Lecciones.

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Serena tinha que ser bastante profissional com seus alunos, pois a dificuldade que os jogadores tinham ao pronunciar até a mais simples das palavras em inglês era algo quase surreal e as tentativas lhe rendia boas gargalhadas, mas na maioria das vezes, sentia que parte disso era culpa sua.


Ela via Emerson na sua frente, que no momento era o seu pior aluno. Já fazia quase sete meses desde que chegara à Terra da Rainha, em janeiro, mas o brasileiro naturalizado italiano havia tido pouquíssima evolução.

Em sua opinião, os brasileiros eram os que tinham mais dificuldade em aprender o idioma inglês e Serena tentava ensiná-los da forma mais fácil possível, tentando deixar o sotaque bastante carregado deles para trás.

A inglesa apoiou o rosto nas mãos quando Emerson saiu daquela sala. Balançava a cabeça de um lado para outro, colocando a culpa em si mesma pelo jogador ter saído sem conseguir aprender o que seria a sua tarefa daquele dia.

Ouviu a porta abrir novamente e encarou Álvaro passar por a mesma. O espanhol logo sentou-se de qualquer jeito na poltrona com qual já era bastante familiarizado.

- Aconteceu alguma coisa? - o rapaz perguntou, percebendo que a moça parecia estar angustiada.

Serena respirou fundo e mordeu o lábio inferior, abaixando o olhar antes de responder.

- Emerson não progride... Estou começando a achar que sou péssima no que faço. - revirou os olhos, relaxando o corpo na cadeira.

Álvaro não demorou a levantar-se da poltrona para sentar-se desta vez na cadeira que ficava à frente de Serena e dar belas broncas à inglesa por referir a si mesma daquela forma.

Ele sabia que aquilo não era drama da parte dela e estava habituado às crises de baixa autoestima que vez ou outra sua melhor amiga - por mais que nunca assumisse que ela ocupava esse posto - tinha.

- Ei! Você é a melhor no que faz, ok? - Morata fez com que a loira o encarasse, após pressionar o dedo indicador em seu queixo. - Se não fosse, não teríamos feito um abaixo-assinado para que ficasse quando foi demitida.

O canto dos lábios do espanhol subiram ao terminar de falar. Sua mão segurava o próprio queixo e seu cotovelo se apoiava no birô de vidro que separava os dois.

Ele se referia ao dia que a inglesa fora despedida injustamente - quando a comissão técnica descobriu sobre seu caso com Giroud e pediu seu afastamento do cargo - e os jogadores se reuniram para assinar um mero pedaço de papel, na tentativa de impedir que a gestão do clube a demitisse.

Claramente, funcionou.

- Eu ainda não sei como agradecer vocês por isso, sério... - Serena riu leve, lembrando-se da situação que Álvaro havia se referido.

- Boatos que eu estaria falido se não fosse você... Você que estaria falida se eu não tivesse essa ideia. - levou as mãos para o ar, convencido do que havia falado.

- Não consigo acreditar que foi você que criou tudo aquilo. Você não tem essas ideias - a inglesa riu. - É burro na maior parte do tempo.

Álvaro semicerrou os olhos e deixou a boca entreaberta, fingindo estar ofendido.

- Burro? Quanto eu tirei na prova, então, professora? - entrelaçou as próprias mãos.

ꜰᴏʀ ʏᴏᴜ | ᴀʀʀɪᴢᴀʙᴀʟᴀɢᴀ ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora