Amor.

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- Bom dia. - foi o que Kepa escutou perto de seu ouvido logo antes de seu corpo ser envolvido pelos braços da inglesa.


O espanhol virou-se de frente para Serena e deu um selinho em seus lábios como resposta, não demorando a observar que a mesma tinha os pés levemente inclinados para ficarem da mesma altura.

Voltou a preparar o café da manhã que pretendia terminar antes da moça acordar, mas seu objetivo não fora alcançado.

- São nove horas. E estamos de folga... Está bem? - Kepa encostou as costas de sua mão na testa de Serena para checar se a mesma não estava sentindo nada, em tom de brincadeira.

Ele referia-se ao fato de que Serena, nos dias que não trabalhava, só acordava depois das dez.

- Estou, engraçadinho. Só não consegui mais dormir. - deu de ombros.

- Achei que acordaria ainda mais tarde, você sabe, bonita... Por conta de ontem. - o espanhol sorriu maliciosamente.

- Convencido. - revirou os olhos.

Eles comentavam sobre o momento íntimo que tiveram na noite passada.

E esse tipo de momento estava ficando cada mais frequente. Quando Kepa não acordava na casa de Serena, acontecia o contrário.

O espanhol já tinha algo em mente e seria questão de tempo até que compartilhasse sua ideia com a inglesa, mas talvez fosse cedo demais.

Eles estavam juntos há três meses. Não era nada oficial, e talvez nunca viria a ser, porque esse era o combinado.

Nada de pedidos especiais para ninguém desconfiar. Sem tempos extras na sala dela. E muito menos demonstrar afeto em público.

Dos jogadores do Chelsea, somente César Azpilicueta estava ciente daquele relacionamento.

O lateral desde o início apoiou os dois. A única coisa que o deixou com um pé atrás foi como Serena se sentia em relação a tudo. Da mesma forma que César sabia que Kepa era bom rapaz e não iria magoá-la, ele sabia que a inglesa ainda sofria por conta de acontecimentos passados em sua vida amorosa.

Acontecimentos passados chamados Olivier Giroud.

Mas César passou a apoiá-los cem por cento quando conversou abertamente com Serena sobre o goleiro.

E ela nem precisou falar muito. Era claro o que os dois sentiam um pelo o outro, e qualquer um percebia. Porque estava na forma como eles se olhavam. Estava também no sorriso que Kepa abria toda vez que via Serena fazer o mesmo, e como o espanhol abraçava-a depois de uma vitória. Até mesmo o bom dia que a loira desejava ao goleiro soava diferente.

César não era o único que estava ciente. Ele era o único que ouvira da boca dos dois que estavam juntos.

Era perceptível. Todos sabiam. Até mesmo o zelador que limpava o vestiário perguntou com a recepcionista do centro de treinamento se ela sabia se acontecia algo entre os dois.

A única pessoa que se negava a acreditar era Álvaro Morata. Ele se recusava a acreditar que sua melhor amiga esconderia algo assim.

O problema era que Serena não estava pronta para escutar os sermões e conselhos chatos que Álvaro daria a ela.

E Kepa não estava suportando aquilo. Queria chamá-la de sua namorada e odiava o fato de que ela não deixava ele o fazer por conta de uma terceira pessoa. Não que o goleiro não gostasse de Álvaro ou se incomodasse com a amizade dos dois, mas viver naquela situação o aborrecia ao extremo.

E era naquilo que ele pensava naquele momento, e estava prestes a dizer.

- Bonita... - a encarou quando a mesma passou a prestar atenção no que ele falava. Kepa deu um beijo nas costas da mão de Serena, antes de entrelaçar na sua. - Namora comigo.

A loira arregalou os olhos com aquele pedido e respirou fundo.

- Kepa... Você sabe das regras. Não podemos nos envolver - ela soltou a mão da dele. - Ainda não entendeu?

- Eu sei, bonita, mas não aguento mais viver às encondidas. É insuportável o fato de você amar alguém de uma forma que precise gritar para o mundo inteiro ouvir e seja proibido de fazê-lo. - cruzou os braços.

Kepa só percebeu o que havia falado quando viu os lábios de Serena tomarem uma tonalidade pálida.

- Ei - pôs o rosto da loira entre suas mãos. - Desculpa, eu não pensei antes de falar, mas é isso que sinto de verdade. Não precisa ficar assim, eu estou aqui. E quero ouvi-la. Como se sente em relação a isso?

O espanhol havia aprendido a identificar quando a inglesa estava prestes a ter uma crise de ansiedade e já sabia as palavras certas para usar naquele momento.

Serena acalmava-se quando era escutada. Ela apertou a mão de Kepa e aproximou-se mais dele.

- Eu... também amo você.

O goleiro abriu um sorriso e puxou-a para envolvê-la em seus braços e dar um beijo no topo de sua cabeça.

- Mas eles vão ficar furiosos quando souberem. Álvaro, principalmente. - saiu do abraço do espanhol.

- E por que nós precisamos nos importar, Serena? Se eles gostam mesmo de você, vão ficar felizes, porque você está feliz, não está? - acariciou a bochecha da loira com os dedos e ela assentiu. - Me deixa chamá-la de minha namorada. Por favor.

Serena sorriu fraco e selou os lábios dos dois por alguns segundos em resposta.

- Espero que eu não esteja entendendo essa resposta errado. - Kepa novamente tinha o rosto da inglesa entre as mãos.

- Não está. - falou antes de dar mais um selinho demorado no espanhol.

- Esse dia merece uma comemoração, então.

O rapaz tinha em seu rosto um sorriso malicioso.

Serena prontamente entendeu o que ele quis dizer. Eles subiram para o quarto, onde tiveram mais um dos cansativos, porém imensamente prazerosos momentos que passavam juntos.

Eles não se cansavam um do outro, e não era somente fisicamente. Ambos haviam passado por mágoas em relacionamentos anteriores que faziam eles se questionarem se um dia voltariam a amar alguém, mas eles se conheceram e sabiam que eram as pessoas certas, na hora certa.

Serena e Kepa deitavam-se na cama com as gotas de suor escorrendo por seus corpos e as respirações ofegantes depois de uma mútua satisfação.

O silêncio tomava conta daquele cômodo, mas era daqueles silêncios confortáveis, em que as palavras não eram necessárias, porque eles apenas observavam um ao outro e os olhares falavam por si só.

Eram olhares de duas pessoas completa, perdida, imensa e loucamente apaixonadas. E eles não sabiam daquilo ainda, mas passariam por cima de muitos obstáculos para ficarem juntos.

Porque eles se amavam.

ꜰᴏʀ ʏᴏᴜ | ᴀʀʀɪᴢᴀʙᴀʟᴀɢᴀ ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora