Lizziê

Capítulo I

Olá, me chamo Lizziê Blanc, minha família por parte de pai é de origem francesa mas moramos nos Estados Unidos há muito tempo, meus bisavós se mudaram para Monterey depois do casamento porque era o sonho deles, e desde então meus familiares não saíram mais dessa cidade, pelo menos não até o meu pai.
Era pra ser tudo perfeito, como sempre foi, mas algo deu errado e eu tive que lidar com as consequências. Você não deve estar entendendo nada né?! Mas não se preocupe, quero te contar um pouco da minha história, se prepare porque ela é longa.

Meus pais se conheceram em uma festa da faculdade, o jovem Marlon Blanc esbarrou na jovem Sunny Copper e quando seus olhos se cruzaram o mundo deles mudou, era como mamãe costumava me contar, mas eu acho que eles só estavam bêbados demais aquela noite, enfim, depois dessa festa eles começaram a sair juntos mais vezes e mesmo não tendo muitas coisas em comum eles gostavam da companhia um do outro. Já estavam juntos há três meses quando mamãe descobriu que estava grávida de mim, foi um choque para os dois, faltava pouco tempo para terminarem os estudos e eles haviam feito um combinado de depois da faculdade cada um seguir sua vida, o que não aconteceu graças a mim.
Com a pressão da família de ambos os lados eles resolveram casar logo após a faculdade, foi dado a eles uma pequena casa para começar uma vida juntos, papai ja estava trabalhando graças ao estágio que fez na faculdade, já mamãe estava com algumas complicações na gravidez então passava o dia em repouso. Depois que eu nasci foi resolvido que mamãe se dedicaria a cuidar de mim até eu ter idade suficiente para começar a ir pra escola papai recebia um bom salário e conseguia manter a casa com ele.
Os anos foram passando e o pouco de amor que existia entre os dois foi sumindo cada vez mais, mamãe se tornou uma mulher frustrada por ter se tornado dona de casa tão jovem e não poder ter seguido uma carreira no mercado de trabalho por minha causa e papai foi se tornando um homem infeliz por ter que trabalhar tanto para manter sua família e não ter tempo para se divertir. Mas mesmo assim eles continuavam mantendo a mentira de "família feliz" que todos achavam que fossemos.
Quando eu completei cinco anos comecei a ir pra escola e então mamãe mudou seu cotidiano, deixou a dona de casa de lado e começou a trabalhar. Foi então que tudo mudou de vez, os dois quase não paravam em casa, e quase já não se viam pois seus empregos eram em horários opostos, já estavam se tornando dois estranhos um para o outro, e foi daí pra pior.
Um mês após meu aniversário de oito anos mamãe descobriu que estava sendo traída, ela já desconfiava mas não tinha certeza até aquele dia que ela seguiu papai e viu ele se encontrando com outra mulher. Mamãe chegou em casa transtornada, ela também traia papai as vezes, mas para ela não era a mesma coisa, era só por prazer, não tinha sentimentos, mas papai não, ele parecia estar apaixonado por aquela moça.
Eu estava na casa do meu tio Jerry irmão de papai, brincando com minha prima Beatrice que é um ano mais velha que eu, senti um aperto no coração e pedi para me levarem embora. E então quando cheguei em casa vi pela primeira vez mamãe e papai brigando, tinha roupas de papai espalhadas pelo chão e estava tudo uma bagunça, eu não estava entendendo nada, mas sabia que aquilo não era bom. Eles gritavam tão alto um com o outro que nem me ouviram entrar e quando eu cheguei perto deles e perguntei o que estava acontecendo eles se assustaram e mamãe começou a dizer que papai estava indo embora de casa porque não nos amava mais e papai começou a discutir com ela dizendo que não era nada disso, eu comecei a chorar e eles voltaram a gritar, eu estava sem reação, não sabia o que fazer, só queria que tudo aquilo parasse.
Mamãe começou a bater no Papai, eram tapas fracos mas foram ficando mais fortes, então eu me coloquei entre os dois e com calma e disse:

- Mamãe, por favor, não faz isso, por favor.
Foi então que ela se deu conta do que estava acontecendo, caiu de joelhos no chão e começou a chorar muito dizendo:

- Filha me desculpe - repetidas vezes.
Eu abracei ela na mesma hora. Depois disso ela se levantou, olhou para Papai e disse:

- Por favor, só vai logo embora. Deu as costas e subiu as escadas e seguiu em direção ao quarto, papai queria que eu saísse com ele para conversarmos, mas eu só olhei pra ele e disse: