Como se livrar de um Duque

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"Linda, louca e mimada

Sabem do poder que têm

E não têm medo de usá-lo"

(Oriente)

— Quanto será que custa o pacote de internet? – Chalotte perguntou enquanto folheava rapidamente a revista de informação da companhia aérea. Jasper retirou a divisória – uma espécie de tábua de plástico – que bloqueava a vista para sua companheira de viagem, e a encarou com descrença. Ela estava agitada demais, algo que ele nunca havia visto em todos os anos ao lado dela. Bem, a jovem tinha motivos para esse comportamento, mas ele ainda podia se dar ao luxo de se surpreender.

— Já viu a quantidade de filmes disponíveis? Relaxa um pouco, são só duas horinhas... – Ele tentou acalmá-la, mas pelas batidas ritmadas do pé dela no encosto se podia ver que a tentativa dele era em vão.

— Até Amsterdã! Depois tem mais um tempão presa nesse caixão voador! – Ela reclamou procurando outra revista, essa que não prendeu sua atenção por nem ao menos dois segundos.

— Você nunca teve medo de avião antes... – comentou estranhando o que foi dito por ela. Charlotte apenas revirou os olhos enquanto apertava um botão na tela para chamar um comissário de voo.

— Não estou com medo – disse para o amigo antes da chegada de uma aeromoça – Oi! Como eu poderia adquirir um pacote de internet?

— Possui um custo adicional que pode ser pago em dinheiro ou pelo cartão de crédito, depende do pacote que gostará de adquirir. O mais completo nesse voo está custando 30 euros - informou a comissária e Charlotte rapidamente buscou a quantia em notas que carregava em sua bolsa, apoiada sob seu assento.

— Desperdício de dinheiro... – cantarolou Jasper enquanto colocava um filme na sua tela particular. Charlotte apenas revirou os olhos se esticando para ver o que o amigo assistia, era um filme de super-herói que ela nunca se recordava do nome. Obviamente, o tempo de voo não seria suficiente para terminar o filme e ele ficaria reclamando disso por dias até se esquecer de procurar assistir a continuação. Isso acontecia com frequência.

Assim que conseguiu se conectar a uma rede de qualidade um pouco mais inferior do que ela esperava, as mensagens, em seu novo aparelho comprado no Free Shop do aeroporto, começaram a surgir desesperadamente. As de sua mãe eram a maioria.

Tentou deixar aquilo de lado por alguns minutos e abriu o portal de noticias do Google, queria ver se havia alguma informação sobre ela, sobre o que os jornalistas tanto queriam saber na entrada do aeroporto. Não demorou muito para começar a encontrar algo que envolvia o nome de sua família, a mídia adorava falar sobre eles.

" A Rainha Luíza e o Rei Nicholas visitam a Suprema Corte em Estocolmo".

— Que legal! Minha mãe me manda voltar desesperadamente para casa, enquanto ela está na Suécia – pensou Charlotte, enquanto clicava na matéria para conseguir ver melhor a imagem que ela estampava. Eram seus pais, tão lindos e elegantes como sempre e com estonteantes sorrisos sempre apaixonados no rosto.

Charlotte riu, se não os conhecesse, poderia acreditar que aquilo era real.

A capacidade de atuação que seus genitores tinham era de superar qualquer ator norte-americano. O Oscar não sabia o que estava perdendo ao desconhecer aquele talento. Por muito tempo, ela foi obrigada a fingir sorrisos como aquele, ao fingir felicidade, afeto, compaixão e disposição. Ela não podia derramar uma lágrima em publico, não podia ter dias em que não estava animada, não podia deixar que ninguém descobrisse o inferno de brigas que reinava em sua casa. Ninguém poderia saber de nada, eles deveriam ser perfeitos. Mas, nunca chegaram nem perto da perfeição, ou simplesmente de uma família de verdade.

Por trás de uma PrincesaOnde histórias criam vida. Descubra agora