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Hey, babes!
Boa leitura!

•Emma

   Às onze da noite a campainha toca, imagino que minha mãe tenha esquecido a chave quando saiu para o trabalho. Abro a porta e me deparo com Sophia de olhos enchados e com rímel escorrendo misturado com lágrimas. Abri os braços e ela se encolheu em meu peito soltando soluços baixos. Afago seus cabelos dourados com uma mão e fecho a porta com a outra.

   Após algum tempo nos dirijo ao sofá, Sophia continua com a cabeça apoiada em meu peito e se encolhe ainda mais ao sentar com, praticamente, todo o corpo em meu colo. O choro não está mais alto como antes, mas parece ser tão doído, um tipo de choro que eu conhecia bem.

   - Shhh, vai ficar tudo bem princesa. Você quer falar sobre isso?

   - N-não, a-agora não...

   - Ta okay, pode falar quando quiser, se quiser. Eu to aqui com você.

   O choro aumenta, ela soluça cada vez mais. Eu deposito beijos no topo de sua cabeça e continuo fazendo carinho por todo o corpo dela, tentando deixa-la confortavel. As horas passam rapidamente e eu estou morrendo de sono.

   - Sophia, vamos para meu quarto. Está tarde.

   - Você nem me pagou o jantar e já me chamou para seu quarto. - ela fala levantando o rosto sorrindo timidamente, como se não estivesse chorando até agora.

   - Ha Ha! Vai levanta vamos.

   - Calma querida, é claro que eu vou para cama com você. - responde gargalhando e eu fico vermelha na hora. Pego na mão dela e vamos para meu quarto.

   - Cala boca Sophia!

   - Ai eu não acredito que vou fazer a pior cantada da minha vida toda. - ela suspira dramaticamente - Vem calar.

   Eu tomei a nuca dela com a mão e me aproximei devagar, ela começou a fechar os olhos e então eu desviei rapidamente beijando sua buchecha.

   - Eu sou difícil Sophia.

   - Droga! - Ela gargalha.

•Sophia

   Eu não consigo dormir, cada vez que eu fecho os olhos ouço a voz dele dizendo que eu sou uma aberração, que não me ama mais. Minha cabeça gira e eu me pergunto porque ele não me aceitou sendo que até meus pais aceitaram. Eu cuidei dele desde o dia em que ele saiu da barriga da minha mãe, nós somos melhores amigos desde sempre, e agora isso, só porque eu gosto de meninas.

   Acendo a luz e vou até o banheiro. Quando volto sento na cama e observo Emma dormindo. Ela parece uma princesa, uma princesa que ronca um pouco. Me pego sorrindo, mas quando ela muda de posição e deixa seu braço exposto minha expressão muda. Os pulsos dela estão cortados, feridas recentes e profundas. Uma onde de pavor toma conta de mim, conheço ela a pouco tempo mas não parecia que ela fazia essas coisas.

   Passo os dedos pelos machucados com meu coração apertado e então ela abre os olhos.

   - Sophia, é madrugada o que você... - então parece que ela entende  o que está acontecendo. Seus olhos ficam arregalados - Hm, i-isso não é n-nada. É, e-eu... - Eu a abraço fortemente.

   -Shh, vai ficar tudo bem princesa. - repito as mesmas palavras que ela me disse mais cedo, pois as vezes precisamos de conforto não da verdade.

   - Por favor não conta para ninguém, eu não lembrei de esconder, mas você não pode contar porque... - eu a interrompo

   - Hey, eu não vou falar para ninguém, mas eu acho que você deveria. Você precisa de ajuda, não precisa passar por isso sozinha Emma. Eu sei que isso é difícil mas... - foi a vez dela me interromper.

   - Não, você não sabe. Eu entendo que você esteja tentando me ajudar, mas você não faz a mínima ideia de como é. Eu não posso simplismente chegar na minha mãe e dizer 'ah então, eu penso em me matar todo dia', entende? Ela se desdobra para nos sustentar e ela tem que fazer isso sozinha por minha culpa. Eu não posso encher a cabeça dela com mais isso. Ela não precisa carregar um peso que é meu.

   - Você tá certa, eu não faço a mínima ideia de como isso é, mas eu sei de uma coisa, a sua mãe iria querer saber pelo o que você está passando. Mas se você não quer falar com ela saiba que eu estou aqui, que se você quiser a gente vai atrás de um médico, sei lá, faremos qualquer coisa para você se sentir melhor. - ela ri baixinho.

   - Obrigada.

   - Sabe, eu contei para minha família que sou lésbica e meu irmão surtou, gritou comigo e... enfim. Foi por isso que cheguei aqui chorando. Você foi a primeira pessoa que eu pensei na hora do desespero.

   - Ai Sophia, nossa eu nem imaginava. E como seus pais reagiram?

   - Minha mãe soltou um 'eu já sabia disso'. Meu pai ficou todo preocupado com o perigo que eu vou enfrentar na rua - sorri lembrando como dele todo preocupado, sendo um pai tão maravilhoso.  - Eles foram ótimos, não faço a mínima idéia do porque meu irmão surtou.

    - Talvez seja porquê ele pensava que sabia tudo sobre você e agora isso mudou, ele deve ter ficado nervoso na hora. Isso vai passar.

   - Obrigada. Tá, agora vamos dormir, estou caindo de sono.

   E assim ela dormiu e eu voltei a observa-la, logo o dispertador tocou e eu fingi que tinha acabado de acordar.

  

Emma & Sophia Onde histórias criam vida. Descubra agora