O Quartinho do Castigo

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Bem-vindes estrelinhas da noob 💙

Alguns avisinhos:

1- A fanfic se passa no ano de 1892

2- Não haverá o hot EXPLÍCITO na fanfic, ou seja, vocês vão saber que teve, mas não irão ler o lemon

3- As palavras, a "aura" e o vocabulário foram inspirados no livro Marina, de Carlos Ruiz Zafón

4- Não achem que por estar no ano de 1892 tudo será igual a como era nessa época, eu dei meu máximo para ser similar, mas não sou perfeita.

Bom, acho que isso é tudo, qualquer coisa aviso depois. Boa leitura! 💙

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Os pregos cortantes e enferrujados pareciam ansiar e querer raspar na pele branca e imaculada de Jeongguk. Ele sentia os ratos passeando por seus pés alinhados e tremia em puro horror. Jeongguk era travesso e curioso, assim, o quartinho do castigo estava se tornando costumeiro, mas não menos tenebroso e assustador. A confusão desta vez se dera por causa de um selinho que deu em outro garoto, sendo recebido por olhares nojentos, 50 palmatórias em cada mão, quatro horas no castigo e novamente as palmatórias. Ah, por que havia feito aquilo? Beijar meninos é errado, com certeza! Não havia justificativa.

Era tão difícil para si obedecer! Mas ele simplesmente não conseguia gostar de garotas, eram estranhas, mimadas e vazias, simplesmente não sentia nenhuma atração.

Ah, não aguentava, não aguentava! Por que faziam isso consigo? Todas essas loucuras e horrores. Ele não merecia.

Logo a porta de madeira abriu-se, rangindo, e a senhora de cabelos grisalhos o olhou, a face enrugada. Esta puxou sua orelha e a torceu com força, o levando até a saída daquele lugar imundo. Saiu daquele beco escuro, nojento e perigoso - mais conhecido como cantinho do castigo - e recebeu as 50 últimas palmatórias, as mãos ardentes como fogo e as lágrimas escorrendo ao barulho do pedaço de madeira batendo em sua mão, tamanha era a força. Ao fim, ajoelhou-se e pôs-se a chorar, aquilo doía como o inferno, interna e externamente.

- Pare de chorar! - pegou o pulso do Jeon, o levantando. - Só podia ser, já deveria esperar isto vindo de uma aberração como tu! Sempre pareceu-me afeminado, mas agora, tenho certeza! - chorava mais a cada palavra de nojo dita. - Seja homem! - deu-lhe um tapa estalado na face. - Tu não és nenhuma garota para lamuriar-se assim! Com algumas palmadas aprenderá, disso tenho certeza! Agora vá, as aulas começarão às três da tarde. - limpava as mãos sujas no avental preso no vestido velho, vendo Jeongguk se curvar em consentimento e seguir caminho, a cabeça baixa. - Mas... - Alertou apertando seu ombro. - Não se atrase e não ouse pecar novamente, o inferno te aguarda, garoto.

Jeongguk ficou encarando o chão, apenas ouvindo o barulho dos saltos pequenos batendo no chão de madeira, que ecoavam como um toque melancólico de um de seus pesadelos de criança. Enxugou as lágrimas, mesmo que estas insistissem em escorrer a cada segundo. Logo saiu daquele lugar, passando pelos extensos corredores com os olhos grudados aos pés, recebendo batidas de ombro e risadas baixas. Todos já sabiam. Os professores e o resto da escola não se importavam, era o que merecia afinal, não?

Foi para o jardim - vazio como sempre, ninguém nunca ia ali - o qual era coberto por canteiros de flores roxas, divididos por rochas e pedras, quase uma praça. Em certos pontos se encontravam estátuas de santos, porém estas se tornaram ilegíveis ao que o tempo as vestia de musgo e sujeira. No centro do lugar havia uma fonte de água que estava na linha do grande portão enferrujado, este que o impedia de sair daquele pesadelo eterno.

Dirigiu-se para um dos bancos dali, em frente à fonte, tirando de seu bolso um pequeno caderno e um pedaço de carvão. Sempre que algo acontecia consigo, escrevia todas as suas dores em um pedaço amarelado de papel, transformando-as em melodia. Cada verso ardia como sal em suas feridas abertas, mas seus temores e horrores escritos em arte sorriam para si, dizendo que tudo ficaria bem. E tudo ficaria bem. Tudo ficaria bem. Repetia isto, pois precisava se agarrar a qualquer resquício de esperança que restasse dentro de si, cada mínima gota. Mas é exatamente quando montamos uma pirâmide de cartas que ela se desmorona.

