ꜰᴏʀ ʏᴏᴜ | ᴀʀʀɪᴢᴀʙᴀʟᴀɢᴀ ✔

Pérdida de control.

Curiosa, Serena observava cada canto daquela casa. Seus olhos percorreram desde o tapete felpudo no centro da sala - o qual ela tirou os sapatos apenas para sentir a maciez do mesmo - até o porta-retrato em uma das prateleiras da instante na sala de jantar que tinha a foto de Kepa beijando o topo da cabeça de uma mulher.

- Minha mãe. - a curiosidade de Serena foi percebida pelo espanhol.

A inglesa assustou-se com a voz do rapaz, mas sorriu logo depois.

O cheiro da comida que o goleiro havia preparado invadiu o ambiente. O espanhol puxou uma das cadeiras, fazendo um gesto para que a loira se sentasse.

Kepa e Serena estavam de frente um para o outro, com a mesa mantendo a distância entre os dois.

A palavra que definia melhor aquela situação era constrangedora.

As informações que forneciam um ao outro durante o jantar eram dispensáveis, sendo que ambos tinham palavras engasgadas em suas gargantas que mudariam completamente o rumo daquela noite... E foi Kepa, como sempre, que tomara a decisão de começar a falar sobre o que realmente importava.

- Serena... eu a chamei para sair para dizer algo que nunca conversei sobre com ninguém - respirou fundo. - Eu tinha alguém. Antes de vir para Londres, eu tinha alguém. Alguém que eu amava muito.

Serena se preparou mentalmente para o que viria a seguir. Não estava acostumada a ouvir Kepa falar de sua vida antes de mudar de clube e estava ansiosa para saber um pouco mais sobre o rapaz.

- Mas eu recebi a proposta do Chelsea e isso nos levou para caminhos diferentes. Andrea não poderia desistir de tudo que tinha em Bilbao para se mudar comigo e tivemos que interromper nossa relação... - abaixou o olhar. - Acho que esse é o pior tipo de término, sabe? Aquele que não é por falta de amor, e sim por conta de obstáculos que impedem as duas pessoas de ficarem juntas.

A inglesa abriu e fechou a boca algumas vezes em busca das palavras adequadas para aquele momento, mas nada muito relevante saiu.

- Kepa... Eu sinto muito... Eu...

- Não precisa falar nada. Ouvir já basta - sorriu de lado. - Isso me fez aprender algo - às vezes, nós precisamos desistir de algumas coisas para conquistar outras. O destino nos separou, mas de certa forma, isso foi uma coisa boa, porque se ela tivesse vindo comigo, eu não teria conhecido você. Quer dizer, eu teria, mas... hum... você entendeu.

Serena riu do jeito atrapalhado do rapaz.

- Sim, eu enten-

- Espera, ainda não terminei - levantou o dedo indicador. - Não sei como entendeu, mas quero esclarecer que não quero usá-la apenas para preencher um buraco ou porque estou carente. O que quero dizer, é que eu passei quatro anos com alguém e não sentia metade do que sinto por você, mesmo a conhecendo em tão pouco tempo - passou a língua entre os lábios. - Eu não gosto de chá.

Serena tinha uma expressão confusa, pois não havia entendido o que aquela informação tinha a ver com o que o rapaz havia dito antes.

- Lembra de quando conversamos no quintal da casa do David?

- Lembra daquele dia? Achei que estivesse esquecido, por conta da bebida...

- É claro que me lembro. Não tem nenhum momento com você que eu não me lembre - Kepa viu Serena sorrir timidamente. - Mas o que quero dizer é que naquele dia eu vi que você tinha feito chá, e sabendo o quanto os ingleses gostam, eu tomei só para impressionar você - riu. - Não sei como isso aconteceu, Serena, ou porquê aconteceu tão rápido, mas estou completamente apaixonado por você.