosto sem parar.

Me sinto culpada por não ter conseguido consertar cada pedacinho do menino que está diante de meus olhos. Pensei que passaria a minha vida inteira com ele, que ele se arrependeria de verdade de ter me traído várias vezes e mudaria o comportamento quando se tratasse de bebida. Choro ainda mais ao pensar em todas as promessas que ele fez para mim na praia, nos jantares, nas vezes que fizemos amor e em todos os outros momentos especiais que tivemos durante esses dois anos. Apesar de não querer me separar, sinto que não aguento mais viver assim, preciso seguir em frente. O-ajudarei se ele tentar mudar novamente, mas não do jeito que estou acostumada.

Aperto as mãos de Eliot enquanto digo que sempre serei grata por cada momento lindo que tivemos apesar de todos os erros cometidos. Dou um beijo na testa dele e vou em direção à porta. Olho mais uma vez antes de fechá-la atrás de mim.

Encontro Jane e Patrick na sala de espera, eles sorriem para mim, esperando que eu fale algo. "Ele continua lindo mesmo nessa situação, isso não é justo com os outros garotos do mundo", digo e tento sorrir, o que faz o lindo casal rir.

Após sentarmos, penso se devo conversar com eles sobre a minha decisão de terminar com Eliot e resolvo que é a maneira correta, afinal eles foram como pais para mim durante todo esse tempo, nunca esquecerei de todo o carinho que recebi e não quero de forma alguma perder contato. Respiro fundo e começo "Jane e Patrick", eles olham para mim, esperando que eu continue. "Já faz um tempo que o meu relacionamento com o Eliot não está bem e sinto que talvez seja a hora de terminarmos. Ele promete mudanças porém sempre volta à estaca zero, isso me destrói por dentro e não consigo mais aguentar. Peço desculpas por não ter conseguido consertar o filho de vocês mas saibam que eu tentei muito".

Percebo olhares reconfortantes e confusos, espero do fundo do meu coração que eles não me odeiem por fazer isso. "Nunca mais peça desculpas pelos erros do nosso filho. Olivia, se não fosse por você, Eliot teria passado por situações piores. O que nos resta é entender a sua decisão e agradecer por tudo o que tem feito por ele. De verdade.", assim que Patrick termina, percebo soluços altos saindo de minha boca e Jane me abraçando com força.