- Ei, Jeongguk! O que estás fazendo? - murmúrios e risadas baixas soltavam-se no ar e como vibrações violentas, arranhavam todo o corpo do Jeon em um arrepio forte de seu fio de cabelo até seus pés. - Beijando outro menino, aberração? - risadas e passos ecoavam no extenso jardim.

Silêncio.

- Sempre soube que você gostava. - ouviu um sussurro no pé de sua orelha, começando a tremer e lacrimejar ao que o medo o consumia. Apertou o pequeno caderno, em busca de algo para descontar toda a pressão que caía em cima de si. - Hm, o que é isso? - Esticou o braço, pegando com facilidade o pequeno punhado de folhas.

- Me devolve, Kiyoung! - gritou trêmulo, se levantando do banco.

- Ou o quê? - riu junto de seus amigos. - Tu não tens ninguém Jeongguk, é só mais um problemático. E ainda por cima tens um diário? - riu - Não poderia ser mais menininha. - deu o caderno a um de seus colegas, se aproximando e agarrando o pulso do Jeon. - Mas tu talvez sirvas para alguma coisa, não acham garotos? - perguntou, passando a mão pelo corpo do outro, como se o analisasse. - É, acho que dá pro gasto. - agarrou-o, o levando para um pequeno canto vazio perto do jardim.

- Não! Por favor! - gritava, recebendo alguns chutes para mantê-lo calado. - Senhor Jung! - gritava pelo porteiro, mas este não moveu um músculo, os braços cruzados e postura ereta. - Socorro! - ninguém fazia nada, era o que merecia.

- Fique em silêncio, é melhor pra você. - tapou sua boca, o ajoelhando sob seus pés. Seus outros amigos se aproximaram de si, as mãos sujas querendo tocá-lo de forma impura, nojenta. Fechou os olhos em puro medo e horror ao que ouviu o barulho do cinto de Kiyoung se desafivelando. As lágrimas escorriam pelo seu rosto completamente desenfreadas, queria fugir.

- Com licença... - logo um homem surgiu, trazendo consigo uma aura estranha, tenebrosa e confortável. Este estava muito bem vestido em um terno listrado, com sapatos lustrosos e uma bengala de madeira detalhada, provavelmente cara. Mas nada importava, Jeongguk queria apenas um apoio. Logo, arrastou-se - com as lágrimas aos poucos secando - para perto daqueles belos sapatos sociais, pedindo em mudo por socorro. - Eu vim buscar este garoto. - O sorriso e voz doces ecoavam de forma intimidadora para os outros, já para o Jeon, era um canto de salvação. - Sempre tão desobediente, não é? - sorriu, balançando os fios negrumes do mais novo. - Vamos, estamos atrasados. - levantava-o devagar pelo pulso, logo se curvando para Kiyoung e seus "capangas" com um sorriso sem dentes. Por fim, puxou Jeongguk pela manga do uniforme desgastado do internato para uma parte isolada, atrás de uma estátua suja e deformada.

- Tome cuidado, Jeon Jeongguk. - tirou do bolso o caderno de anotações do Jeon, este que o pegou com as mãos trêmulas, se perguntando como este havia parado nas mãos do outro. - Tenha atitude para viver do seu jeito, não se deixe levar pelo que os outros dizem, levante a cabeça e prossiga, a vida não é barata. - Jeongguk permaneceu de cabeça baixa, como estava desde que o desconhecido cruzou com seu caminho há instantes atrás, havia visto apenas do ombro pra baixo, mesmo que outro fosse um pouco menor que si. Fez o que ele disse e levantou a cabeça aos poucos.

- Quem é você? - perguntou, porém não havia mais ninguém em sua frente. Ainda assim sentia a aura estranha dele, que seguia sua sombra invisível como um cão fiel. Com o caderno em mãos, foi para dentro do internato - logo as aulas começariam, afinal - confuso demais para se perguntar como aquele estranho sabia seu nome.

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Ah, valeu por chegar até aqui! 😊

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