I - ITAN

37 1 0
                                    

Dentro a uma padaria, meus olhos observam através de uma janela suja e com rachadura meus amigos cruzando a rua. Noto simultaneamente a tela de meu celular vibrando e percebo que é uma chamada, a do Simon, com certeza não está me vendo desta distância. Tento acenar através do vidro, mas logo percebo ser inútil.

Meus pensamentos logo são cortados com o som do prato batendo na minha mesa, seguida de uma voz familiar: Sabrina.

- Sonhando lúcido de novo, Itan?

Seu sorriso esforçado quase que cirúrgico é desfeito quando olha a mim. Definitivamente não sou um cliente que ela deva agradar.

- Os meninos vão entrar a qualquer momento.

Os olhos dela se reviram. Como se fosse novidade. O irmão e amigo que ela raramente encontra todos os dias durante os últimos dezessete anos - ironia.

- Me avisa quando houver novidades. Agora, com sua licença, senhor. Preciso retomar ao meu expediente.  - ela sempre diz isso, tanto que chega a ser seu mantra.


No momento em que ela dá as costas a mesa, o sino atrás da porta do estabelecimento finalmente toca. Simon e Davi chegaram, bem a tempo de trocar olhares com Sabrina já a caminho do balcão.

- Eu te liguei. tá sem o celular?


Simon despensa apresentações, sempre chega ao ponto da conversa.

- não notei, desculpe.


Ao fundo, noto um sorriso da Sabrina. Desgraçada! Quando ela faz isso é por que deixo muito evidente certas coisas.

- Eu o avisei que chegaria antes de nós, mas sabe como ele é. - Davi tem muita paciência.  

- sabemos... 

A vinda de todos hoje é bem  importante. Kelvin nos convidou a sua casa na praia para passar toda a primeira semana das ferias. Por mais que haja atrito de cada um de nós em relação a ele, sua casa da praia fica fora de questão.

- Ele disse que dessa vez vai convidar poucas pessoas, já que destruíram quase tudo na casa ano passado.

- Sendo assim eu topo. E você, Itan? 

Davi olha a mim esperançoso. Sendo o ouvinte de minhas melancolias, sabe a relação que tenho com aglomerado de pessoas - me deixa apavorado. 

- Não sei... Estamos falando de uma festa do Kelvin. Ainda por cima de 7 dias. Querem  ver a cara dele durando todo esse tempo?

- deixa de ser dramático. - sinto um leve tapa bem macio na minha nuca. Era Sabrina vindo me convencer de que será uma ótima ideia. Logo ela...

- Conseguimos lidar juntos com ele. Pare de frescura!


Davi sorri, a atitude de responsável do grupo sobe demais sua cabeça as vezes. Porém, se eles soubessem um terço do que ela faz as escondidas provavelmente quebrariam a cara. 

- Eu já decidi ir com ou sem vocês. Sabia que seria perda de tempo vir aqui hoje.


Troco olhares com Sabrina e Davi, e sei exatamente no que estão pensando. Tanto que dizemos depois ao mesmo tempo.

- Vai se fuder, Simon! - O coro é tão alto, que uma senhora sentada lá ao fundo nos olha com a expressão bem irritada.   

No mesmo momento, Davi que estava rindo,  fica sério. Seu olhar é voltado a porta, pois está frente a direção dela; eu só ouço então o som que tanto amo, o badalar do sino.

- Falando em fuder... Se não decidirem agora, ele vai. - Simon sentado ao lado de Davi,  aponta na direcção da porta.


Todos agora se encontram na mesma sensação, desconforto.

Mas por que diabos ele esta aqui?

Sabrina logo se afasta da mesa em passos leves sem chamar a atenção. Ela tinha consciência de que uma conversa naquele momento com o embuste chamaria atenção, principalmente por causa da língua desenfreada dele. Ela Pode ser bem responsável, mas já teve momentos de recaída com o Kelvin. Não imagino o que seu irmão faria se descobrisse.

E para nossa surpresa, ele caminha em direção a nossa mesa. 

Isso não vai acabar bem...



Amigos, Festa & F ❥das!(romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora